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A corda dos altos juros sufoca cada vez mais as empresas
Publicado 14/07/2025 • 18:48 | Atualizado há 12 horas
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Publicado 14/07/2025 • 18:48 | Atualizado há 12 horas
O Brasil bateu mais um recorde — e, mais uma vez, ninguém comemorou. Ao contrário, silenciou. Em abril de 2025, 7,5 milhões de empresas brasileiras encerraram o mês com contas vencidas - mais 800 mil empresas, ou, aumento de 11,9% comparado com abril de 2024.
Destas, 7,1 milhões — ou seja, 95% — são micro e pequenas. É o maior número de inadimplência empresarial já registrado pela Serasa Experian, uma fonte primária respeitada e amplamente utilizada por bancos e formuladores de política.
Estamos falando de R$ 177 bilhões em dívidas empresariais - mais R$ 39 bilhões, ou, aumento de 28% em um ano, dos quais R$ 152,4 bilhões se concentram em pequenos negócios. O dado é ainda mais contundente quando se observa o universo das empresas ativas no país: 32,5% estão inadimplentes. Ou seja, a cada três CNPJs funcionando, um está negativado. O Brasil não tem apenas um problema de crédito. Tem um colapso silencioso de base produtiva.
Empresas pequenas sempre foram vendidas como solução nacional. Comerciais de banco as celebram como motor da economia, vitrine de empreendedorismo, símbolo de mobilidade social. Mas o que temos hoje é um cemitério silencioso de CNPJs.
Para cada empresa inadimplente, há em média 7,3 dívidas vencidas, com tíquete médio de R$ 3.227,80. O setor mais afetado? Serviços, com 53,3% dos negativados, seguido por comércio (34,5%).
Tem explicação, são os setores mais pulverizados, menos capitalizados e mais dependentes de giro imediato.
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Não é exceção: é asfixia estrutural
Não se trata de má gestão ou mera “falta de planejamento”, como se ouve em seminários e entrevistas. O nome real do problema é outro: asfixia estrutural.
Juros elevados, crédito concentrado em poucos agentes, exigência de garantias inalcançáveis, impostos que penalizam quem transaciona — e tudo isso em um ambiente de política monetária de um governo que não pratica disciplina fiscal, que traz aumento de juros para todos e que cobra a disciplina fiscal de quem mal consegue pagar a taxa da maquininha.
Mesmo assim, os pequenos continuam buscando crédito. E com mais intensidade. Em maio, a demanda das micro e pequenas por financiamento cresceu 16,7% em relação ao mesmo mês de 2024. Em todas as Unidades da Federação houve aumento — com destaque para Mato Grosso (25,7%), Espírito Santo (24,4%) e Goiás (20,3%). É uma busca desesperada, não por expansão, mas por fôlego. O crédito virou bote salva-vidas para empresas em afogamento lento.
O que mais chama atenção nesse cenário é o paradoxo cruel que se instalou no coração da economia real: quanto mais altos os juros, mais as empresas precisam recorrer ao crédito.
E quanto mais caro o crédito, mais asfixiadas elas ficam — o que as leva, inacreditavelmente, a buscar ainda mais empréstimos. É um ciclo vicioso, quase absurdo, mas real: mesmo com a Selic em dois dígitos, a demanda por crédito entre micro e pequenas cresceu 16,7% em maio. O juro, que deveria inibir o endividamento, passou a alimentá-lo. O crédito não é mais usado para investir ou crescer — é usado para não morrer.
Esse paradoxo só se sustenta porque o sistema financeiro opera em lógica inversa ao ciclo da pequena empresa. Quando o empreendedor precisa, o banco recua. Quando o crédito aparece, já é tarde. O resultado: financiamentos caros, de curto prazo, com juros extorsivos, muitas vezes concedidos por fintechs, factorings e instituições não bancárias que cobram o preço da pressa. A dívida, nesses casos, não financia capital produtivo. Ela retarda a morte.
A escalada das recuperações judiciais
Não à toa, os pedidos de recuperação judicial cresceram. Em abril, foram 167 no total — e quase 80% (132) partiram de micro e pequenas empresas. O setor primário lidera a lista, seguido por serviços, comércio e indústria. Já os pedidos de falência, que também aumentaram, vieram majoritariamente dessas mesmas pequenas — 37 dos 61 registrados no mês. Trata-se de um esvaziamento da microeconomia, com efeitos que ainda não foram precificados pela macroeconomia.
Crédito público: muito para poucos
A ironia trágica é que o crédito público tampouco corrige o desequilíbrio. Em 2023, dos R$ 92 bilhões desembolsados pelo BNDES às MPMEs, mais da metade foi para médias empresas. As micro e pequenas ficaram com o que sempre sobra: programas de garantias que não escalam, linhas de crédito com exigências incompatíveis com a realidade do pequeno empreendedor, e prazos que não dialogam com o ciclo de caixa.
A inadimplência empresarial, nesse contexto, não é apenas um sintoma. É um termômetro da falência institucional de um sistema que exige, mas não ampara. Que cobra disciplina, mas nega acesso. Que exige formalidade, mas entrega crédito informal. Quando um terço da base produtiva está negativada, o problema não é mais da empresa. É do sistema.
Não se pode culpar o empreendedor por navegar em mar revolto sem colete. A pergunta que fica é: até quando vamos aceitar que o custo do combate à inflação seja a morte lenta de quem produz renda e sustenta o emprego no país?
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