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Missões para promover vinho brasileiro no exterior reúnem 50 vinícolas; vendas superam US$ 10 milhões

Publicado 09/08/2025 • 18:11 | Atualizado há 2 horas

Agência DC News

KEY POINTS

  • Exportações brasileiras de vinho somaram 5,8 milhões de litros e US$ 10,8 milhões em 2024, com Paraguai e EUA como principais mercados.
  • No 1º semestre de 2025, exportações cresceram 30% em volume e 22% em receita, impulsionadas por ações da Apex Brasil e Consevitis-RS.
  • Espumante gaúcho é destaque internacional, mas enfrenta barreiras tarifárias, como imposto de 50% dos EUA.
Produtores de vinhos e destilados se sentem esquecidos pelo acordo fechado entre Trump e União Europeia

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Ainda pouco expressivo no mercado internacional, o vinho brasileiro, especialmente o espumante produzido em solo gaúcho, é uma promessa para os negociantes da bebida.

O produto vem se destacando nas missões internacionais promovidas pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), em parceria com o Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS).

No ano passado, a presença dessas instituições em feiras internacionais contribuiu para que as exportações totais brasileiras somassem 5,8 milhões de litros, ou US$ 10,8 milhões. Quase dois terços (em valores) foram destinados a dois países: Paraguai (49% do total) e Estados Unidos (9,6%).

Rafael Romagna, gerente de marketing da Wines of Brazil, comemora, para este ano, um recorde da iniciativa lançada em 2021, com a reunião de 50 vinícolas conveniadas ao projeto, incluindo algumas gigantes, como Almadén e Aurora. “Temos certeza de que o reconhecimento só vai aumentar nos próximos dez anos”, afirmou o especialista em entrevista.

Os desafios são muitos, principalmente de ordem tarifária, agora que os Estados Unidos, um dos principais mercados em potencial, decidiram taxar em 50% os produtos brasileiros. Mas o ritmo de exportações, que até poucos anos atrás era irrisório, parece manter-se em um patamar já relevante para os vitivinicultores do Brasil.

No primeiro semestre deste ano, já foram exportados 3 milhões de litros (alta de 30% sobre o mesmo período de 2024), ou US$ 5,6 milhões (+22%). “Como ainda somos muito jovens no mercado internacional, é importante manter algo entre US$ 10 milhões e US$ 14 milhões”, disse Romagna. Os negócios são fechados em eventos internacionais, como a ProWein, realizada em março, em Düsseldorf, na Alemanha.

“Quando falamos em mercado internacional, é tudo muito a passos de formiga. Mas o vinho brasileiro já está sendo reconhecido”, afirmou Romagna.

O Brasil disputa espaço com países do chamado Novo Mundo, como África do Sul, Argentina, Austrália, Chile e Nova Zelândia.

Segundo a International Organisation of Vine and Wine (OIV), que reúne 51 países responsáveis por 88% da oferta global de vinho, os três maiores produtores são Itália (19,5% do total), França (16,0%) e Espanha (13,7%).

O Top 10 traz ainda quatro países do Novo Mundo — Argentina em 5º (4,8%), Austrália em 6º (4,5%), Chile em 7º (4,1%) e África do Sul em 8º (3,9%). O Brasil aparece na 19ª posição (0,9%). “Temos, sim, expectativas em relação a esse mercado”, disse Romagna.

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Confira a seguir a entrevista completa com o executivo que está à frente da representação do vinho brasileiro no mundo:

AGÊNCIA DC NEWS – O que tem sido feito para promover a bebida no exterior?

RAFAEL ROMAGNA – Temos esse convênio setorial chamado Wines of Brasil. Dentro dele, um plano estratégico com ações estruturantes de comunicação e o nosso pilar, que são as ações promocionais. É o que mais repercute: o nosso carro-chefe são as feiras internacionais.

AGÊNCIA DC NEWS – E quais outras ações são realizadas?

RAFAEL ROMAGNA – Pelo menos quatro outras frentes. Uma delas são projetos voltados para o comprador, quando prospectamos clientes estrangeiros para realizar rodadas de negócios e visitas técnicas a vinícolas brasileiras. Outra são projetos de imagem, no mesmo formato, mas trazendo veículos jornalísticos de fora do país para visitas técnicas e para educá-los sobre o vinho brasileiro. Temos ainda eventos com embaixadas.

E toda a comunicação foi construída destacando o espumante como flagship do projeto.

Além disso, há várias ações estruturantes, desde capacitação até qualificação, para que as empresas compreendam o que querem e como exportar.

AGÊNCIA DC NEWS – Quais são os principais desafios e dificuldades para consolidar o vinho brasileiro no exterior?

RAFAEL ROMAGNA – Hoje, não há dificuldade alguma no que diz respeito à qualidade. Temos um produto muito bom, especialmente o espumante.

Porém, há um gargalo muito grande e histórico: a questão da precificação. Especialmente no pós-pandemia, com os entraves logísticos, tivemos de agregar muitos custos ao valor de venda.

AGÊNCIA DC NEWS – Como vocês lidam com essa situação?

