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IA está desmontando o comando e controle nas empresas e CEOs já perderam parte do poder
Publicado 23/12/2025 • 13:21 | Atualizado há 16 minutos
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Publicado 23/12/2025 • 13:21 | Atualizado há 16 minutos
KEY POINTS
Durante décadas, a gestão corporativa foi guiada por diagnósticos, recomendações estratégicas e grandes narrativas sobre controle, eficiência e hierarquia. Esse modelo, no entanto, começa a dar sinais claros de esgotamento, ainda que muitas organizações não consigam nomear exatamente o que está mudando.
Por muito tempo, a lógica corporativa separou quem pensa de quem executa. Estratégias nasciam no topo, desciam pela hierarquia e só então viravam ação. Essa estrutura, segundo o professor, tem raízes na academia, no modelo educacional tradicional e, sobretudo, na lógica militarista, amplamente adotada pelas empresas a partir dos anos 1950 com o apoio de grandes consultorias como a McKinsey.
A tensão surge quando essa fronteira começa a se desfazer.
Com a ascensão da inteligência artificial, decisões deixam de seguir apenas o fluxo de comando e controle. Sistemas algorítmicos passam a agir, aprender e se adaptar em tempo real, produzindo resultados práticos que nem sempre dependem de validações hierárquicas longas.
O lado positivo é a entrada das empresas em um estado permanente de ajuste. O lado crítico é a desestabilização da autoridade tradicional, baseada em cargos, senioridade e ciclos longos de aprovação. Relatórios trimestrais, semestrais ou anuais já não dão conta de explicar um ambiente onde milhares de microdecisões acontecem simultaneamente.
Nesse contexto, a própria ideia de autoridade muda.
Antes, o poder vinha de quem explicava melhor a realidade. Hoje, cresce a percepção de que a legitimidade está cada vez mais associada a quem faz o sistema funcionar melhor. Em ambientes altamente algoritmizados, a decisão ótima em um nicho específico pode escapar até mesmo ao conhecimento do CEO ou das consultorias que analisam o negócio de forma transversal.
Um exemplo claro está no marketing orientado por decisões agênticas. Estratégias se transformam em tempo real conforme a interação com dados e usuários. Fica difícil, de fora, definir se a empresa está priorizando captação de leads, reputação de marca ou outra métrica, porque tudo isso acontece ao mesmo tempo, de forma dinâmica.
O resultado é um enfraquecimento relativo da autoridade explicativa em favor da autoridade operacional.
Essa mudança também impacta a cultura gerencial. Durante décadas, a máxima foi compreender antes de agir. Agora, cresce um modelo em que os resultados precedem as explicações. Primeiro, o sistema chega lá. Depois, tenta-se entender por quê.
Segundo Álvaro Machado Dias, não se trata de uma ruptura brusca, mas de um lento processo de onboarding. Há resistência, riscos e ressalvas legítimas. O planejamento clássico não desapareceu — mas perde centralidade diante de uma lógica mais adaptativa e evolutiva.
Enquanto o planejamento do século XX se apoiava em um desenho racional e antecipado, o novo modelo se aproxima de uma visão darwinista: sinais do ambiente definem o que funciona, o que falha e para onde a organização deve pivotar rapidamente para maximizar utilidade e eficiência.
No fundo, o que está em jogo não é apenas uma nova tecnologia, mas uma mudança profunda na forma como empresas tomam decisões, exercem poder e constroem legitimidade.
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