Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no
Missões para promover vinho brasileiro no exterior reúnem 50 vinícolas; vendas superam US$ 10 milhões
Publicado 09/08/2025 • 18:11 | Atualizado há 2 horas
Publicado 09/08/2025 • 18:11 | Atualizado há 2 horas
KEY POINTS
Produtores de vinhos e destilados se sentem esquecidos pelo acordo fechado entre Trump e União Europeia
Unsplash
Ainda pouco expressivo no mercado internacional, o vinho brasileiro, especialmente o espumante produzido em solo gaúcho, é uma promessa para os negociantes da bebida.
O produto vem se destacando nas missões internacionais promovidas pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), em parceria com o Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS).
No ano passado, a presença dessas instituições em feiras internacionais contribuiu para que as exportações totais brasileiras somassem 5,8 milhões de litros, ou US$ 10,8 milhões. Quase dois terços (em valores) foram destinados a dois países: Paraguai (49% do total) e Estados Unidos (9,6%).
Rafael Romagna, gerente de marketing da Wines of Brazil, comemora, para este ano, um recorde da iniciativa lançada em 2021, com a reunião de 50 vinícolas conveniadas ao projeto, incluindo algumas gigantes, como Almadén e Aurora. “Temos certeza de que o reconhecimento só vai aumentar nos próximos dez anos”, afirmou o especialista em entrevista.
Os desafios são muitos, principalmente de ordem tarifária, agora que os Estados Unidos, um dos principais mercados em potencial, decidiram taxar em 50% os produtos brasileiros. Mas o ritmo de exportações, que até poucos anos atrás era irrisório, parece manter-se em um patamar já relevante para os vitivinicultores do Brasil.
No primeiro semestre deste ano, já foram exportados 3 milhões de litros (alta de 30% sobre o mesmo período de 2024), ou US$ 5,6 milhões (+22%). “Como ainda somos muito jovens no mercado internacional, é importante manter algo entre US$ 10 milhões e US$ 14 milhões”, disse Romagna. Os negócios são fechados em eventos internacionais, como a ProWein, realizada em março, em Düsseldorf, na Alemanha.
“Quando falamos em mercado internacional, é tudo muito a passos de formiga. Mas o vinho brasileiro já está sendo reconhecido”, afirmou Romagna.
O Brasil disputa espaço com países do chamado Novo Mundo, como África do Sul, Argentina, Austrália, Chile e Nova Zelândia.
Segundo a International Organisation of Vine and Wine (OIV), que reúne 51 países responsáveis por 88% da oferta global de vinho, os três maiores produtores são Itália (19,5% do total), França (16,0%) e Espanha (13,7%).
O Top 10 traz ainda quatro países do Novo Mundo — Argentina em 5º (4,8%), Austrália em 6º (4,5%), Chile em 7º (4,1%) e África do Sul em 8º (3,9%). O Brasil aparece na 19ª posição (0,9%). “Temos, sim, expectativas em relação a esse mercado”, disse Romagna.
Saiba mais:
Produtores de champanhe dizem que ‘situação se tornará difícil’ com tarifaço de Trump
UE espera que bebidas destiladas e vinhos sejam atingidos com tarifa de 15% nos EUA
Fabricantes de destilados enfrentam um coquetel de desafios — de tarifas a abstêmios
Confira a seguir a entrevista completa com o executivo que está à frente da representação do vinho brasileiro no mundo:
AGÊNCIA DC NEWS – O que tem sido feito para promover a bebida no exterior?
RAFAEL ROMAGNA – Temos esse convênio setorial chamado Wines of Brasil. Dentro dele, um plano estratégico com ações estruturantes de comunicação e o nosso pilar, que são as ações promocionais. É o que mais repercute: o nosso carro-chefe são as feiras internacionais.
AGÊNCIA DC NEWS – E quais outras ações são realizadas?
RAFAEL ROMAGNA – Pelo menos quatro outras frentes. Uma delas são projetos voltados para o comprador, quando prospectamos clientes estrangeiros para realizar rodadas de negócios e visitas técnicas a vinícolas brasileiras. Outra são projetos de imagem, no mesmo formato, mas trazendo veículos jornalísticos de fora do país para visitas técnicas e para educá-los sobre o vinho brasileiro. Temos ainda eventos com embaixadas.
E toda a comunicação foi construída destacando o espumante como flagship do projeto.
Além disso, há várias ações estruturantes, desde capacitação até qualificação, para que as empresas compreendam o que querem e como exportar.
AGÊNCIA DC NEWS – Quais são os principais desafios e dificuldades para consolidar o vinho brasileiro no exterior?
RAFAEL ROMAGNA – Hoje, não há dificuldade alguma no que diz respeito à qualidade. Temos um produto muito bom, especialmente o espumante.
Porém, há um gargalo muito grande e histórico: a questão da precificação. Especialmente no pós-pandemia, com os entraves logísticos, tivemos de agregar muitos custos ao valor de venda.
AGÊNCIA DC NEWS – Como vocês lidam com essa situação?
RAFAEL ROMAGNA – É um gargalo que tentamos compensar por meio da promoção. Ou seja, precisamos mostrar nosso produto e explicar que ele possui valor agregado e custos embutidos. O principal gargalo são as barreiras burocráticas, como as tarifas impostas pelos Estados Unidos, além de outras barreiras tarifárias.
