Enquanto o presidente Donald Trump prepara a próxima fase da guerra comercial dos Estados Unidos, com tarifas sobre o México e o Canadá definidas para a próxima terça-feira (4), novas tarifas sobre a China e tarifas da União Europeia a caminho, as ferrovias de carga dos EUA preparam-se para um impacto que atinge o coração de uma vasta rede de tráfego que liga as economias mundiais.
Em 2024, as ferrovias dos EUA movimentaram cerca de US$ 203,1 bilhões em comércio nas fronteiras com o Canadá e o México, de acordo com um novo relatório da Association of American Railroads (AAR).
A divisão entre as nações é quase igual, de acordo com dados do Bureau of Transportation Statistics: US$ 104,8 bilhões em comércio EUA-Canadá (66% de importações, 34% de exportações) e US$ 98,3 bilhões em comércio EUA-México (65% de exportações, 35% de importações).
O grupo ferroviário afirmou que o seu investimento em infraestruturas de transporte requer uma economia em crescimento.
“Quando a economia vai bem, nós vamos bem e o nosso objetivo é fazer investimentos para impulsionar o crescimento econômico”, disse Ian Jefferies, CEO da AAR. “O comércio é uma parte fundamental disso, quer se trate de exportações para os nossos parceiros norte-americanos ou de importações provenientes dos nossos portos”.
Em 2023, o transporte ferroviário dos EUA gerou US$ 233,4 bilhões em produção econômica total, com mais de US$ 50 bilhões em valor acrescentado direto ao PIB, de acordo com a AAR. (Os dados de 2024 sobre o impacto no PIB não estarão disponíveis até ao quarto trimestre deste ano).
O setor manteve 749.400 empregos em 2023, gerando US$ 66,1 bilhões em rendimento familiar.
Os cinco estados que têm o maior índice de emprego ferroviário de carga são Texas, Illinois, Nebraska, Califórnia e Geórgia. O Texas está no topo da lista de empregos, já que o estado administra quase 90% dos trens transfronteiriços EUA-México em suas quatro travessias.
A AAR diz que as ferrovias investiram cerca de US$ 26,8 bilhões em sua rede no ano passado, “e isso é quase inteiramente capital privado voltando para nossa infraestrutura para facilitar os movimentos internacionais”, disse Jefferies.
Os projetos incluem a Ponte Laredo e a Ponte Ferroviária Internacional Ottensmeyer, da Canadian Pacific Kansas City Limited, a ferrovia Barstow International Gateway, da Berkshire Hathaway, e o serviço intermodal Falcon Premium, do Grupo Mexico Transportes, Union Pacific e CN, operando entre Canadá, EUA e México,
Os projetos de infraestruturas geraram milhares de empregos e bilhões em investimentos, de acordo com a AAR. A Union Pacific também está investindo em novas rampas intermodais em Phoenix, Kansas City e Salt Lake City. Em Maryland, a empresa ferroviária CSX e parceiros públicos estão reconstruindo o Howard Street Tunnel para acomodar o tráfego de via dupla e movimentar contêineres para fora do porto de Baltimore com mais rapidez e para fora da estrada.
“Estamos vendo investimentos e produtos de serviços serem colocados online como um mercado internacional para garantir que a América mantenha a sua competitividade global e que a nossa economia esteja preparada para crescer e empurrar produtos em ambas as direções”, disse Jefferies.
Com base em dados comerciais, o corredor ferroviário EUA-Canadá é um importante canal para componentes de automóveis, produtos petrolíferos, florestais e químicos, refletindo a profunda integração industrial entre as duas economias. O comércio na fronteira dos EUA e do México, de acordo com o relatório da AAR, inclui volumes significativos de produtos automotivos, produtos agrícolas e materiais industriais.
O comércio entre as fronteiras é movimentado ao longo de 23 travessias ferroviárias EUA-Canadá e 7 travessias EUA-México. Seguindo Jefferies, cada local proporciona uma injeção econômica nas economias locais.
“O desenvolvimento industrial é um motor econômico fundamental”, disse Jefferies.
A empresa ferroviária Norfolk Sul registrou, em 2024, 4,3 bilhões de dólares em investimentos de desenvolvimento industrial na sua rede de 149 projetos.
A maior parte do comércio (até 70%) movimentado por transporte ferroviário de mercadorias envolve países de fora da América do Norte. A gama de mercadorias é vasta. Os produtos químicos (17% importados e exportados) incluem etanol, plásticos e produtos químicos industriais essenciais para a produção global. Quase 40% das exportações de grãos dos EUA são transportadas por ferrovia para os portos ou fronteiras terrestres. Também são transportados por ferrovia: metais, incluindo minério de ferro e sucata, e minerais (15%).
Servindo a fronteira Canadá-EUA, Illinois abriga o centro ferroviário mais movimentado do mundo em Chicago: seis ferrovias Classe I, 40 ferrovias de linhas curtas e uma extensa rede de terminais intermodais e pátios de classificação que movimentam o comércio nacional e internacional. Em 2023, a atividade ferroviária em Illinois contribuiu com US$ 4,7 bilhões para a renda familiar e gerou 38.600 empregos adicionais em vários setores.
Na Costa Oeste, a Califórnia liga os EUA aos mercados globais através dos seus portos da Costa Oeste. Cerca de 7 mil funcionários ferroviários de carga trabalham no estado, auxiliando na movimentação de contêineres intermodais, bens de consumo, produtos alimentícios e produtos químicos.
“Estamos todos cientes dos desafios que a cadeia de abastecimento global sentiu há alguns anos”, disse Jefferies. “Estamos vendo volumes no mesmo nível, mas mantendo um nível de serviço muito alto. Acredito que as ferrovias demonstraram disposição e capacidade para atender à demanda imediata, mas também estão preparando nossos clientes e empresas para o sucesso a longo prazo, fazendo investimentos agora para apoiar o aumento esperado da demanda no futuro.”
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