‘Países afetados pelas tarifas de Trump podem formar novas coalizões comerciais’, aponta economista
Publicado 15/03/2025 • 20:37 | Atualizado há 6 horas
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Publicado 15/03/2025 • 20:37 | Atualizado há 6 horas
KEY POINTS
A imposição de uma tarifa de 25% sobre a importação de aço e alumínio pelos Estados Unidos, decidida pelo presidente Donald Trump, tem gerado debates sobre os efeitos dessa medida na economia global.
De acordo com o economista e advogado especializado em Comércio Exterior, Alessandro Azzoni, que foi entrevistado no Jornal Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC, essa tarifa pode exacerbar os problemas já enfrentados pela economia mundial, especialmente em um momento de desaceleração econômica impulsionada pela pandemia de COVID-19 e pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
A medida de Trump não só afeta diretamente os países exportadores de aço e alumínio, mas também pode gerar um aumento na inflação global, afetando os consumidores de todo o mundo.
Azzoni ressaltou que o impacto da tarifa será sentido principalmente em países como China, Brasil, México e na União Europeia, que já enfrentam dificuldades econômicas devido a uma série de fatores, como a escassez de insumos e a alta nos preços de energia e alimentos.
Ele explicou que a imposição de tarifas pode resultar em uma resposta de retaliação, onde esses países poderiam aumentar suas tarifas sobre os produtos americanos, elevando o custo das mercadorias para seus consumidores.
“Quando você coloca uma política como a do Trump, que cria tarifas que impactam diretamente nas exportações e importações, os países afetados precisam dar uma resposta. Eles aumentam suas tarifas para os produtos americanos, e com isso, os produtos vão chegar mais caros para os seus consumidores. Ou seja, você vai potencializar o processo de inflação. Isso pode gerar até uma redução no crescimento do PIB mundial, que pode cair até 0,88% em 2025”, afirmou.
Ele também explicou que a formação de coalizões internacionais é uma consequência provável dessa política. Países afetados, como China, Brasil, Canadá e os membros do Mercosul, podem buscar novos blocos comerciais para direcionar suas exportações e evitar os impactos das tarifas. Isso pode enfraquecer ainda mais as economias dos países que impuseram as tarifas, como os EUA, e fortalecer a criação de novos blocos comerciais.
“Esses blocos que estão sendo afetados podem se unir de uma certa forma, criando coalizões internacionais. Eles podem direcionar suas exportações para o mercado que estão perdendo no mercado americano, fortalecendo novos arranjos comerciais. Já vimos isso na guerra da Ucrânia, onde a Rússia, ao ser isolada do mercado ocidental, formou um bloco forte com a China e outros países orientais”, afirmou o economista.
Azzoni também destacou que, apesar da tentativa de Trump de reviver o modelo econômico “Made in USA”, a realidade atual do mercado global tornou esse modelo insustentável. O custo de produção nos EUA é alto, em parte devido aos sindicatos e à falta de competitividade de mão de obra, o que torna difícil para os produtos americanos concorrerem com os de outros países com custos mais baixos. Esse fator, combinado com a globalização e a busca das empresas por custos mais baixos em outros países, tem dificultado a aplicação da política protecionista.
“O ‘Made in USA’ não cabe mais por causa do alto custo da mão de obra e até pelos próprios sindicatos que dentro dos Estados Unidos fizeram com que as indústrias americanas procurassem outros lugares, como Taiwan, Hong Kong e a própria China, para abrir suas plantas de fabricação. Não tem como voltar ao modelo do ‘Made in USA’ dos anos 70 ou 80, ele simplesmente não funciona mais”, declarou Azzoni.
O economista também falou sobre os desafios que o Brasil enfrenta com as tarifas impostas por Trump. Embora as tarifas possam prejudicar as exportações brasileiras, Azzoni sugeriu que o Brasil deve adotar uma postura mais neutra, evitando ceder completamente às pressões dos EUA, e buscar acordos bilaterais vantajosos para a economia brasileira.
“Eu acho que o Brasil tem que agir de forma estratégica. Devemos procurar nossos próprios players e manter os acordos bilaterais. Nós fazemos parte do Mercosul e temos grandes exportações para a China, o que não podemos fazer é sacrificar nossos interesses comerciais por causa das tarifas impostas pelos EUA. Precisamos manter uma negociação cuidadosa e levar em consideração nossos parceiros comerciais”, concluiu.
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