CNBC
Segundo o Secretário de Comércio, Howard Lutnick, bens do acordo comercial USMCA estarão fora da tarifação por um mês

CNBCLutnick sugere que recusa de Lisa Cook em aceitar demissão por Trump reforça suspeita de fraude

Agro

Brasil já está no caminho para se tornar líder global em agricultura sustentável, diz Roberto Rodrigues

Publicado 07/01/2025 • 13:29 | Atualizado há 8 meses

Redação Times Brasil

KEY POINTS

  • Em entrevista ao jornal Real Time, do Times Brasil, Roberto Rodrigues, professor emérito da FGV e uma das maiores autoridades do setor agro, o país já está no caminho para se tornar líder global em agricultura sustentável.
  • Para o professor, o código ambiental brasileiro foi uma conquista importante para o setor, porque conseguiu conciliar interesses de ambientalistas e produtores rurais, mas que ainda não foi implementado.
  • Rodrigues reforça que apesar do ano de 2024 ter sido marcado por episódios de estiagem e inundações, as informações existentes até o momento são de normalidade climática.

Com a aproximação da COP30, o Brasil enfrenta o desafio de conciliar a preservação ambiental com a expansão agrícola sustentável. Para Roberto Rodrigues, professor emérito da FGV e uma das maiores autoridades do setor, o país já está no caminho para se tornar líder global nesta questão, e os números são muito claros nessa direção.

“No plano Collor (1990), houve uma ‘chacoalhada’ muito grande na questão da inflação no Brasil, e foi necessário a partir de então, avançar em tecnologia. De lá para cá, o agronegócio brasileiro teve um aumento de produção espetacular. A produção de grãos no Brasil aumentou 435%. Em área plantada, aumentou 115%. Isso é tecnologia que foi implementada por órgãos como Embrapa, além de órgãos de pesquisa privados que funcionam muito bem”, disse Rodrigues em entrevista ao jornal Real Time, do Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC.

O professor, que também é ex-ministro da agricultura no primeiro governo do presidente Lula (2003-2006), comentou que o código ambiental foi uma conquista importante para o agronegócio brasileiro, porque conseguiu conciliar interesses de ambientalistas e produtores rurais, criando um mecanismo interessante de funcionamento do setor. No entanto, ele ainda não foi implementado.

“Uma das coisas centrais do código florestal é o CAR – Cadastro Ambiental Rural, que tem aplicação feita pelos governos estaduais. Isso não foi feito ainda. O código florestal, embora seja muito bom e componha as forças, não está implementado, infelizmente”, disse Rodrigues.

“Tem problemas de legalidade. Desmatamento ilegal, invasão de terra, garimpo clandestino – tem que acabar. Tem que acabar com ilegalidades que não são cometidas por agricultores, mas que confundem o consumidor de fora. O concorrente usa essa informação que é verdadeira atribuindo isso ao produtor rural brasileiro. A imagem que é negativa fica ruim, porque nós somos sustentáveis de fato”, acrescentou o professor.

Ano de 2024 foi desafiador para o agro, mas tem avançado

O ano de 2024 foi bastante desafiador para o setor agro, com seca em várias regiões do país, além da inundação no Rio Grande do Sul. Entretanto, Rodrigues reforça que as informações existentes até o momento são de normalidade climática. “Há uma crescente onda de que o la niña vai afetar um pouco a safra no sul do país. Mas as informações para o país como um todo são melhores do que o ano passado”.

No geral, o professor afirma que o país tem trabalhado na tentativa de obter um setor mais sustentável, sobretudo com a agricultura regenerativa, que tem conquistado avanços.

“O Brasil é hoje o país que mais aumenta a produção e consumo de bioinsumos no mundo inteiro. A nossa produção aumenta mais de 15% ao ano. A do mundo é metade disso. Foi aprovada no final do ano passado uma nova lei para os bioinsumos, dando segurança ao processo, tranquilidade ao fabricante e ao produtor rural”

Políticas públicas para a agricultura no Brasil

Apesar da existência de políticas públicas para a agricultura no Brasil, Rodrigues afirma que alguns pontos ainda precisam de atenção, como logística e infraestrutura.

“O Brasil, até os anos 1970, era considerado costeiro, porque o consumo era costeiro. Com a ida para o centro-oeste, o mundo evoluiu muito e a produção hoje está por lá. Só que o trem não foi, a rodovia não foi, o porto não foi. Então tem um problema sério de logística, que precisa melhorar bastante. Nesse tema da logística, armazenagem é fundamental também”.

“A base do progresso é a tecnologia. Agora, por exemplo, temos uma clara evidência de mudanças climáticas, que podem criar problemas para a produção de alguns grãos. A genética pode resolver esse problema de maneira fundamental, além de acordos comerciais”, finalizou o professor.

Juliana Colombo

Juliana Colombo é jornalista especializada em economia e negócios. Já trabalhou nas principais redações do país, como Valor Econômico, Forbes, Folha de S. Paulo e Rede Globo.

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no

MAIS EM Agro