Presidente Donald Trump durante anúncio de tarifas em 2 de abril de 2025.

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Tarifas do Trump

Vendedores recuam no Prime Day da Amazon por causa das tarifas de Trump

Publicado 28/04/2025 • 09:26 | Atualizado há 5 horas

Redação Times Brasil

KEY POINTS

  • O Prime Day da Amazon, um dos maiores eventos de compras do ano, pode perder força em 2025.
  • Um número crescente de vendedores terceirizados está desistindo de participar ou reduzindo o volume de produtos com desconto por conta das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre mercadorias chinesas.
  • Segundo quatro lojistas e seis consultores que atuam junto a centenas de vendedores da Amazon, o movimento é uma tentativa de preservar margens de lucro diante da guerra comercial deflagrada pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Pacotes da Amazon

Pacotes passam por uma esteira rolante durante a Cyber ​​​​Monday, um dos dias mais movimentados da empresa em um centro de distribuição da Amazon em 2 de dezembro de 2024 em Orlando, Flórida.

Miguel J. Rodriguez Carrillo | Getty Images (Reprodução CNBC Internacional)

O Prime Day da Amazon, um dos maiores eventos de compras do ano, pode perder força em 2025. Um número crescente de vendedores terceirizados está desistindo de participar ou reduzindo o volume de produtos com desconto por conta das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre mercadorias chinesas.

Segundo quatro lojistas e seis consultores que atuam junto a centenas de vendedores da Amazon, o movimento é uma tentativa de preservar margens de lucro diante da guerra comercial deflagrada pelo presidente norte-americano Donald Trump.

Entre os afetados está Steve Green, que comercializa bicicletas de US$ 230 e skates de US$ 60 fabricados na China. Pela primeira vez, desde 2020, ele não participará do Prime Day. Green decidiu estocar produtos importados antes da vigência das novas tarifas, que chegaram a 145%, para vendê-los a preço cheio no futuro. “Importar agora se tornou inviável”, disse.

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Situação semelhante enfrenta Kim Vaccarella, CEO da Bogg Bag, fabricante de bolsas que custam de US$ 70 a US$ 200 na Amazon. A executiva também optou por pular o Prime Day, preferindo vender o estoque remanescente em lojas como Macy’s, Bloomingdale’s e Dick’s Sporting Goods, a preços integrais ou com pequenos descontos. Ela também suspendeu a produção na China e iniciou a transferência para fábricas no Camboja e no Vietnã.

Embora a participação no Prime Day seja opcional, a Amazon investe milhões em publicidade para atrair vendedores, prometendo ampla exposição a seus mais de 200 milhões de assinantes Prime. Entretanto, as tarifas sobre produtos chineses colocaram a companhia em uma posição delicada, avalia Arun Sundaram, analista da CFRA Research.

“A Amazon vai se sair bem, mas muitos vendedores terceirizados serão prejudicados”, afirmou Sundaram à Reuters.

Em comunicado, a Amazon afirmou que está vendo uma “forte adesão dos parceiros de venda ao Prime Day 2025”.

O prazo para confirmar a participação no evento termina em 23 de maio. A desistência de parte dos vendedores pode resultar em menos taxas e receitas de publicidade para a Amazon, além de reduzir a oferta de produtos promocionais. Em edições anteriores, o Prime Day impulsionou significativamente as vendas e o número de assinaturas Prime, atualmente em US$ 14,99 mensais ou US$ 139 anuais.

Rick Sliter, CEO da MedCline, que vende travesseiros terapêuticos de US$ 250 fabricados na China e no Vietnã, também deve adiar promoções neste ano. “No ano passado, o Prime Day foi um sucesso absoluto”, disse à agência de notícias. “Mas, com essas tarifas, os descontos se tornam inviáveis.”

A pressão nas margens de lucro é grande. Segundo consultores, vendedores costumam lucrar apenas entre 15% e 20% do valor das vendas após custos e taxas da Amazon. A empresa cobra comissão de 15% sobre cada unidade vendida, além de valores adicionais para destacar produtos durante o Prime Day: US$ 1.000 para o selo “Best Deal” ou US$ 500 para “Lightning Deal”.

Adam Wilkens, consultor de cerca de 30 vendedores da Amazon, afirma que muitos ainda não conseguiram ajustar seus preços para absorver as novas tarifas. “Alguns nem conseguem pensar em Prime Day agora.”

Em 2024, os consumidores americanos gastaram US$ 14,2 bilhões no Prime Day, alta de 11% em relação ao ano anterior, segundo a Adobe Analytics. A Amazon ainda não anunciou a data exata para o evento deste ano, mas confirmou que ele ocorrerá em julho e terá duração de quatro dias.

Green, o vendedor de bicicletas, lembra que no ano passado gastou entre US$ 200 e US$ 500 em taxas da Amazon e concedeu descontos entre US$ 3.000 e US$ 5.000. Este ano, porém, considera o risco alto demais.

Nem todo o estoque vendido na Amazon vem de terceiros. A empresa também possui acordos diretos com fornecedores, como a fabricante de brinquedos Hasbro. Boa parte desses produtos também é fabricada na China.

Em entrevista à CNBC, o CEO da Amazon, Andy Jassy, afirmou que a companhia está realizando “compras estratégicas antecipadas de estoque” e renegociando condições com fornecedores para tentar manter os preços baixos, mas admitiu que espera repasses de custos aos consumidores.

A Amazon também iniciou uma pesquisa com grandes fornecedores e vendedores terceirizados para entender o impacto das tarifas.

Segundo a Marketplace Pulse, vendedores terceirizados responderam por quase 62% das unidades vendidas na Amazon no quarto trimestre de 2024.

Enquanto alguns desistem do Prime Day, outros tentam estratégias como aumento de preços, corte de investimentos em publicidade ou importações graduais para amortecer os impactos das tarifas.

Michael Slate, dono da KitchenEdge, especializada em produtos para casa, também deve reduzir sua participação no evento. “Com tanta incerteza, não posso oferecer 20% de desconto sem saber quanto vai custar meu produto no futuro”, disse à Reuters.

“Quase todos os meus clientes estão recuando nas ofertas de Prime Day”, afirmou Jon Elder, consultor de 100 vendedores da Amazon. “O momento é difícil. Muitas decisões duras estão sendo tomadas.”

* Com informações da Reuters

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