CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, diz que tarifas de Trump vão aumentar a inflação e desacelerar economia dos EUA
Publicado 07/04/2025 • 10:51 | Atualizado há 10 horas
Tarifas de Trump não poupam nenhum país — 5 locais inusitados atingidos por taxas, incluindo uma ilha desabitada
O que Trump diz que está tentando alcançar com as tarifas
Zuckerberg, Bezos e Musk perdem mais de US$ 23 bilhões cada após tarifas de Trump provocarem colapso do mercado
Meta lança novos modelos Llama 4, mas o modelo de IA mais poderoso ainda está por vir
Carregamento rápido da BYD sob suspeita: o que dizem os especialistas
Publicado 07/04/2025 • 10:51 | Atualizado há 10 horas
KEY POINTS
CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon.
World Economic Forum - Flickr: The Global Financial Context: James Dimon via Wikimedia
O CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, afirmou nesta segunda-feira (7) que as tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump na semana passada provavelmente vão elevar os preços de produtos nacionais e importados, pressionando ainda mais a economia dos Estados Unidos, que já vinha desacelerando.
Dimon, de 69 anos, comentou a política tarifária divulgada por Trump em 2 de abril em sua tradicional carta anual aos acionistas — documento amplamente acompanhado por investidores por trazer análises sobre o cenário econômico, propostas para os desafios dos EUA e reflexões sobre gestão eficiente.
“Independentemente do que se pense sobre as razões legítimas para as novas tarifas — e, claro, há algumas — ou sobre seus efeitos de longo prazo, sejam bons ou ruins, é provável que haja impactos importantes no curto prazo”, escreveu Dimon. “Devemos observar efeitos inflacionários não apenas sobre bens importados, mas também sobre os preços internos, à medida que os custos de produção aumentam e a demanda por produtos nacionais cresce.”
“Se o conjunto de tarifas levará ou não a uma recessão ainda é incerto, mas certamente vai desacelerar o crescimento”, acrescentou.
Dimon é o primeiro CEO de um grande banco de Wall Street a comentar publicamente a abrangente política tarifária de Trump, em um momento de forte instabilidade nos mercados globais.
Embora o presidente do JPMorgan costume usar sua carta para destacar riscos geopolíticos e financeiros, a edição deste ano chega em um momento particularmente turbulento. Desde o anúncio de Trump, as bolsas vêm caindo vertiginosamente, marcando a pior semana para os índices norte-americanos desde o início da pandemia de Covid-19, em 2020.
As declarações contrastam com comentários feitos por Dimon em janeiro, quando disse que as pessoas deveriam “superar” a preocupação com tarifas, pois elas seriam positivas para a segurança nacional. Na época, os níveis de tarifa em discussão eram muito inferiores aos anunciados na última semana.
Segundo Dimon, a nova política tarifária de Trump gerou “muitas incertezas”, incluindo impactos sobre o fluxo global de capitais, o valor do dólar, os lucros corporativos e a resposta de parceiros comerciais.
“Quanto mais rápido esse tema for resolvido, melhor — porque alguns dos efeitos negativos se acumulam ao longo do tempo e podem ser difíceis de reverter”, alertou. “No curto prazo, vejo isso como mais um peso significativo nas costas de um sistema já sobrecarregado.”
Embora a economia dos EUA tenha apresentado bom desempenho nos últimos anos, impulsionada por quase US$ 11 trilhões em gastos e empréstimos governamentais, ela já vinha “enfraquecendo” nas últimas semanas, mesmo antes do anúncio de Trump, segundo Dimon. A inflação deve se mostrar mais persistente do que muitos preveem, o que significa que os juros podem permanecer altos mesmo com a desaceleração econômica, apontou.
“A economia enfrenta uma turbulência considerável (incluindo fatores geopolíticos), com aspectos potencialmente positivos como a reforma tributária e a desregulamentação, e aspectos negativos como as tarifas e possíveis ‘guerras comerciais’, inflação resistente, déficits fiscais elevados e preços de ativos ainda altos e voláteis”, escreveu o executivo.
Desde pelo menos 2022, Dimon vem adotando um tom de cautela, quando alertou que um “furacão” se aproximava da economia dos EUA por causa do fim dos estímulos do Federal Reserve e da guerra na Ucrânia. Ainda assim, sustentada por altos gastos do governo e dos consumidores, a economia americana contrariou expectativas até agora. A eleição de Trump, em novembro, inicialmente elevou o otimismo quanto ao que um governo pró-crescimento poderia realizar.
Na carta desta segunda-feira, Dimon adotou um tom mais sombrio, considerando o quanto as ações já caíram desde suas máximas recentes. Para ele, tanto os preços dos papéis quanto os spreads de crédito ainda parecem excessivamente otimistas.
“Os mercados ainda parecem precificar os ativos como se fôssemos ter um pouso suave”, disse Dimon. “Não estou tão certo disso.”
Sob a liderança de Dimon nas últimas duas décadas, o JPMorgan se tornou o maior banco dos Estados Unidos em ativos e valor de mercado. Segundo ele, 2023 foi o sétimo ano consecutivo de receita recorde.
Mas o desempenho do banco depende “da saúde de longo prazo dos Estados Unidos, internamente, e do futuro do mundo livre e democrático”, afirmou. Para Dimon, tanto o país quanto o mundo vivem hoje uma “encruzilhada crítica”.
Embora o nome de Trump não apareça uma vez sequer nas 59 páginas da carta, Dimon endossou algumas das prioridades do presidente, como a questão migratória, os desequilíbrios comerciais — especialmente com a China — e a desregulamentação.
Ainda assim, defendeu reformas profundas e o fortalecimento do sistema global que garantiu décadas de paz e prosperidade sob a liderança dos EUA desde o fim da Segunda Guerra Mundial — em vez de abandonar essa ordem.
“Se tiverem a chance, é exatamente isso que nossos adversários desejam: desmontar as extensas alianças militares e econômicas que os Estados Unidos e seus aliados construíram”, alertou Dimon.
“No mundo multipolar que surgiria em seguida, cada nação estaria por conta própria — o que daria aos nossos adversários a oportunidade de ditar as regras e usar coerção militar e econômica para alcançar seus objetivos.”
Dimon propôs algumas ações para enfrentar os desafios atuais, como restaurar o orgulho cívico, reconhecer e lidar com problemas como imigração e políticas comerciais injustas com bom senso, além de manter as forças armadas dos EUA “a qualquer custo”.
“A economia é o elo de longa data, e ‘América em primeiro lugar’ está tudo bem”, afirmou Dimon. “Desde que isso não se transforme em ‘América sozinha’.”
—
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, TCL Channels, Pluto TV, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
Mais lidas
Acompanhe a cobertura em tempo real da Guerra Tarifária
Bolsas da Ásia desabam com guerra comercial; Hong Kong cai 13%, maior tombo desde a crise de 1997
Trump considera pausa de 90 dias nas tarifas; Casa Branca diz que é 'fake news'
Executiva Mônica Monteiro assume vice-presidência Comercial e cria nova estrutura no maior canal de negócios do Brasil
Trump está perdendo a confiança de líderes empresariais, diz bilionário Bill Ackman