A IA pela ciência: Anthropic lança modelo para dar eficiência a pesquisadores

A Anthropic anunciou na segunda-feira (20/10) o Claude for Life Sciences, uma nova oferta para pesquisadores usarem a tecnologia de inteligência artificial da empresa no avanço da descoberta científica. O Claude for Life Sciences é construído em torno dos modelos de IA existentes da Anthropic, mas suporta novas conexões com outras ferramentas científicas que são comumente usadas em laboratórios durante pesquisa e desenvolvimento.

Ele poderá ajudar pesquisadores em todas as etapas do processo de descoberta, desde a realização de revisões de literatura até o desenvolvimento de hipóteses, análise de dados, elaboração de submissões regulatórias e muito mais, disse a Anthropic. O lançamento do Claude for Life Sciences marca a primeira entrada formal da Anthropic no setor e ocorre apenas alguns meses depois que a empresa contratou o executivo de longa data do setor Eric Kauderer-Abrams como seu chefe de biologia e ciências da vida.

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“Agora é o momento limiar para nós, em que decidimos que esta é uma grande área de investimento”, disse Kauderer-Abrams à CNBC em uma entrevista. “Queremos que uma porcentagem significativa de todo o trabalho de ciências da vida no mundo seja executada no Claude, da mesma forma que isso acontece hoje com a codificação.”

A Anthropic, que é uma das empresas no centro do boom da IA, desenvolve uma família de grandes modelos de linguagem chamada Claude. Foi fundada em 2021 por um grupo de ex-executivos e pesquisadores da OpenAI, e sua avaliação aumentou para US$ 183 bilhões (R$ 943 bilhões) em apenas quatro anos. A empresa lançou um novo modelo, Claude Sonnet 4.5, no final do mês passado e disse que é “significativamente melhor” em tarefas de ciências da vida, como a compreensão de protocolos de laboratório.

Kauderer-Abrams disse que os pesquisadores já estavam interagindo com os modelos da Anthropic para ajudar em partes isoladas do processo científico, então a empresa decidiu construir formalmente o Claude for Life Sciences como uma forma de apoiá-los do início ao fim. Isso significou que a Anthropic teve que estabelecer integrações com os principais players do ecossistema de ciências da vida, incluindo Benchling, PubMed, 10x Genomics e Synapse.org, entre outros.

A Anthropic também fez parceria com empresas que podem ajudar organizações de ciências da vida a adotar a IA, como Caylent, KPMG, Deloitte e os provedores de nuvem AWS e Google Cloud, disse a empresa. “Estamos dispostos e entusiasmados em fazer esse trabalho árduo para garantir que todas as peças se encaixem”, disse Kauderer-Abrams.

Em uma demonstração pré-gravada, a Anthropic mostrou como um cientista que trabalha em estudos pré-clínicos poderia usar o Claude for Life Sciences para comparar dois projetos de estudo que testam diferentes estratégias de dosagem. O cientista conseguiu consultar os dados de seu laboratório diretamente do Benchling, gerar um resumo e tabelas de diferenças principais com links para o material original.

Após revisar os resultados, o cientista gerou um relatório de estudo que poderia ser incluído em uma submissão regulatória. A Anthropic disse que uma análise como essa costumava exigir “dias” de validação e compilação de informações, mas agora pode ser feita em minutos.

Kauderer-Abrams disse que a empresa acredita que a IA pode trazer ganhos reais de eficiência para o setor de ciências da vida, mas também está “sem ilusões” de que superará magicamente as limitações físicas da realização de pesquisas científicas. Ensaios clínicos que levam três anos não levarão de repente um mês, disse ele.

Em vez disso, a Anthropic está focada em explorar as partes demoradas e caras do processo de descoberta “pedacinho por pedacinho” para determinar onde a IA poderia ser mais útil. “Estamos aqui para garantir que essa transformação aconteça e que seja feita de forma responsável”, disse Kauderer-Abrams.

Cauê Rigamonti

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