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IPCA acelera para 0,48% em setembro com energia elétrica, mas núcleos mostram alívio

Publicado 09/10/2025 • 11:03 | Atualizado há 4 horas

KEY POINTS

  • IPCA sobe 0,48% em setembro, puxado pela energia elétrica, mas núcleos e serviços mostram desaceleração.
  • Analistas destacam impacto temporário do fim do bônus de Itaipu e veem leitura benigna para a política monetária.
  • Banco Central deve manter cautela com Selic em 15%, enquanto inflação acumulada em 12 meses chega a 5,17%.

A inflação oficial do país voltou a subir em setembro, puxada pela energia elétrica. Segundo o IBGE, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) avançou 0,48%, revertendo a deflação de -0,11% em agosto. No acumulado do ano, o índice chega a 3,64%, e em 12 meses, 5,17%, acima dos 5,13% do período anterior. Em setembro do ano passado, a taxa havia sido 0,44%.

O movimento de alta já era esperado, mas veio ligeiramente abaixo das projeções de mercado, que apontavam uma variação próxima de 0,52%. A surpresa veio do comportamento mais brando dos núcleos e dos serviços — uma notícia que, segundo analistas, traz certo alívio para a política monetária.

“Foi uma leitura benigna. As medidas de núcleo desaceleraram, sugerindo que as pressões do mercado de trabalho estão menos intensas”, avalia André Perfeito, economista e estrategista-chefe. Para ele, os dados não indicam corte imediato da Selic, mas podem levar a revisões positivas nas projeções de curto prazo. “O problema continua sendo o impasse fiscal, que mantém as expectativas de 2027 travadas”, afirma.

PeríodoTaxa (%)
Setembro de 20250,48
Agosto de 2025-0,11
Setembro de 20240,44
Acumulado no ano3,64
Acumulado em 12 meses5,17

Fonte: IBGE – Diretoria de Pesquisas / Coordenação de Índices de Preços

Energia volta a pesar no bolso

O destaque do mês foi o grupo Habitação, que subiu 2,97% e respondeu por quase todo o IPCA de setembro. A energia elétrica residencial disparou 10,31%, representando 0,41 ponto percentual do índice cheio. O motivo, explica o IBGE, está no fim do bônus de Itaipu concedido em agosto e na volta da bandeira vermelha patamar 2, que acrescenta R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.

Houve ainda reajustes tarifários regionais, com aumentos expressivos em São Luís (+27,30%), Vitória (+12,37%) e Curitiba (+12,24%). No acumulado do ano, a energia elétrica já subiu 16,42%, com impacto de 0,63 p.p. no IPCA de 2025. Em 12 meses, o item registra alta de 10,64%, equivalente a 0,44 p.p. do índice total.

Para Ricardo Trevisan Gallo, CEO da Gravus Capital, o impacto da energia mostra o quanto choques pontuais continuam influenciando a inflação. “A conta de luz disparou e sozinha explicou quase toda a alta do mês. Esse tipo de choque dificulta cortes rápidos de juros e reforça a necessidade de cautela. O investidor precisa diversificar e manter parte da carteira em títulos indexados à inflação”, afirma.

O grupo também refletiu aumentos em água e esgoto (+0,07%), com reajustes em Aracaju e Vitória, e em gás encanado (+0,01%), com alta em Curitiba e redução no Rio de Janeiro.

Fonte: IBGE – Diretoria de Pesquisas / Coordenação de Índices de PreçosElaboração: Times Brasil | CNBC

Alimentação alivia, mas desigualdade regional persiste

Se a energia puxou para cima, a alimentação voltou a aliviar o bolso do consumidor. O grupo Alimentação e bebidas caiu 0,26%, registrando o quarto mês consecutivo de queda. Dentro dele, a alimentação no domicílio recuou 0,41%, puxada por fortes reduções no preço do tomate (-11,52%), cebola (-10,16%), alho (-8,70%), batata-inglesa (-8,55%) e arroz (-2,14%). Em contrapartida, frutas (+2,40%) e óleo de soja (+3,57%) subiram.

A alimentação fora de casa desacelerou de 0,50% em agosto para 0,11% em setembro. As refeições chegaram a cair 0,16%, e os lanches subiram 0,53%.

Segundo o relatório do Banco Daycoval, esse comportamento foi um dos fatores que derrubaram o IPCA abaixo das estimativas. “A principal surpresa veio do grupo de serviços e dos alimentos no domicílio. Itens como carnes, arroz e feijão contribuíram para uma deflação importante. O núcleo da inflação também veio bem abaixo do esperado”, destaca o time de economistas do banco.

Mesmo com esse alívio, o cenário geral ainda pede prudência. “O resultado reforça um viés de baixa para a projeção de 4,8%, mas não muda nossa perspectiva de Selic em 15% até o fim do ano”, afirma o Daycoval DPEc.

