Trump está apenas seguindo seu próprio manual
Publicado 11/04/2025 • 16:39 | Atualizado há 4 dias
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Publicado 11/04/2025 • 16:39 | Atualizado há 4 dias
Foto: reprodução/Casa Branca
Por mais caóticas que possam parecer as ações recentes do presidente Donald Trump no que diz respeito à política tarifária dos Estados Unidos, é difícil classificá-las como surpreendentes. O aumento abrupto das tarifas sobre produtos chineses para 125%, a imposição de uma tarifa global de pelo menos 10% para todos os demais países, e as pausas e retomadas de medidas em questão de dias não são incoerências aleatórias — são, na verdade, o reflexo direto de uma filosofia de negociação que Trump vem proclamando há décadas, inclusive em seus livros.
Em A Arte da Negociação, seu best-seller de 1987, Trump escreve: “O elemento-chave da negociação é ser imprevisível. Se você for previsível, você já perdeu.”
Nos últimos dias, a imprevisibilidade se tornou o principal ingrediente da política comercial dos Estados Unidos. Em poucas horas, o mercado viu as bolsas americanas despencarem em razão da escalada na guerra comercial com a China — com o Dow Jones caindo mais de 4.500 pontos em quatro dias, o S&P 500 quase entrando em bear market e a Nasdaq perdendo mais de 13% no mesmo período — apenas para, no dia seguinte, ver uma disparada histórica: S&P 500 subindo 9%, Nasdaq saltando 12%, e os índices asiáticos acompanhando o movimento com ganhos de até 9%.
Esse vai-e-vem mostra claramente o impacto que essa abordagem “à la Trump” pode ter sobre a confiança dos investidores e a estabilidade dos mercados, como destacou o CEO da BlackRock, Larry Fink. “Estamos muito perto, se não dentro, de uma recessão agora. A incerteza está dominando as conversas com os clientes”, disse em uma entrevista recente.
Para Fink, a suspensão temporária das tarifas por 90 dias anunciada por Trump não é suficiente para restaurar a confiança. O mercado, como um organismo sensível, reage não apenas aos números, mas à previsibilidade das regras do jogo. E Trump, deliberadamente, joga fora do manual tradicional.
A presidente do Fed de Boston, Susan Collins, também ressaltou o impacto dessas tarifas sobre a inflação e os preços internos, principalmente ao lembrar que 44% das importações americanas são de bens intermediários — ou seja, insumos essenciais para a produção local. A alta nos preços, portanto, será sentida não apenas nos produtos chineses finais, mas em toda a cadeia produtiva.
Ainda assim, Trump parece seguir fiel a uma convicção antiga e expressa com clareza em Time to Get Tough, livro de 2011: “A China está nos roubando. Precisamos enfrentar a realidade e usar todas as armas que temos para proteger nossos empregos.”
Esse posicionamento não apenas foi mantido, como radicalizado. Mesmo diante da resposta dura de Pequim — que elevou tarifas para 84% e prometeu “lutar até o fim” — Trump dobrou a aposta. E quando questionado sobre a escalada, sua secretária de imprensa, Karoline Leavitt, respondeu com a lógica trumpiana clássica: “Eles erraram ao retaliar.”
Há também um forte elemento teatral em sua abordagem. Trump sempre valorizou o "drama" como ferramenta de poder. Em Think Big, ele afirma: “As pessoas pensam que negociação é apenas lógica. Mas boa parte dela é espetáculo. É preciso ser ousado e fazer barulho.”
O barulho está feito — e custando bilhões de dólares em volatilidade nos mercados. Analistas, investidores institucionais e autoridades monetárias vêm clamando por previsibilidade, moderação e coordenação internacional. A Europa, por sua vez, já começa a estudar contramedidas, avaliando retaliar com tarifas de 25% sobre uma série de produtos americanos.
Trump vai ceder à pressão?
A resposta mais provável, à luz do seu histórico e das ideias que defende há décadas, é não. Trump acredita profundamente que a força econômica dos Estados Unidos lhe permite ditar as regras. Em seu livro “Crippled America”, ele escreve: “Os outros países precisam de nós mais do que nós precisamos deles. É hora de eles entenderem isso.”
Seguir os conselhos do mercado, agir com cautela diplomática e buscar o consenso global não parece estar em seu DNA político. Se a história serve de guia, Trump seguirá testando os limites, dobrando a aposta, e usando as reações como prova de que sua estratégia está funcionando.
Contudo, o próprio mercado já deu sua resposta: ele é sensível, impaciente e punitivo diante da incerteza. A cada movimento abrupto, Trump arrisca transformar a maior economia do mundo em um campo minado de insegurança. E, como alertou Larry Fink, pode estar prestes a entrar em território recessivo.
No final das contas, a questão central não é se Trump está sendo coerente com seus ideais — ele está. O dilema é: será que essa coerência vale o preço que a economia global pode pagar?
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