RAFAEL ROMAGNA – É um gargalo que tentamos compensar por meio da promoção. Ou seja, precisamos mostrar nosso produto e explicar que ele possui valor agregado e custos embutidos. O principal gargalo são as barreiras burocráticas, como as tarifas impostas pelos Estados Unidos, além de outras barreiras tarifárias.

AGÊNCIA DC NEWS – O que pode ser feito na base produtiva para ajudar nas exportações?

RAFAEL ROMAGNA – Estamos realizando, via entidades, um trabalho estruturante. São várias etapas de qualificação e certificação. Por exemplo, orientamos o produtor a obter a certificação Global GAP, fundamental para exportar — ela qualifica e certifica o produto. Essa certificação é fornecida pelo Conselho de Indústrias do Rio Grande do Sul, por meio da nossa entidade, diretamente ao produtor.

AGÊNCIA DC NEWS – Por que o vinho brasileiro tem ganhado mais expressão nos Estados Unidos, atrás apenas do Paraguai em volume de compras?

RAFAEL ROMAGNA – É um mercado trabalhado desde o início do projeto. Deu certo, e algumas vinícolas estabeleceram raízes ali. Desde aquela época, já atuavam nos EUA e investiram muito também. Hoje, temos vinícolas com brand ambassadors (embaixadores de marca) no país. Isso funcionou porque os esforços do projeto e das vinícolas se unificaram, e esse mercado acabou se tornando viável para o setor.

AGÊNCIA DC NEWS – Além do vinho do Sul, a bebida produzida em Pernambuco também está sendo exportada?

RAFAEL ROMAGNA – Sim, de forma mais lenta, porque a vitivinicultura local começou a se desenvolver recentemente. Inclusive, houve um projeto de imagem com produtores pernambucanos em julho. Está sendo exportado, sim, e é muito importante, pois essa região evidencia a pujança do Brasil em relação à produção.

AGÊNCIA DC NEWS – O quão significativa é essa exportação?

RAFAEL ROMAGNA – Graças a essa produção, já conseguimos apresentar uma temática surpreendente para compradores e jornalistas: os vinhos tropicais. Temos vinhos tropicais no Nordeste, vinhos de inverno na região Sudeste e vinhos tradicionais no Rio Grande do Sul. É uma pauta incrível para nós.

AGÊNCIA DC NEWS – Por que o espumante é o tipo mais vendido?

RAFAEL ROMAGNA – Porque é realmente o nosso carro-chefe. Ele foi reconhecido internacionalmente. Claro que hoje temos muitos outros vinhos que também estão ganhando destaque, mas quem abriu caminho para o vinho brasileiro foi o espumante.

Graças às ações promocionais e ao histórico de premiações, o espumante se consolidou e se tornou um propulsor das exportações de todo o setor.

AGÊNCIA DC NEWS – Seria possível conquistar um espaço relevante em países como a França (27º destino das exportações brasileiras de vinho, com apenas US$ 33 mil)?

RAFAEL ROMAGNA – É um país muito competitivo, pela tradição e pioneirismo na qualidade dos vinhos. Mas temos, sim, expectativas em relação a esse mercado. Neste ano, realizamos duas ações promocionais lá: a primeira em parceria com a Embaixada do Brasil e a segunda, logo depois, na Feira Wine Paris. É um evento já importante e que vem ganhando relevância. Foi nossa primeira participação.

AGÊNCIA DC NEWS – E como tem sido o retorno?

RAFAEL ROMAGNA – Tivemos muito movimento e um feedback muito positivo. Há muitos brasileiros trabalhando nesse setor, como sommeliers e chefs de cozinha com restaurantes lá. Acreditamos que, nas devidas proporções, podemos conquistar um espaço no mercado francês.

AGÊNCIA DC NEWS – A viticultura brasileira é um páreo para quais países?

RAFAEL ROMAGNA – Em termos gerais, competimos com os países do Novo Mundo: Austrália, Nova Zelândia, Argentina e Chile, que já têm reconhecimento internacional. Geralmente, quem consome esse tipo de bebida procura vinhos do Novo Mundo.

Mas a promoção deles, inclusive com apoio governamental, é muito mais intensa. São mais agressivos nesse sentido. A Austrália, por exemplo, é um modelo — eles têm um plano estratégico muito eficiente.

AGÊNCIA DC NEWS – Quais serão as próximas ações?

RAFAEL ROMAGNA – No final de setembro, realizaremos um projeto comprador na feira ProWine, em São Paulo. Em outubro, um projeto de imagem no Sul e no Nordeste. Por fim, em novembro, participaremos da feira ProWine Shanghai, na China.

AGÊNCIA DC NEWS – Quais são as metas para 2025?

RAFAEL ROMAGNA – Este ano batemos o recorde: 50 empresas brasileiras, de sete estados, conveniadas ao projeto. Nossa meta era 45, e a superamos.

AGÊNCIA DC NEWS – Como vocês veem o vinho brasileiro nos próximos dez anos?

RAFAEL ROMAGNA – Em termos de qualidade, certamente teremos protagonismo em algum momento, pois essa é uma tendência que está se consolidando. Essas missões estão realmente trazendo reconhecimento ao vinho brasileiro. Acreditamos no produto e temos certeza de que o reconhecimento só vai aumentar ao longo dos próximos dez anos.

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