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EUA atacam o Irã e atingem Rússia e China

Publicado 24/06/2025 • 18:52 | Atualizado há 1 dia

Por Alberto Ajzental

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Alberto Ajzental

Analista Econômico do Jornal Times Brasil e do Money Times, é Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Administração de Empresas com ênfase em Economia pela FGV. Atuou como Professor de Economia e Estratégia de Negócios na EESP-FGV e atualmente coordena Curso Desenvolvimento de Negócios Imobiliários na EAESP-FGV. Trabalha há mais de 30 anos no mercado imobiliário de São Paulo, em incorporadoras e construtoras de alto padrão, assim como em fundo imobiliário. Atualmente é CEO de importante empresa patrimonialista imobiliária.

KEY POINTS

  • Na noite de 21 de junho de 2025, os Estados Unidos deixaram claro que não vão mais tolerar ambiguidades nucleares sob montanhas.
  • Com o bombardeio de três instalações estratégicas — Fordow, Natanz e Esfahan — Donald Trump não apenas destruiu a espinha dorsal do programa atômico iraniano.

O Irã cometeu um erro grave de cálculo. Ao acionar seus prepostos — Hamas, Hezbollah e Houthis — para atacar Israel, buscava enfraquecer o inimigo por meio de uma guerra indireta.

Mas acabou criando o pretexto para que Israel desmontasse sistematicamente sua rede de influência regional. E, pior, abriu caminho para que os Estados Unidos entrassem diretamente no conflito, atingindo o território iraniano e, de quebra, minando o eixo geopolítico formado por Teerã, Moscou e Pequim.

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Na noite de 21 de junho de 2025, os Estados Unidos deixaram claro que não vão mais tolerar ambiguidades nucleares sob montanhas. Com o bombardeio de três instalações estratégicas — Fordow, Natanz e Esfahan — Donald Trump não apenas destruiu a espinha dorsal do programa atômico iraniano. Sacudiu as forças de poder e recolocou os EUA no centro da arquitetura geopolítica global.

A ação foi precisa, repentina e ruidosa. Mas, acima de tudo, simbólica: trata-se de um ataque que atinge o Irã no corpo, mas mira Rússia e China na alma. A resposta americana rompe com a diplomacia inocente, essa que vive de palavras vazias e moralismo oco — especialmente entre aquelas nações que pregam o bem no discurso e se omitem nas atitudes. O mundo que se molda após essa ofensiva não terá espaço para neutralidades performáticas. As potências hipócritas, que se abrigam sob a retórica pacifista enquanto jogam dos dois lados, sairão chamuscadas.

Silêncio árabe, apoio velado

A destruição de Fordow, enterrada sob toneladas de concreto, repercute também entre os vizinhos silenciosos. Arábia Saudita, Emirados, Bahrein, Kuwait — todos mantêm silêncio oficial.

Mas o silêncio, nesse caso, é estrondoso. São regimes que temem represálias, mas que nos bastidores enxergam na ação americana um gesto de alívio: qualquer limitação ao poderio bélico do Irã significa menos risco no Golfo e mais estabilidade para seus próprios tronos.

A operação não fortalece apenas a aliança EUA-Israel. Fortalece, de forma implícita, um novo pacto regional: conter o Irã a qualquer custo, com ou sem assinatura. Trump não fez apenas o que Tel Aviv desejava — fez o que Riade, Abu Dhabi e Manama não poderiam fazer, mas secretamente aprovaram.

O pretexto perfeito, o alvo real

Ao retaliar Israel com mísseis e ameaçar o fechamento do Estreito de Ormuz, o Irã ofereceu aos Estados Unidos o pretexto ideal para uma resposta militar. Não foi apenas provocação, foi imprudência estratégica.

Teerã armou o palco, acendeu os refletores e se colocou no centro.

Trump apenas entrou em cena com o script pronto. O ataque permitiu aos EUA atingir diretamente o Irã e, ao mesmo tempo, enfraquecer de forma indireta — mas não menos contundente — seus rivais sistêmicos: China e Rússia.

Cada míssil disparado contra instalações iranianas carrega também um impacto inversamente proporcional sobre a influência sino-russa na região.

Onde os EUA avançam com poder militar e diplomático real, Moscou e Pequim recuam, encurralados entre interesses frágeis e retóricas impotentes. A balança de influência no Oriente Médio se moveu — e não a favor da multipolaridade.

A encruzilhada de Pequim e Moscou

A China, dependente do petróleo que cruza diariamente o Estreito de Ormuz, se vê encurralada. O Parlamento iraniano ameaça fechar o estreito — o que seria uma tragédia logística para Pequim. Os EUA já cobraram: que a China use sua influência para conter Teerã. Mas até aqui, a diplomacia chinesa prefere condenar os ataques a criticar a retórica incendiária do parceiro persa. Pequim tenta parecer neutra, mas está de joelhos diante de sua dependência energética.

A Rússia, por sua vez, assiste à cena com dilema semelhante: precisa do Irã para abastecer seus drones que destroem cidades na Ucrânia. Mas não pode fazer muito além de notas diplomáticas. Isolado, o Kremlin só tem a ganhar com o petróleo mais caro — mas sabe que, sem Teerã funcional, sua guerra por procuração contra a Europa também se fragiliza.

Enquanto isso, nos palcos carcomidos da ONU, representantes de regimes que se dizem comprometidos com a paz distribuem discursos indignados e resoluções inócuas. A Assembleia, transformada há muito em uma caricatura de tribunal moral, resvala no trágico se não fosse cômico — um teatro onde a hipocrisia diplomática se veste de humanidade e as mentiras estratégicas se disfarçam de princípios. É um organismo onde se fala muito, age-se pouco e quase ninguém mais acredita.

O mundo como ele é, não como deveria ser

O ataque reposiciona o papel dos EUA no jogo global. Trump mostrou que o tempo da dissuasão morna passou. A paz, se vier, será construída sobre escombros e sob pressão. O ataque de 21 de junho pode ser o ponto de virada de uma década marcada pela hesitação estratégica. Não foi apenas uma operação militar.

Os mercados, fechados no momento da ofensiva, reabriram na segunda feira, 22 de junho reagindo aliviados. Já com o anuncio de cessar fogo na própria segunda, na terça houve consolidação deste alivio. As bolsas da Asia, Europa e Estados Unidos operam todos no azul. Asia com altas entre 0,29% e 1,15%. Europa com altas entre 0,01% e 1,63%. Estados Unidos com altas entre 1,00% e 1,37%. O petróleo Brent com queda de 5,81% a USD 66,44 o barril e o WTI com queda de 5,70% a USD 64,60 o barril.

Parece que o mundo, pragmático, ou pensando apenas em dinheiro, gosta mais do Petróleo do Irã do que do seu discurso de ódio ou do regime ditatorial.

“A China agora pode continuar comprando petróleo do Irã”, disse Trump em uma publicação em sua plataforma de mídia social Truth Social. “Espero que eles também comprem bastante dos EUA. Foi uma grande honra para mim fazer isso acontecer!” dusse Trump nesta terça.

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