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Tarifas de Trump: a verdade por trás destes aumentos
Publicado 15/07/2025 • 19:13 | Atualizado há 13 horas
Publicado 15/07/2025 • 19:13 | Atualizado há 13 horas
MARK SCHIEFELBEIN/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
01/07/2025 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fala com a imprensa antes de atravessar o gramado sul da Casa Branca, em Washington (DC), para embarcar no Marine One a caminho da Base Conjunta Andrews, no estado de Maryland, e seguir rumo à Flórida.
Com a dívida dos Estados Unidos superando US$ 36 trilhões e atingindo quase 120% do PIB, e o pagamento anual de juros sobre essa dívida ultrapassando US$ 1 trilhão, o governo Trump reacendeu um velho expediente para enfrentar déficits crônicos sem cortar despesas: elevar tarifas de importação.
Segundo cálculos aproximados deste autor, se as tarifas atuais forem mantidas e os volumes importados permanecessem semelhantes aos de 2024, ceteris paribus, os EUA poderiam arrecadar até US$ 650 bilhões adicionais por ano.
Esse montante equivale a mais de 60% do gasto anual com juros da dívida e representaria uma nova fonte de receita para o governo.
As tarifas médias subiram de patamares entre 3% e 10% para níveis entre 25% e 50%, dependendo do país e do setor.
Segundo o Yale Budget Lab, as tarifas subiram em media de 2,5% para 20,6% caso sejam implementadas de acordo com os dados de 14 de julho de 2025, o maior valor desde 1910.
Junho de 2025
Vejamos, agora em junho, os EUA registraram um superávit orçamentário de US$ 27 bilhões, impulsionado por uma arrecadação tarifária recorde de US$ 26,6 bilhões, esse valor representa mais do que o quádruplo do arrecadado no mesmo mês de 2024 (US$ 6,3 bilhões) e já supera todos os registros da última década.
O salto está diretamente ligado à nova rodada de aumentos de tarifas implementada pelo governo Trump entre abril e maio deste ano.
Em junho, o Tesouro americano desembolsou US$ 84 bilhões em juros da dívida, valor que, embora elevado, foi parcialmente coberto pela arrecadação extra das tarifas.
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É importante esclarecer: quando os EUA aumentam tarifas, quem paga não são os países exportadores, mas os importadores locais — e, no fim da cadeia, o consumidor norte-americano.
O Tesouro arrecada, sim. Mas o custo dessa arrecadação recai sobre a classe média americana, sobre empresas que dependem de insumos estrangeiros e sobre uma cadeia produtiva profundamente globalizada. Muitos dos produtos taxados, como eletrônicos, roupas, autopeças e fertilizantes, não têm substituto imediato no mercado doméstico.
A elevação tarifária, portanto, transfere parte da carga tributária do governo para os consumidores, sem resolver o desequilíbrio fiscal estrutural. Apenas o posterga, à custa de aumento de preços internos e risco inflacionário.
O déficit comercial dos EUA gira em torno de US$ 1,3 trilhão por ano — com US$ 3,1 trilhões em importações e US$ 1,8 trilhão em exportações. A lógica de Trump é linear: se importamos demais, subimos tarifas; se exportamos pouco, exigimos que os outros reduzam as suas.
Um raciocínio imaturo, que ignora os desafios reais da economia americana.
Para reverter o déficit, os EUA precisariam:
Ou seja: o ajuste não é automático, nem imediato. E, enquanto ele não acontece, o efeito mais provável é o aumento da inflação interna.
O crescimento das tarifas pode até gerar superávits mensais pontuais e aliviar temporariamente a conta dos juros. Mas não é uma política fiscal estruturante. Não corrige a trajetória da dívida. Não reduz a dependência do financiamento via emissão de títulos. E não fortalece, de forma sustentável, a competitividade americana.
É, na prática, uma manobra emergencial disfarçada de patriotismo comercial. E que, no fim, será paga por quem consome, produz e investe nos Estados Unidos.
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