AGÊNCIA DC NEWS – O que pode ser feito na base produtiva para ajudar nas exportações?
RAFAEL ROMAGNA – Estamos realizando, via entidades, um trabalho estruturante. São várias etapas de qualificação e certificação. Por exemplo, orientamos o produtor a obter a certificação Global GAP, fundamental para exportar — ela qualifica e certifica o produto. Essa certificação é fornecida pelo Conselho de Indústrias do Rio Grande do Sul, por meio da nossa entidade, diretamente ao produtor.
AGÊNCIA DC NEWS – Por que o vinho brasileiro tem ganhado mais expressão nos Estados Unidos, atrás apenas do Paraguai em volume de compras?
RAFAEL ROMAGNA – É um mercado trabalhado desde o início do projeto. Deu certo, e algumas vinícolas estabeleceram raízes ali. Desde aquela época, já atuavam nos EUA e investiram muito também. Hoje, temos vinícolas com brand ambassadors (embaixadores de marca) no país. Isso funcionou porque os esforços do projeto e das vinícolas se unificaram, e esse mercado acabou se tornando viável para o setor.
AGÊNCIA DC NEWS – Além do vinho do Sul, a bebida produzida em Pernambuco também está sendo exportada?
RAFAEL ROMAGNA – Sim, de forma mais lenta, porque a vitivinicultura local começou a se desenvolver recentemente. Inclusive, houve um projeto de imagem com produtores pernambucanos em julho. Está sendo exportado, sim, e é muito importante, pois essa região evidencia a pujança do Brasil em relação à produção.
AGÊNCIA DC NEWS – O quão significativa é essa exportação?
RAFAEL ROMAGNA – Graças a essa produção, já conseguimos apresentar uma temática surpreendente para compradores e jornalistas: os vinhos tropicais. Temos vinhos tropicais no Nordeste, vinhos de inverno na região Sudeste e vinhos tradicionais no Rio Grande do Sul. É uma pauta incrível para nós.
AGÊNCIA DC NEWS – Por que o espumante é o tipo mais vendido?
RAFAEL ROMAGNA – Porque é realmente o nosso carro-chefe. Ele foi reconhecido internacionalmente. Claro que hoje temos muitos outros vinhos que também estão ganhando destaque, mas quem abriu caminho para o vinho brasileiro foi o espumante.
Graças às ações promocionais e ao histórico de premiações, o espumante se consolidou e se tornou um propulsor das exportações de todo o setor.
AGÊNCIA DC NEWS – Seria possível conquistar um espaço relevante em países como a França (27º destino das exportações brasileiras de vinho, com apenas US$ 33 mil)?
RAFAEL ROMAGNA – É um país muito competitivo, pela tradição e pioneirismo na qualidade dos vinhos. Mas temos, sim, expectativas em relação a esse mercado. Neste ano, realizamos duas ações promocionais lá: a primeira em parceria com a Embaixada do Brasil e a segunda, logo depois, na Feira Wine Paris. É um evento já importante e que vem ganhando relevância. Foi nossa primeira participação.
AGÊNCIA DC NEWS – E como tem sido o retorno?
RAFAEL ROMAGNA – Tivemos muito movimento e um feedback muito positivo. Há muitos brasileiros trabalhando nesse setor, como sommeliers e chefs de cozinha com restaurantes lá. Acreditamos que, nas devidas proporções, podemos conquistar um espaço no mercado francês.
AGÊNCIA DC NEWS – A viticultura brasileira é um páreo para quais países?
RAFAEL ROMAGNA – Em termos gerais, competimos com os países do Novo Mundo: Austrália, Nova Zelândia, Argentina e Chile, que já têm reconhecimento internacional. Geralmente, quem consome esse tipo de bebida procura vinhos do Novo Mundo.
Mas a promoção deles, inclusive com apoio governamental, é muito mais intensa. São mais agressivos nesse sentido. A Austrália, por exemplo, é um modelo — eles têm um plano estratégico muito eficiente.
AGÊNCIA DC NEWS – Quais serão as próximas ações?
RAFAEL ROMAGNA – No final de setembro, realizaremos um projeto comprador na feira ProWine, em São Paulo. Em outubro, um projeto de imagem no Sul e no Nordeste. Por fim, em novembro, participaremos da feira ProWine Shanghai, na China.
AGÊNCIA DC NEWS – Quais são as metas para 2025?
RAFAEL ROMAGNA – Este ano batemos o recorde: 50 empresas brasileiras, de sete estados, conveniadas ao projeto. Nossa meta era 45, e a superamos.
AGÊNCIA DC NEWS – Como vocês veem o vinho brasileiro nos próximos dez anos?
RAFAEL ROMAGNA – Em termos de qualidade, certamente teremos protagonismo em algum momento, pois essa é uma tendência que está se consolidando. Essas missões estão realmente trazendo reconhecimento ao vinho brasileiro. Acreditamos no produto e temos certeza de que o reconhecimento só vai aumentar ao longo dos próximos dez anos.
—
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
Mais lidas
Lula e Putin conversam por telefone sobre BRICS, EUA e guerra na Ucrânia
Lucro de Itaú, Bradesco e Santander vai a R$ 21 bilhões
Varejo projeta quase R$ 8 bilhões em vendas no Dia dos Pais, maior valor desde 2014
Índia suspende planos de compra de armas dos EUA após tarifas de Trump, diz agência
Tiroteio na Times Square em Nova York deixa três feridos