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CNBC Originals: Do Olympikus à Melissa: o lado bom e ruim do mercado de calçados
Publicado 23/10/2025 • 07:00 | Atualizado há 4 horas
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Publicado 23/10/2025 • 07:00 | Atualizado há 4 horas
KEY POINTS
De um lado, uma empresa que vive um dos melhores momentos da sua história, com ações em alta e receita crescente. É a Vulcabras, dona da marca Olympikus, referência nacional em tênis e roupas esportivas. Do outro, a Grendene, criadora da icônica sandália Melissa, enfrenta estagnação e tenta reconquistar a confiança de investidores.
O ponto em comum entre as duas é a origem: ambas são controladas pela família Grendene Bartelle, fruto da parceria dos irmãos gêmeos Alexandre e Pedro Grendene Bartelle, fundadores dos negócios que marcaram o mercado calçadista brasileiro.
Mas, como explica o professor Marcos Machado, da FIA Business School, a mesma gestão não garante os mesmos resultados. “Uma família nada mais é do que um grupo de investidores, mas, na medida em que esses segmentos de negócios são distintos, os resultados também podem ser afetados não só pelo estilo de gestão, mas pela natureza do mercado, dos consumidores e dos canais de distribuição. São cenários competitivos diferentes, sobre os quais esse grupo de investidores não tem controle”, afirma o especialista.
As ações da Vulcabras vêm registrando alta desde 2020, sustentadas por uma sequência de bons resultados. A receita da empresa cresce há 20 trimestres consecutivos, e o último ano foi marcado por novos recordes: o faturamento chegou a R$ 3,5 bilhões, um avanço de 9% em relação a 2023.
A aposta no segmento esportivo, especialmente na Olympikus, foi crucial para o bom desempenho.
“É um mercado ligado a hábitos, e hábitos rotineiros da prática esportiva mudam mais gradualmente do que no mercado da moda. Já na moda, uma campanha publicitária ou uma nova coleção pode sofrer mudanças bruscas no comportamento do consumidor”, observa Machado.
Enquanto a Vulcabras avança, a Grendene enfrenta um cenário mais desafiador. As ações estão no menor nível desde 2016. No primeiro trimestre de 2025, o lucro da companhia caiu, mas o segundo trimestre mostrou sinais de recuperação. Em 2024, o faturamento chegou a R$ 3 bilhões, uma alta de 7% em relação ao ano anterior.
O balanço da empresa, porém, destacou “expectativas frustradas”, em razão da inflação persistente, dos juros elevados, da oscilação cambial e das incertezas internacionais. “É um segmento bastante afetado por moda e tendências. A empresa precisa ser competente para compreender e, na medida do possível, antecipar o que vem pela frente. Isso é essencial para planejar a produção com antecedência e colocar o produto certo no mercado no momento em que o consumidor o deseja”, explica Machado. Segundo ele, o setor exige forte capacidade de diversificação e uma logística sofisticada, “para que a empresa não se perca nesse processo”.
A história da Grendene começou em 1971, no Rio Grande do Sul, quando Alexandre Grendene Bartelle fundou uma pequena fábrica de telas plásticas para garrafões de vinho. Pouco tempo depois, seu irmão Pedro se juntou ao negócio. A produção evoluiu para componentes de calçados, até que, em 1979, surgiu a Melissa — inspirada nas sandálias usadas por pescadores da Riviera Francesa.
O modelo se transformou em um fenômeno de vendas e em um marco da publicidade brasileira. Nas décadas de 1980 e 1990, a Grendene expandiu seu portfólio com marcas como Rider, voltada ao público masculino, Grendha, para o público feminino, e Ipanema, com foco em chinelos de praia.
Paralelamente, Alexandre e Pedro diversificaram os investimentos, entrando também nos setores agropecuário e imobiliário. Foi nesse contexto que a Vulcabras entrou para o grupo.
Fundada em 1952, a Vulcabras já era uma marca consolidada no mercado de calçados, famosa pelo sapato de couro 752. Nos anos seguintes, expandiu para o segmento esportivo e passou a fabricar produtos licenciados de marcas internacionais como Adidas, PUMA e Reebok.
Em 2007, veio um novo marco: a compra da Azaléia, dona da Olympikus, consolidando a empresa como um dos principais players nacionais do setor esportivo. Hoje, a Vulcabras tem seu foco voltado para linhas de alta performance e inovação tecnológica.
A Grendene, por sua vez, apostou em um plano de internacionalização. Em 2021, firmou uma joint venture global para expandir suas operações, mas os resultados ficaram abaixo do esperado. A elevação dos juros em vários países, problemas logísticos e tensões geopolíticas minaram o desempenho.
“Além desses fatores, há desafios inerentes a qualquer empresa brasileira, como o custo e a disponibilidade de capital. O capital de terceiros no Brasil é caro, e até o próprio tem custo elevado. Portanto, erros de gestão que aumentam a necessidade de capital se tornam extremamente custosos”, avalia Machado.
Agora, a Grendene busca estabilizar suas operações e atingir o ponto de equilíbrio — o chamado break-even — entre 2027 e 2028. Já a Vulcabras segue expandindo sua presença no setor esportivo, beneficiada pela crescente demanda por calçados de performance e pelo fortalecimento do consumo interno.
Enquanto uma briga para recuperar o brilho, a outra se consolida como potência nacional. Ambas, no entanto, continuam refletindo a trajetória de uma mesma família que ajudou a moldar a história do calçado no Brasil e que agora enfrenta o desafio de manter relevância em mercados cada vez mais competitivos.
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