O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta sexta-feira (15), o aumento de tarifas anunciado pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, durante discurso na inauguração da fábrica da montadora chinesa GWM (Great Wall Motor) em Iracemápolis, interior de São Paulo. Lula defendeu as negociações contra o tarifaço e afirmou que é preciso garantir estabilidade econômica para manter relações comerciais equilibradas e proteger os interesses nacionais.
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Ao lado do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, Lula classificou a decisão como injustificada, afirmando que os dados do comércio bilateral mostram superávit histórico para os EUA.
“Em 15 anos, o superávit americano com relação ao Brasil é de 410 bilhões de dólares. No ano passado, exportamos US$ 40 bilhões e importamos US$ 47 bilhões, com déficit de US$ 7 bilhões. Incluindo bens e serviços, o déficit chega a US$ 42 bilhões”, declarou.
Defesa da imagem do país
Lula também reagiu a declarações atribuídas ao presidente norte-americano que, segundo ele, distorcem a realidade brasileira.
“Não posso admitir que um presidente de um país do tamanho dos Estados Unidos possa dar a quantidade de inverdades que tem contado sobre o Brasil. Nós temos democracia, temos direitos humanos e um povo que merece respeito”, disse.
O presidente ainda ressaltou que o Brasil “não é um país rico” como os EUA ou a China, mas que mantém postura de negociação e diálogo, sem contenciosos internacionais relevantes.
“O último contencioso do Brasil foi a Guerra do Paraguai. Queremos falar de igual para igual com todos, inclusive com os Estados Unidos”, afirmou.
Críticas a opositores e recado sobre legislação
Durante o discurso, Lula fez referência indireta ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mencionando processos judiciais relacionados aos eventos de 8 de janeiro de 2023.
“Ele está sendo julgado pelos autos do processo, por tentar impedir a posse do presidente eleito e atentar contra instituições. A legislação vale para todos, ricos e pobres, e todas as empresas no Brasil devem respeitá-la”, afirmou.
Lula também disse ter afirmado a Donald Trump, em entrevista, que, caso o ex-presidente dos EUA tivesse feito no Brasil o que fez no Capitólio, também estaria sendo julgado.
Foco em indústria e qualificação
O presidente aproveitou a inauguração da unidade da GWM — que deve gerar mil empregos no país até o final de 2025 — para reforçar a importância da educação e da qualificação profissional diante das transformações tecnológicas.
“Quem não estudar vai ficar para trás. Parte da humanidade poderá ser tratada como inútil se não souber fazer o que o mundo exige”, alertou.
A fábrica da montadora chinesa simboliza, segundo Lula, o tipo de investimento que o Brasil busca atrair: gerador de empregos, transferência de tecnologia e integração em cadeias produtivas globais, em meio ao cenário de tensões comerciais com os Estados Unidos.
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