O governador do Federal Reserve, Christopher Waller, afirmou na sexta-feira (20) que não espera que as tarifas aumentem significativamente a inflação, por isso, os formuladores de políticas deveriam considerar reduzir as taxas de juros já no próximo mês.
Em entrevista à CNBC, o banqueiro central disse que ele e seus colegas devem agir com cautela, mas começar a flexibilizar já que a inflação não é mais uma grande ameaça econômica.
“Acho que estamos em uma posição que nos permite fazer isso já em julho”, disse Waller durante uma entrevista ao “Squawk Box” com Steve Liesman, da CNBC. “Essa seria minha visão, se o comitê concordar ou não.”
Decisões recentes do comitê
Os comentários vêm dois dias após o Comitê Federal de Mercado Aberto decidir manter sua principal taxa de juros estável, a quarta manutenção consecutiva após o último corte em dezembro.
O presidente Donald Trump, que nomeou Waller como governador durante seu primeiro mandato, tem pressionado o Fed para reduzir as taxas de juros, a fim de diminuir os custos de empréstimos sobre a dívida nacional de 36 trilhões de dólares (aproximadamente 180 trilhões de reais).
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Preocupações com o mercado de trabalho
Em suas declarações, Waller disse que acha que o Fed deveria cortar as taxas para evitar uma possível desaceleração no mercado de trabalho.
“Se você está começando a se preocupar com o risco de queda, mova-se agora, não espere”, disse ele. “Por que queremos esperar até realmente ver um colapso antes de começar a cortar as taxas? Portanto, sou totalmente a favor de dizer que talvez devêssemos começar a pensar em cortar a taxa de política na próxima reunião, porque não queremos esperar até o mercado de trabalho afundar antes de começar a cortar a taxa de política.”
Não está claro se Waller conseguirá reunir muito apoio para sua posição.
O FOMC, incluindo Waller, votou por unanimidade para manter a taxa na reunião desta semana, mantendo a taxa básica de juros federais em uma faixa-alvo de 4,25%-4,5%.
Expectativas e pressões políticas
De acordo com o “dot plot” das expectativas individuais dos oficiais para as taxas de juros deste ano, sete dos 19 participantes da reunião disseram que veem as taxas se mantendo estáveis este ano, dois previram apenas um corte provável, enquanto os dez restantes esperam duas ou três reduções. A dispersão reflete uma sensação de incerteza entre os formuladores de políticas sobre para onde as taxas devem ir.
Trump pediu medidas drásticas, dizendo que acha que a taxa básica deveria estar pelo menos 2 pontos percentuais mais baixa e até sugeriu que ela deveria ser 2,5 pontos percentuais abaixo do nível atual de 4,33%.
No entanto, Waller disse que acha que o comitê deve agir devagar.
“Você gostaria de começar devagar e reduzi-las, apenas para garantir que não haja grandes surpresas. Mas inicie o processo. Essa é a coisa mais importante”, disse ele. “Estamos em pausa há seis meses para esperar e ver, e até agora, os dados têm sido bons. … Não acho que precisamos esperar muito mais, porque mesmo se as tarifas entrarem mais tarde, os impactos ainda são os mesmos. Deve ser um efeito de nível único e não causar inflação persistente.”
Resistência interna e perspectivas futuras
Outros oficiais têm sido relutantes em cortar as taxas enquanto aguardam para ver qual será o impacto de longo prazo das tarifas de Trump, principalmente na inflação, mas também no mercado de trabalho e no crescimento econômico mais amplo.
O presidente Jerome Powell repetiu várias vezes em sua coletiva de imprensa pós-reunião na quarta-feira que acredita que o Fed pode permanecer em modo de espera, já que o mercado de trabalho continua firme. Os dados recentes de inflação mostraram pouca transferência até agora, à medida que as empresas queimam estoques acumulados antes do anúncio das tarifas, e em meio a preocupações de que a demanda do consumidor está diminuindo e reduzindo o poder de precificação.
O mercado futuro de preços indica praticamente nenhuma chance de um corte de taxa na reunião de 29-30 de julho, com a próxima ação esperada para setembro.
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