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Internet chega mais cedo às crianças brasileiras e uso dobra em uma década

Publicado 17/12/2025 • 14:21 | Atualizado há 1 hora

KEY POINTS

  • Os dados fazem parte do estudo Proteção à primeira infância entre telas e mídias digitais, publicado pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI).
  • Crianças de famílias de baixa renda são as mais expostas.
  • As pesquisadoras ressaltam o papel central de pais e cuidadores na mediação ativa do uso de dispositivos digitais – conheça as práticas recomendadas.

Joédson Alves/Agência Brasil

O acesso à internet na primeira infância mais que dobrou no Brasil em menos de uma década, passando de 11% em 2015 para 23% em 2024. O dado inclui 44% dos bebês de até 2 anos e 71% das crianças entre 3 e 5 anos, faixa etária considerada crítica para o desenvolvimento cognitivo e emocional.

As informações fazem parte do estudo “Proteção à primeira infância entre telas e mídias digitais”, publicado pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI) e divulgado nesta terça-feira (17).

A publicação reforça que a Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda o uso de telas para crianças menores de 2 anos. Para crianças de 2 a 5 anos, a orientação é limitar o tempo de exposição a até uma hora por dia, sempre com mediação de um adulto responsável.

Desigualdade social amplia exposição excessiva às telas

O levantamento aponta que a desigualdade social tem impacto direto no uso excessivo de telas. Segundo o estudo, 69% das crianças de famílias de baixa renda são expostas a um tempo considerado excessivo de dispositivos digitais.

Quanto menor a renda familiar, maior a probabilidade de as telas substituírem o convívio social e o brincar, elementos essenciais para o desenvolvimento infantil e para a formação de habilidades socioemocionais.

Para a professora Maria Beatriz Linhares, coordenadora da publicação e professora associada sênior da Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto, o cenário reflete um problema estrutural.

O tempo excessivo de tela na primeira infância, especialmente entre crianças de famílias de baixa renda, revela um contexto de sobrecarga e falta de apoio às famílias”, afirma.

Segundo ela, evidências científicas são claras ao apontar riscos de longo prazo.

Sem interação humana, brincar e presença ativa, as crianças perdem oportunidades fundamentais para desenvolver linguagem, vínculos afetivos, regulação emocional e habilidades sociais”, completa.

Os resultados dialogam com a pesquisa “Panorama da Primeira Infância: o que o Brasil sabe, vive e pensa sobre os primeiros seis anos de vida”, da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, que ouviu 822 cuidadores de crianças de 0 a 6 anos. O estudo mostra que 78% das crianças de 0 a 3 anos são expostas diariamente às telas, mesmo com o reconhecimento, por parte dos responsáveis, da necessidade de impor limites.

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Impactos no cérebro preocupam especialistas

De acordo com o NCPI, o uso intenso de mídias digitais na primeira infância está associado a alterações na anatomia cerebral, com potenciais prejuízos ao processamento visual e a funções cognitivas como atenção voluntária, reconhecimento de letras e cognição social.

A professora Maria Thereza Souza, do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade da USP, alerta que a qualidade do conteúdo, aliada ao uso passivo e excessivo, compromete áreas cerebrais ligadas à linguagem, regulação emocional e controle de impulsos.

A exposição a conteúdos inadequados e o uso passivo de telas, sem estímulos linguísticos adequados, podem causar prejuízos ao desenvolvimento. Até desenhos animados estão associados a problemas de atenção em crianças entre 3 e 6 anos”, afirma.

O estudo também aponta riscos adicionais associados à exposição a conteúdos violentos, que podem reduzir a atividade de áreas cerebrais responsáveis pela regulação do comportamento hostil e aumentar a ativação de regiões ligadas à execução de planos agressivos.

Conteúdos como videogames violentos estão associados a maior risco de comportamentos hostis, dessensibilização à violência, ansiedade, depressão, pesadelos e maior aceitação da violência como forma de resolução de conflitos — fatores que afetam diretamente a formação de capital humano no longo prazo.

Diante desse cenário, o NCPI defende a adoção de políticas públicas intersetoriais, integrando saúde, educação, assistência social e proteção de direitos.

Entre as recomendações estão:

  • campanhas de conscientização sobre o uso responsável das tecnologias;
  • formação qualificada de profissionais;
  • fiscalização da classificação indicativa;
  • proteção contra conteúdos inadequados e publicidade abusiva.

O estudo também destaca a importância de fortalecer redes de apoio às famílias, garantir espaços públicos para o brincar e promover educação digital desde os primeiros anos, criando ambientes equilibrados para o desenvolvimento infantil.

Pais e cuidadores têm papel central na mediação

As pesquisadoras reforçam o papel central de pais e cuidadores na mediação ativa do uso de dispositivos digitais. Entre as práticas recomendadas estão:

  • estabelecer limites de tempo adequados à idade;
  • evitar telas antes de dormir ou durante refeições;
  • priorizar brincadeiras e interação presencial;
  • acompanhar o conteúdo consumido, optando por materiais educativos apropriados à faixa etária;
  • manter zonas livres de tela em casa;
  • ser exemplo de uso consciente da tecnologia.

O estudo reúne evidências de fontes nacionais e internacionais, como a TIC Kids Online Brasil, diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Sociedade Brasileira de Pediatria, além de pesquisas revisadas por pares sobre os impactos da exposição às telas no desenvolvimento infantil.

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