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CNBC Rendimentos dos títulos do Japão atingem máximas em décadas com temor fiscal antes das eleições

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Tarifas de Trump: a verdade por trás destes aumentos

Publicado 15/07/2025 • 19:13 | Atualizado há 13 horas

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Alberto Ajzental

Analista Econômico do Jornal Times Brasil e do Money Times, é Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Administração de Empresas com ênfase em Economia pela FGV. Atuou como Professor de Economia e Estratégia de Negócios na EESP-FGV e atualmente coordena Curso Desenvolvimento de Negócios Imobiliários na EAESP-FGV. Trabalha há mais de 30 anos no mercado imobiliário de São Paulo, em incorporadoras e construtoras de alto padrão, assim como em fundo imobiliário. Atualmente é CEO de importante empresa patrimonialista imobiliária.

01/07/2025 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fala com a imprensa antes de atravessar o gramado sul da Casa Branca, em Washington (DC), para embarcar no Marine One a caminho da Base Conjunta Andrews, no estado de Maryland, e seguir rumo à Flórida.

MARK SCHIEFELBEIN/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

01/07/2025 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fala com a imprensa antes de atravessar o gramado sul da Casa Branca, em Washington (DC), para embarcar no Marine One a caminho da Base Conjunta Andrews, no estado de Maryland, e seguir rumo à Flórida.

Com a dívida dos Estados Unidos superando US$ 36 trilhões e atingindo quase 120% do PIB, e o pagamento anual de juros sobre essa dívida ultrapassando US$ 1 trilhão, o governo Trump reacendeu um velho expediente para enfrentar déficits crônicos sem cortar despesas: elevar tarifas de importação.

Receita extraordinária: até US$ 650 bilhões por ano

Segundo cálculos aproximados deste autor, se as tarifas atuais forem mantidas e os volumes importados permanecessem semelhantes aos de 2024, ceteris paribus, os EUA poderiam arrecadar até US$ 650 bilhões adicionais por ano.

Esse montante equivale a mais de 60% do gasto anual com juros da dívida e representaria uma nova fonte de receita para o governo.

As tarifas médias subiram de patamares entre 3% e 10% para níveis entre 25% e 50%, dependendo do país e do setor.

Segundo o Yale Budget Lab, as tarifas subiram em media de 2,5% para 20,6% caso sejam implementadas de acordo com os dados de 14 de julho de 2025, o maior valor desde 1910.

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Junho de 2025

Vejamos, agora em junho, os EUA registraram um superávit orçamentário de US$ 27 bilhões, impulsionado por uma arrecadação tarifária recorde de US$ 26,6 bilhões, esse valor representa mais do que o quádruplo do arrecadado no mesmo mês de 2024 (US$ 6,3 bilhões) e já supera todos os registros da última década.

O salto está diretamente ligado à nova rodada de aumentos de tarifas implementada pelo governo Trump entre abril e maio deste ano.

Em junho, o Tesouro americano desembolsou US$ 84 bilhões em juros da dívida, valor que, embora elevado, foi parcialmente coberto pela arrecadação extra das tarifas.

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Quem paga esta conta e quais as consequências?

É importante esclarecer: quando os EUA aumentam tarifas, quem paga não são os países exportadores, mas os importadores locais — e, no fim da cadeia, o consumidor norte-americano.

O Tesouro arrecada, sim. Mas o custo dessa arrecadação recai sobre a classe média americana, sobre empresas que dependem de insumos estrangeiros e sobre uma cadeia produtiva profundamente globalizada. Muitos dos produtos taxados, como eletrônicos, roupas, autopeças e fertilizantes, não têm substituto imediato no mercado doméstico.

A elevação tarifária, portanto, transfere parte da carga tributária do governo para os consumidores, sem resolver o desequilíbrio fiscal estrutural. Apenas o posterga, à custa de aumento de preços internos e risco inflacionário.

Déficit comercial: uma solução simplista para um problema estrutural

O déficit comercial dos EUA gira em torno de US$ 1,3 trilhão por ano — com US$ 3,1 trilhões em importações e US$ 1,8 trilhão em exportações. A lógica de Trump é linear: se importamos demais, subimos tarifas; se exportamos pouco, exigimos que os outros reduzam as suas.

Um raciocínio imaturo, que ignora os desafios reais da economia americana.

Para reverter o déficit, os EUA precisariam:

  • Aumentar investimento produtivo, o que demanda confiança em instituições e regras estáveis;
  • Importar mais matérias-primas, o que ficou mais caro com o aumento de tarifas;
  • Contratar mais mão de obra, difícil num país já em pleno emprego e com deportação de imigrantes, justamente a mão de obra mais barata e que faz falta;
  • Expandir capacidade energética e logística, num momento de sobrecarga e demanda por IA.

Ou seja: o ajuste não é automático, nem imediato. E, enquanto ele não acontece, o efeito mais provável é o aumento da inflação interna.

Solução ou remendo?

O crescimento das tarifas pode até gerar superávits mensais pontuais e aliviar temporariamente a conta dos juros. Mas não é uma política fiscal estruturante. Não corrige a trajetória da dívida. Não reduz a dependência do financiamento via emissão de títulos. E não fortalece, de forma sustentável, a competitividade americana.

É, na prática, uma manobra emergencial disfarçada de patriotismo comercial. E que, no fim, será paga por quem consome, produz e investe nos Estados Unidos.

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