Há mais de 60 anos, os alto-falantes da Auratone podem ter ajudado a dar vida a algumas das suas músicas favoritas.
Fundada em 1958, a Auratone é a empresa por trás do alto-falante 5C, que se tornou uma referência para engenheiros de estúdio na década de 1970 e foi usado para mixar o álbum “Thriller” de Michael Jackson. Até hoje, a empresa afirma que engenheiros de áudio usaram os alto-falantes da Auratone para mixar músicas de artistas como Paul McCartney, ABBA, Lady Gaga, Taylor Swift e outros.
Como muitas outras pequenas empresas americanas, a Auratone, que é gerida pela família, teve que lidar com novas realidades complicadas e caras devido às novas tarifas do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diz Alex Jacobsen, presidente e proprietário da empresa, e neto do fundador da Auratone, Jack Wilson.
Jacobsen, de 35 anos, estima que cerca de metade das peças de cada alto-falante, algumas das quais não estão mais disponíveis nos EUA, são obtidas do exterior, incluindo China e Europa. Os produtos da empresa são então fabricados em Nashville ou Minnesota antes de serem enviados para clientes em todo os EUA e ao redor do mundo. Aproximadamente 60% dos clientes da Auratone são internacionais, afirma Jacobsen.
Isso significa que, devido aos países introduzirem suas próprias tarifas retaliatórias sobre importações americanas, a Auratone será afetada “de ambos os lados” ao trazer peças para fabricação e vender para clientes no exterior, diz Jacobsen.
‘Não podemos dobrar o preço dos nossos alto-falantes’
Esta não é a primeira vez que Jacobsen teve que integrar tarifas em seu modelo de negócios. A partir de 2018, durante o primeiro governo de Trump, algumas das peças que compõem um alto-falante Auratone estavam sujeitas a uma tarifa de 25% para serem importadas da China, diz Jacobsen.
A medida aumentou os custos da empresa de forma nominal, mas eles não aumentaram os preços para os clientes, segundo Jacobsen. Ele diz que a situação atual é mais grave. As peças que ele importa do exterior agora estão sujeitas a uma nova tarifa universal de 10%, e possivelmente tarifas mais altas para determinados países após uma pausa temporária prevista para ser levantada em julho. Além disso, há a enorme tarifa de 145% sobre bens vindos da China, que entrou em vigor no dia 2 de abril e foi suspensa esta semana.
Enquanto os EUA e a China concordaram na última segunda-feira (12) em pausar a maioria das tarifas sobre os bens um do outro por 90 dias, conforme relata a CNBC, Jacobsen diz que sua empresa deverá pagar mais US$ 20 mil (aproximadamente R$ 113 mil, na cotação atual), se não mais, em novos impostos de importação devido às negociações comerciais em andamento.
“Você consegue absorver um aumento de 10% a 15%, mas quando você recebe um impacto de 170%, a história é outra”, diz Jacobsen, explicando o efeito cumulativo da recente tarifa de 145% sobre as tarifas já existentes de 25% em peças chinesas para sua empresa.
“Se você começa a adicionar isso em toda a cadeia e com as tarifas retaliatórias — não podemos dobrar o preço dos nossos alto-falantes,” diz Jacobsen.
Os alto-falantes principais da Auratone atualmente custam US$ 749 (R$ 4.224) o par.
Jacobsen se pergunta o que acontecerá após a pausa de 90 dias. O presidente Donald Trump afirmou que as tarifas sobre a China não voltariam a 145%, mesmo se um acordo de longo prazo não puder ser alcançado uma vez que a pausa de 90 dias expirar, conforme relata a CNBC.
“Mas elas aumentariam substancialmente”, acrescentou Trump.
Alguns compradores internacionais começaram a estocar equipamentos da Auratone, diz Jacobsen.
A Auratone gera cerca de US$ 400 mil (R$ 2,25 milhões) em vendas por ano, de acordo com documentos revisados pela CNBC Make It. Em abril, a empresa estava se aproximando de US$ 200 mil (R$ 1,13 milhão) em vendas, já que os compradores adiantaram suas compras, possivelmente preocupados que novas tarifas fariam os preços da Auratone subir.
Tarifas podem levar empresas como a Auratone a fabricar no exterior
Trump diz que a política de tarifas de seu governo protegerá empregos nos EUA e incentivará mais empresas a trazer seus esforços de fabricação para o país. Jacobsen diz que as tarifas podem ter o efeito oposto.
Entre seus muitos cenários de como manter o negócio vivo, um é transferir a fabricação da Auratone para o exterior, provavelmente para a Europa. Jacobsen diz que cerca de 35% de sua base de clientes está lá, e a empresa poderia então se beneficiar de acordos de livre comércio dentro da União Europeia, Reino Unido e novos parceiros comerciais.
Jacobsen não está sozinho. A maioria das empresas (57%) dizem que os altos custos as impedirão de mover a fabricação de volta para os EUA, de acordo com uma pesquisa da CNBC Supply Chain com 380 empresas realizada no início de abril. Se elas trouxerem a fabricação para os EUA, 81% esperam automatizar mais o trabalho em vez de contratar pessoas para empregos.
Enquanto isso, aproximadamente metade das empresas disseram que construir uma nova cadeia de suprimentos doméstica pelo menos dobraria seus custos atuais. Pouco mais de 60% disseram que seria mais econômico mover suas cadeias de suprimento para países com tarifas mais baixas.
Alguns donos de pequenas empresas contestaram as novas tarifas. Um grupo de cinco pequenas empresas processou o governo Trump no dia 14 de abril, buscando bloquear as novas tarifas, conforme relata a CNBC, alegando que Trump usurpou ilegalmente o poder do Congresso de impor tarifas, ao afirmar que déficits comerciais com outros países constituem uma emergência.
Na semana seguinte, um tribunal federal dos EUA decidiu que as tarifas permaneceriam em vigor, dizendo que as empresas não demonstraram que seriam imediatamente prejudicadas por novos impostos sobre importações, conforme relata a Reuters.
Leia mais:
Acompanhe a cobertura em tempo real da Guerra Tarifária
Brics criticam tarifas e protecionismo dos EUA e defendem ‘resposta conjunta’ às tensões atuais
‘Parte do legado [familiar] do negócio é construir isso aqui’
Jacobsen ainda tem esperança de manter parte da linha de produção da Auratone nos EUA.
“Parte do legado do negócio é construir isso aqui, e tem sido meu sonho e minha inspiração continuar fazendo isso”, diz Jacobsen. “Mas se isso nos forçar a uma situação onde temos [que mover a fabricação para o exterior], então faremos o que temos que fazer. Mas não é minha preferência”.
Jacobsen, que assumiu a empresa de seu avô há cerca de uma década, diz que preferiria ver o governo federal fornecer outros incentivos para pequenas empresas que fabricam nos EUA, como oferecendo isenções fiscais. Ele observa que seu avô construiu a Auratone com fundos do GI Bill após servir na Segunda Guerra Mundial.
“Parece-me que haveria maneiras mais fáceis de incentivar a fabricação aqui, se essa fosse realmente a intenção”, diz Jacobsen.
—
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
