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Economia Brasileira

Mercado de livros começa o ano com receita 3,3% maior sobre 2024 e tem TikTok como aliado

Publicado 30/06/2025 • 07:13 | Atualizado há 2 meses

Agência DC News

KEY POINTS

  • Dante Cid, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel): “Mercado se concentra em nichos de sucesso. Não é boa notícia”
  • Até a última semana de março deste ano a venda de livros está maior em relação ao mesmo período do ano passado.
  • No ano passado, o Brasil produziu 366,3 milhões de exemplares (+14,5% sobre 2023).
"Quando há boom de bestseller, a Ficção sobe. Na calmaria, a Não Ficção preenche esse espaço"

"Quando há boom de bestseller, a Ficção sobe. Na calmaria, a Não Ficção preenche esse espaço"

JL Ribas-Snel/Divulgação

No ano passado, o Brasil produziu 366,3 milhões de exemplares (+14,5% sobre 2023). Até a última semana de março deste ano a venda de livros está maior em relação ao mesmo período do ano passado tanto em valores (R$ 779,4 milhões x R$ 754,7 milhões, alta de 3,3%) quanto em volume (14,1 milhões x 13,8 milhões, alta de 2,0%), segundo o mais recente Painel do Varejo de Livros no Brasil — feito pela Nielsen BookData em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), que tem mais de 500 empresas associadas.

Os dados refletem as vendas realizadas em lojas físicas e virtuais, e não incluem transações das editoras para outros canais, como vendas diretas ao consumidor, a atacadistas ou ao governo. “O mercado se concentra em nichos de sucesso. Não é uma boa notícia”, afirmou o presidente do Snel, Dante Cid, em entrevista à Agência DC News.

Outro ponto negativo é a queda na bibliodiversidade (número de ISBNs) de 15,25% neste começo de ano. Para Cid, isso reflete preocupação com a situação econômica, uma vez que as editoras reduzem o número de novos lançamentos.

Segundo ele, o papel das pequenas editoras e da publicação autônoma é essencial para reverter essa tendência. “Diversos segmentos da sociedade ainda precisam aparecer através da literatura”, afirmou. Por outro lado, há boas notícias vindas de onde não se esperava: o universo digital. Ele cita o sucesso do BookTok, nicho de literatura no TikTok (no domingo, 29, havia 58,7 milhões de postagens com a hashtag BookTok) .

“O que era uma ameaça virou ferramenta de promoção da leitura.” Soma-se a isso o papel das feiras literárias, que segundo Cid representam 2% do total das vendas no setor durante o ano. “A última Bienal [do Rio de Janeiro] teve média de nove livros vendidos por visitante, muito mais que o habitual.” Confira a entrevista a seguir.

AGÊNCIA DC NEWS – Houve algo incomum que causou o crescimento tanto na receita quanto em volume de vendas no acumulado dos últimos 12 meses?
DANTE CID –
 Sim, o dos livros de colorir. Estão vendendo bastante. Neste primeiro semestre esse nicho está sendo de muita força.

AGÊNCIA DC NEWS – A gente poderia dizer que isso distorce os resultados?
DANTE CID –
 Não tanto uma distorção, porque isso é parte do sistema do livro. Há momentos de boom de alguns títulos e momentos de calmaria. É perfeitamente natural. Cada ano há um exemplo diferente. Este ano é a vez dos livros de colorir.

AGÊNCIA DC NEWS – Mas pessoas têm conseguido comprar mais. Por quê?
DANTE CID –
 Temos nos debruçado bastante sobre isso. Porque temos pesquisa que indica redução do número de leitores. Isso nos leva a crer que aquele público que se mantém leitor tem conseguido ler mais.

AGÊNCIA DC NEWS – Mesmo com o preço médio do livro mais alto e a inflação pressionando a renda do brasileiro.
DANTE CID –
 Na tendência dos últimos quase 20 anos, os preços reais dos livros vêm caindo. O preço nominal sobe 4% ou 5% ao ano, mas muitas vezes não supera a inflação. Então, o preço real do livro cai.

