O CEO da Lego, Niels Christiansen, afirmou que as ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não são motivo de preocupação para a companhia. A declaração foi dada nesta terça-feira (11), no mesmo dia em que a maior fabricante de brinquedos do mundo divulgou lucro recorde em 2024.
As vendas globais da Lego cresceram 13%, atingindo 74,3 bilhões de coroas dinamarquesas (cerca de US$ 10,8 bilhões), enquanto o lucro líquido avançou 5%, chegando a 13,8 bilhões de coroas.
“Somos uma marca relevante e conseguimos despertar a paixão de diferentes grupos de consumidores, o que tem funcionado bem no mundo todo”, disse Christiansen à agência AFP.
Apesar do forte desempenho, o executivo mantém cautela diante das incertezas geopolíticas e das políticas comerciais de Trump.
Tarifas dos EUA não preocupam a Lego
A Lego possui uma fábrica no México, responsável pelo abastecimento do mercado norte-americano, e está construindo uma nova unidade nos Estados Unidos, que deve entrar em operação em 2027.
Trump suspendeu temporariamente a aplicação de tarifas sobre produtos fabricados no México, mas ameaçou impor novas tarifas sobre mercadorias vindas da União Europeia.
“No momento, não há tarifas. Se elas forem implementadas e se tornarem permanentes, encontraremos formas de lidar com isso”, afirmou Christiansen, destacando que esse não é um problema que “tira seu sono”.
O CEO ressaltou que a Lego já enfrentou oscilações comerciais antes e sempre soube reagir sem exageros. Ele também minimizou o impacto das tarifas no desempenho da empresa. “Para nós, ganhar participação de mercado é muito mais importante do que pagar ou não tarifas”, destacou.
Lego cresce em um mercado em retração
O sucesso da Lego contrasta com o desempenho do mercado de brinquedos como um todo. Enquanto as vendas da empresa aumentaram 12%, o setor registrou uma contração de 1%.
“Nos últimos cinco anos, o mercado de brinquedos praticamente não cresceu, ou cresceu apenas alguns pontos percentuais. Já crescemos 12%, 13%, 14% ao ano”, disse Christiansen.
Inovação e relevância garantem crescimento
Em 2024, a Lego lançou 840 produtos, dos quais 46% eram novidades. A empresa mantém sua relevância ao se associar a grandes franquias, como Lego Star Wars e Harry Potter, além de parcerias estratégicas, como a colaboração com o Fortnite.
“Queremos ser relevantes tanto para crianças quanto para adultos”, explicou Christiansen. “Isso significa estar presente nos temas que despertam interesse, como esportes e videogames.”
Segundo ele, a força da marca Lego atrai parceiros de peso. “A vantagem de ter um nome tão forte é que outras marcas querem trabalhar conosco.”
O crescimento da Lego foi amplo, sem depender de um único mercado ou produto. No entanto, a empresa teve maior demanda nas Américas, Europa e Oriente Médio, enquanto a expansão na Ásia tem sido mais lenta, apesar dos investimentos significativos na região.
“Nos EUA, ganhamos mais espaço nas prateleiras e mais consumidores se interessaram pela marca Lego. Se for necessário levar alguns anos para que a China volte a crescer, podemos nos dar esse tempo”, afirmou o CEO.
Sustentabilidade em foco
A Lego também vem ampliando seus esforços em sustentabilidade. A empresa revelou que 50% dos materiais usados em seus produtos já são de origem sustentável.
Embora não tenha divulgado o valor total investido nessa área, informou que os aportes em projetos sustentáveis aumentaram 68% em relação ao ano anterior.
O compromisso ambiental é parte da estratégia de longo prazo da companhia, cujo nome vem da expressão dinamarquesa “leg godt”, que significa “brincar bem”.
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