Um impostor que se passou pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, enviou mensagens de voz e texto geradas por inteligência artificial a autoridades de alto escalão e ministros estrangeiros, segundo reportagens publicadas nesta terça-feira (8). Ele é o mais recente entre os alvos de ataques com falsidade ideológica contra autoridades americanas.
Um memorando do gabinete do principal diplomata dos Estados Unidos afirma que o responsável não identificado provavelmente tinha como objetivo manipular autoridades poderosas “com a intenção de obter acesso a informações ou contas”, de acordo com o Washington Post e outros veículos da imprensa americana.
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O impostor entrou em contato com ao menos três ministros de Relações Exteriores, um governador de estado dos EUA e um membro do Congresso, utilizando mensagens de texto e o aplicativo de mensagens criptografadas Signal, segundo o documento datado de 3 de julho.
A partir de meados de junho, o invasor criou uma conta no Signal com o nome de exibição “Marco.Rubio@state.gov” para abordar as autoridades desavisadas, segundo o memorando.
“O agente deixou mensagens de voz no Signal para pelo menos duas pessoas-alvo e, em um dos casos, enviou uma mensagem de texto convidando a vítima a continuar a conversa pelo aplicativo”, descreve o documento.
O conteúdo das mensagens, no entanto, não foi revelado.
Ao ser questionado pela AFP, o Departamento de Estado confirmou que está ciente do incidente e “atualmente investiga o caso”.
“O Departamento leva a sério sua responsabilidade de proteger informações e adota medidas contínuas para fortalecer sua postura de cibersegurança e evitar incidentes futuros”, afirmou um alto funcionário do órgão.
A falsificação de identidade de Rubio faz parte de “duas campanhas distintas” que estão sendo investigadas e nas quais agentes mal-intencionados se fazem passar por funcionários do Departamento de Estado por e-mail e aplicativos de mensagens, conforme consta no memorando.
A segunda campanha começou em abril e envolve um “agente cibernético ligado à Rússia” que lançou uma ofensiva de phishing contra contas pessoais do Gmail associadas a estudiosos de think tanks, ativistas e dissidentes baseados na Europa Oriental, jornalistas e ex-funcionários do governo, segundo o documento.
Esse agente fingia ser um funcionário “fictício” do Departamento de Estado e tentava acessar o conteúdo das contas das vítimas.
‘Atores maliciosos’
As fraudes ocorrem após um alerta do FBI, que desde abril vem apontando que agentes cibernéticos têm se passado por autoridades americanas para atingir seus contatos — incluindo funcionários atuais e antigos do governo federal ou estadual.
“Os atores maliciosos enviaram mensagens de texto e mensagens de voz geradas por IA, técnicas conhecidas como smishing e vishing, respectivamente, que alegam ser de um alto funcionário dos EUA como forma de criar empatia antes de acessar contas pessoais”, disse o FBI em maio.
Em maio, o presidente Donald Trump revelou que um impostor invadiu o telefone da chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles. Senadores, governadores e executivos do setor privado receberam mensagens de texto e ligações de alguém que se fazia passar por ela, conforme noticiou o Wall Street Journal.
O caso levou a Casa Branca e o FBI a abrirem uma investigação. No entanto, Trump minimizou a ameaça, dizendo que Wiles “dá conta do recado”.
Altos funcionários do governo Trump vêm sendo criticados por utilizar o Signal e outros canais não oficiais para tratar de assuntos de Estado.
Em março, o então assessor de segurança nacional Mike Waltz adicionou acidentalmente um jornalista a um grupo de Signal que discutia ataques dos EUA no Iêmen. O episódio levou à sua saída do cargo.
Com a disseminação de ferramentas de clonagem de voz via IA — baratas, fáceis de usar e difíceis de rastrear —, especialistas em desinformação alertam sobre o impacto dos deepfakes de áudio na falsificação ou difamação de figuras públicas.
No ano passado, uma chamada automática que imitava a voz do então presidente Joe Biden gerou alarme público.
O áudio pedia aos moradores de New Hampshire que não votassem nas primárias democratas, o que levou as autoridades a abrir uma investigação sobre possível tentativa de supressão de votos e motivou campanhas por regras mais rígidas para o uso de IA generativa.
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