Publicado 04/12/2024 • 14:07
KEY POINTS
Uma mulher segura placa que diz "Yoon Suk Yeol deve renunciar" durante uma vigília contra o presidente da Coreia do Sul, em 2024
PHILIP FONG/AFP
Parlamentares sul-coreanos deram início a um processo de impeachment contra o presidente Yoon Suk Yeol. A principal acusação é que ele declarou lei marcial para interromper investigações criminais que envolve ele e sua família.
Embora a declaração tenha sido rapidamente anulada pelo parlamento, o ato gerou tumulto político e preocupou aliados próximos do país.
Yoon, eleito presidente em 2022, enfrenta um futuro incerto. Após um confronto com as forças de segurança para acessar o parlamento e votar contra a lei marcial, legisladores da oposição apresentaram uma moção de impeachment.
O documento afirma que Yoon “violou gravemente a constituição e a lei” ao impor a lei marcial com o propósito “inconstitucional e ilegal de evitar investigações iminentes… sobre supostos atos ilegais que envolve ele e sua família”.
Durante uma sessão nesta quarta-feira, os legisladores submeteram a moção ao parlamento. “Este é um crime imperdoável — um que não pode, não deve e não será perdoado”, disse o parlamentar Kim Seung-won. Segundo a agência de notícias Yonhap, a legislação sul-coreana exige que a moção seja votada entre 24 e 72 horas após sua apresentação.
Com a oposição detendo a maioria no parlamento de 300 membros, as perspectivas de Yoon são sombrias. Além disso, a principal oposição, o Partido Democrático, apresentou uma queixa de “insurreição”, que pode resultar em prisão perpétua ou até pena de morte.
Na quarta-feira à noite, milhares de manifestantes se reuniram em frente ao escritório de Yoon em Seul, clamando por sua renúncia, após uma manifestação na Praça Gwanghwamun.
A bolsa de valores de Seul fechou em queda de mais de um por cento na quarta-feira, impactada pela instabilidade política. Mesmo o líder do partido governista de Yoon classificou a tentativa de lei marcial como “trágica”, pedindo responsabilização dos envolvidos.
No entanto, os parlamentares do partido decidiram se opor à moção de impeachment, conforme relatado pela Yonhap.
Em um anúncio televisivo na noite de terça-feira, Yoon justificou a lei marcial citando ameaças da Coreia do Norte e “forças anti-estado”.
Mais de 280 soldados, alguns transportados por helicópteros, foram enviados ao parlamento, mas 190 parlamentares desafiaram os soldados armados para votar contra a medida.
A constituição determina que a lei marcial deve ser revogada quando uma maioria parlamentar assim exigir, obrigando Yoon a recuar e cancelar a mobilização militar em outro anúncio televisivo seis horas depois.
A revogação da lei marcial gerou júbilo entre os manifestantes em frente ao parlamento, que enfrentaram temperaturas congelantes para vigiar durante a noite em desafio à ordem de Yoon.
O manifestante Lim Myeong-pan, de 55 anos, afirmou que Yoon deve deixar o cargo. “O ato de Yoon de impô-la sem causa legítima é um crime sério em si”, disse Lim à AFP. “Ele abriu seu próprio caminho para o impeachment com isso.”
À medida que a noite caía em Seul, os manifestantes voltaram a se reunir, intensificando suas exigências para que Yoon deixasse o cargo. “Fiquei tão indignado que não consegui dormir um minuto na noite passada, vim para garantir que expulsemos Yoon de uma vez por todas”, disse Kim Min-ho, de 50 anos, à AFP.
Yoon afirmou que a lei marcial era necessária para “proteger uma Coreia do Sul liberal das ameaças das forças comunistas da Coreia do Norte e eliminar elementos anti-estado que saqueiam a liberdade e a felicidade do povo”.
Ele não detalhou as ameaças do Norte, mas o Sul permanece tecnicamente em guerra com Pyongyang, que possui armas nucleares. Yoon acusou o Partido Democrático de ser “forças anti-estado com a intenção de derrubar o regime”.
Nas últimas semanas, Yoon e seu partido, o Partido do Poder Popular, têm se desentendido com a oposição sobre o orçamento do próximo ano. A popularidade de Yoon caiu para 19% na última pesquisa da Gallup na semana passada, com eleitores irritados com a situação econômica e controvérsias que envolve sua esposa, Kim Keon Hee.
A ação de Yoon surpreendeu aliados, incluindo os Estados Unidos, que têm quase 30 mil soldados no país, declarando não ter tido aviso prévio e expressando alívio com a reversão de Yoon.
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