GrupoVariação (%) AgostoVariação (%) SetembroImpacto (p.p.) AgostoImpacto (p.p.) Setembro
Índice Geral-0,110,48-0,110,48
Alimentação e bebidas-0,46-0,26-0,10-0,06
Habitação-0,902,97-0,140,45
Artigos de residência-0,09-0,400,00-0,01
Vestuário0,720,630,030,03
Transportes-0,270,01-0,060,00
Saúde e cuidados pessoais0,540,170,070,02
Despesas pessoais0,400,510,040,05
Educação0,750,070,050,01
Comunicação-0,09-0,170,00-0,01

Fonte: IBGE – Diretoria de Pesquisas / Coordenação de Índices de Preços

Transportes e combustíveis oscilam

O grupo Transportes apresentou variação praticamente estável (+0,01%), mas com movimentos distintos entre os itens. Os combustíveis voltaram a subir 0,87%, após queda de -0,89% em agosto. O etanol teve alta de 2,25%, a gasolina subiu 0,75%, o diesel avançou 0,38%, e o gás veicular caiu 1,24%.

Por outro lado, passagens aéreas caíram 2,83%, e o seguro de veículos recuou 5,98%. O resultado também reflete reduções pontuais de tarifas em algumas cidades: metrô e ônibus em Brasília (-10,69%) e ônibus urbano em Curitiba (-3,21%).

Para Maykon Rodrigues, economista do Daycoval, parte da melhora nos núcleos reflete justamente essas variações localizadas. “Assim como no IPCA-15, o núcleo de serviços mostrou desaceleração, mas isso inclui fatores temporários, como seguros e cinemas. A inflação subjacente ainda roda acima de 5% em 12 meses, o que mantém o Copom cauteloso”, explica.

Segundo ele, a tendência é de desinflação lenta, com cortes de juros apenas no primeiro trimestre de 2026, quando as expectativas de longo prazo começarem a cair e o mercado de trabalho mostrar moderação.

Vestuário e serviços retomam alta

O Vestuário avançou 0,63%, com destaque para roupas masculinas (+1,06%) e infantis (+0,76%).
Em Despesas pessoais, a alta foi de 0,51%, impulsionada por pacotes turísticos (+2,87%) e pelo retorno de cinema, teatro e shows (+2,75%), após as promoções da Semana do Cinema em agosto.
Já o grupo Saúde e cuidados pessoais subiu 0,17%, com planos de saúde (+0,50%) respondendo por 0,02 ponto percentual do índice geral.

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o resultado foi “estruturalmente benigno”. “O IPCA veio em 0,48%, abaixo da mediana de 0,52%. Nossos desvios foram pequenos, e os núcleos melhoraram de forma disseminada. Serviços subjacentes subiram apenas 0,03%, bem menos que os 0,16% esperados. Isso reforça um viés baixista para 2025, que projetamos em 4,4%”, afirma.

Ele avalia, no entanto, que o resultado não muda imediatamente o cenário de juros. “As implicações para a política monetária não são automáticas, mas favorecem as teses que falam em início antecipado de corte. Ainda assim, não vemos espaço para isso neste momento”, pondera.

Regiões e rendas: contrastes e pressões

O IPCA variou de 1,02% em São Luís, a maior do país, a 0,17% em Salvador, a menor. No Sudeste, São Paulo (+0,57%) e Rio de Janeiro (+0,48%) ficaram próximos da média nacional.

Entre as famílias de menor renda, o INPC subiu 0,52% no mês, acumulando 3,62% no ano e 5,10% em 12 meses. Em Vitória, o índice chegou a 0,98%, influenciado por energia e gasolina, enquanto Salvador teve alta de apenas 0,16%.

RegiãoPeso Regional (%)Variação Agosto (%)Variação Setembro (%)Acumulado no ano (%)Acumulado em 12 meses (%)
São Luís1,62-0,271,023,655,32
Vitória1,860,230,764,355,59
Goiânia4,17-0,400,752,444,51
São Paulo32,280,100,574,165,83
Recife3,92-0,240,563,674,98
Campo Grande1,57-0,280,552,824,64
Aracaju1,03-0,260,524,025,07
Porto Alegre8,61-0,400,503,704,41
Rio de Janeiro9,43-0,340,482,844,58
Rio Branco0,51-0,080,462,424,48
Brasília4,060,110,413,795,09
Fortaleza3,23-0,070,383,485,10
Curitiba8,09-0,070,373,725,04
Belo Horizonte9,69-0,260,313,665,04
Belém3,94-0,150,273,475,42
Salvador5,99-0,080,173,124,83
Brasil100,00-0,110,483,645,17

Fonte: IBGE – Diretoria de Pesquisas / Coordenação de Índices de Preços

Choque administrado, núcleo sob controle

O IPCA de setembro expôs novamente a divisão entre preços administrados e inflação subjacente. A alta da energia elétrica — isolada e temporária — puxou o índice cheio, mas os núcleos e serviços desaceleraram, mostrando que a tendência de médio prazo segue contida.

Na visão de André Perfeito, “é uma inflação com diagnóstico dual: os choques de tarifa ainda perturbam, mas o núcleo vem se ajustando. O desafio é garantir que o alívio nos preços de alimentos e serviços se consolide”.

Com Selic em 15% e inflação ainda acima da meta, o Banco Central deve manter o tom cauteloso, mas o resultado de setembro foi visto pelo mercado como um sinal de resiliência desinflacionária.

O IPCA de outubro deve continuar pressionado pelos preços administrados, mas o movimento de queda de alimentos e o alívio nos núcleos podem compensar parte dos choques. Para o mercado, o dado reforça uma mensagem: a inflação está desacelerando — mas não está vencida.

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