AGÊNCIA DC NEWS – E ainda há muita política de desconto. O Painel do Varejo de Livros mostra que os Top 500 e Top 5000 mais vendidos tiveram aumento de desconto. Esse movimento deve continuar?
DANTE CID –
 Isso é algo mais ou menos permanente no mercado. Há uma dinâmica entre editora e ponto de venda. No Brasil, a editora define um preço-alvo, por exemplo, R$ 60, e vende com desconto de 30% a 45%. O ponto de venda tem liberdade para vender pelo preço que quiser. Essa flutuação depende do momento do comércio e do consumidor. Para bestsellers, o desconto costuma ser menor. Para lançamentos, os descontos são maiores para torná-los conhecidos.

AGÊNCIA DC NEWS – A bibliodiversidade caiu 15,25% neste primeiro trimestre. Por que isso aconteceu?
DANTE CID –
 A bibliodiversidade pode cair por vários fatores. Em momentos de crise econômica, há uma retração das editoras e uma aversão ao risco, focando em obras já prestigiadas, o que reduz o número de lançamentos. Além disso, o mercado se concentra em nichos de sucesso. Não é uma boa notícia. Nós gostaríamos de ver mais ISBNs sendo lançados.

AGÊNCIA DC NEWS – O que precisa ser feito?
DANTE CID –
 É importante o papel das pequenas editoras e da publicação autônoma para reverter essa tendência de queda, pois diversos segmentos da sociedade ainda precisam aparecer através da literatura.

AGÊNCIA DC NEWS – Entre os gêneros mais vendidos, um destaque é a Não Ficção Trade (para o público amplo), com o maior share do mercado (28,8%). O que torna esse gênero tão procurado?
DANTE CID – Quando há ausência de bestsellers de ficção por alguns meses, outros segmentos acabam se destacando. Desde a pandemia, houve crescimento na Não Ficção de forma geral por diversos motivos: pessoas buscando orientação, apoio psicológico ou profissional. Quando há boom de bestseller, a Ficção sobe. Nos momentos de calmaria, a Não Ficção preenche esse espaço.

AGÊNCIA DC NEWS – O fenômeno BookTok, dentro do TikTok, tem ajudado o mercado?
DANTE CID –
 Esse é um fenômeno interessante. Uma pesquisa nossa mostrou que o maior concorrente do tempo de leitura era o uso da internet. Desde então, surgiram os booktokers, influenciadores digitais de livros, o que acabou se tornando um aliado da leitura. Então, aquilo que era ameaça virou ferramenta de promoção da leitura.

AGÊNCIA DC NEWS – Em relação ao gênero menos procurado, a Não Ficção Especializada (19,6% se share), por que estão sendo menos vendidos?
DANTE CID – Esse nicho é buscado quando há necessidade de aprimoramento profissional ou interesse por novas técnicas. A queda pode estar ligada à mudança de fontes de informação, como a internet, ou até ao [baixo] desemprego. Quando a pessoa já está empregada, a busca por especialização diminui. Isso varia por inúmeros fatores.

AGÊNCIA DC NEWS – Quais são suas expectativas para o setor até o final do ano?
DANTE CID –
 Se o fenômeno dos livros de colorir perder força, os números podem cair um pouco. Em compensação, temos a Bienal do Rio, que costuma trazer bons resultados de vendas. Espero que 2025 feche positivamente, mas isso depende do tipo de editora, se é de ficção, didática e por aí vai. Cada segmento vive uma realidade.

AGÊNCIA DC NEWS – E qual é o peso das feiras, como a Bienal do Livro, nos números do mercado?
DANTE CID –
 Representam cerca de 2% das vendas anuais. Pode parecer pouco, mas são sete dias no ano. A última Bienal [no Rio de Janeiro] teve média de nove livros vendidos por visitante, muito mais do que o habitual. É um percentual significativo.

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