Argentina: a economia parou de piorar?
Publicado 07/04/2025 • 18:42 | Atualizado há 6 horas
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Publicado 07/04/2025 • 18:42 | Atualizado há 6 horas
Javier Milei assumiu o governo da Argentina em 2024 herdando de Alberto Fernandez inflação mensal que em dezembro de 2023 se encontrava em 26% e anual em 211%.
Dada a inercia inflacionária, em fevereiro de 2024 a inflação acumulada em 12 meses já estava em 276%, porém, após um ano, esta já se encontrava em 67%.
Apesar de ainda estar alta, é muito menos que um ano anterior, mas o mais importante, é que a inflação caiu dramaticamente e lá continua indicando acerto pelo menos no processo no que tange à este aspecto.
CBA é a canastra básica de alimentos e CBT é a canastra básica total, equivalentes à nossas cestas básicas.
A CBT é a CBA incluindo despesas de transporte saúde e habitação. Estas cestas de consumo são utilizadas como parâmetros para traçar os índices de Indigência e Pobreza.
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As famílias que não têm renda nem para comprar uma CBA, estão no índice de indigência, aquelas que não tem renda para comprar uma CBT estão no índice de pobreza. Quantificando, em valores atuais uma CBA representa algo como R$ 800,00 e uma CBT R$ 1.800,00.
Repare agora na tabela abaixo como a inflação acumulada de 12 meses para as CBA e CBT ultrapassava até a inflação geral em fevereiro de 2024 e como em um ano estas apresentam inflação acumulada de 12 meses abaixo da inflação geral.
Fica evidente que um ano atrás a inflação dos mais pobres era mais elevada, prejudicando ainda mais esta camada da população que sabemos naturalmente já sofre mais com os efeitos da inflação.
A seguir vamos comparar para dezembro de 2023, para junho e dezembro de 2024 as variáveis inflação geral mensal, taxa de pobreza, taxa de indigência e a taxa de desocupação.
De dezembro 2023 para dezembro 2024 a Inflação Geral caiu 22,8 p.p., a Taxa de Pobreza caiu 3,6 p.p., a Taxa de Indigência caiu 3,7 p.p. e a Taxa de desocupação subiu 0,7 p.p.
Fica evidente como a queda da taxa de inflação acabou por derrubar também as inflações da CBA e CBT. Com menor pressão inflacionária nas cestas, estas se tornaram mais acessíveis, por consequência, diminuindo as taxas de Pobreza e Indigência, mesmo tendo ocorrido aumento do desemprego no mesmo período.
Tendo apresentado os números tabelados, para melhor compreensão vamos mostrar estes em forma de gráficos.
Abaixo vemos de janeiro 2023 até fevereiro de 2025, que é o último dado disponível, a evolução da inflação geral mensal em barras vermelhas, a inflação mensal da CBT em barras cinza e a linha verde que representa o índice de pobreza que é um dado semestral.
Podemos ver que em muitos meses de 2023 a inflação da CBT esteve acima da inflação geral e que desde abril de 2024 a inflação mensal da CBT vem se mantendo abaixo da inflação geral.
Também podemos observar pela linha verde, que representa o índice de pobreza, e que havia subido no primeiro semestre de 2024, já se encontra abaixo do segundo semestre de 2023.
Mantendo as barras vermelhas da Inflação Geral como referência, agora vemos a linha laranja representando a taxa de desocupação, que aumentou em 2024, se encontra em ritmo de queda apesar de ainda se encontrar acima do final de 2023.
Por sua vez, a linha verde representa o índice de reajuste dos salários. Chama atenção que desde fevereiro de 2024 até novembro do mesmo ano, este reajuste esteve acima da inflação geral. Desta forma houve aumento do poder aquisitivo.
Dado que a escalada da inflação, como sabemos, atinge os mais pobres, este empobrecimento se dá de forma ainda mais acentuada quando os itens mais consumidos pelos mais pobres sobe acima da média geral.
A reversão apresentada na economia argentina mostra que o reverso é verdadeiro.
Ainda, com o aumento real dos salários, e por consequência do poder de compra, os índices de pobreza e de indigência apresentaram queda.
Ainda há vários aspectos da Economia argentina que ainda precisam ser resolvidos, mas pode ser que a solução para debelar o problema da inflação crônica esteja no caminho certo.
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