A organização sem medo: o imperativo da segurança psicológica
Publicado 22/04/2025 • 12:22 | Atualizado há 3 dias
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Publicado 22/04/2025 • 12:22 | Atualizado há 3 dias
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Pixabay
Num mundo cada vez mais complexo e imprevisível, as organizações precisam ser ágeis, criativas e adaptáveis para prosperar. Mas como cultivar esses atributos em um ambiente onde as pessoas têm medo de se expressar, de assumir riscos e de admitir erros?
A resposta está na segurança psicológica, um conceito que rapidamente deixou de ser somente uma teoria acadêmica para se tornar um imperativo nos negócios modernos. Afinal, as organizações são sistemas sociais complexos, onde as dimensões conscientes e inconscientes das interações humanas moldam a dinâmica e o desempenho do grupo.
Amy Edmondson, professora de liderança e gestão da Harvard Business School, define segurança psicológica como a crença compartilhada de que uma organização é segura para riscos interpessoais. Em outras palavras, é a confiança de que você pode falar abertamente, compartilhar ideias, fazer perguntas, discordar e até mesmo falhar, sem medo de ser punido, envergonhado ou repreendido. Essa confiança é construída por meio de um processo contínuo de reconhecimento e elaboração das ansiedades e medos que permeiam as relações de trabalho.
Edmondson descobriu esse fenômeno enquanto pesquisava equipes hospitalares durante seu doutorado. Inicialmente, ela esperava que hospitais de alto desempenho reportassem menos erros. Para sua surpresa, ocorreu justamente o contrário: os melhores hospitais admitiam mais falhas. O que explicava isso? A segurança psicológica.
Nessas organizações, as pessoas não tinham medo de levantar a mão e dizer “Nós erramos”. Ao tornar os erros visíveis, elas criavam oportunidades reais de aprendizado e melhoria. Esse processo de reconhecimento dos erros e falhas é fundamental para o desenvolvimento de uma cultura de aprendizagem contínua, onde os membros da organização podem crescer e se transformar a partir das experiências vividas.
Mas a segurança psicológica não é apenas sobre admitir erros. É sobre criar uma cultura onde diversas perspectivas são bem-vindas, onde perguntas difíceis podem ser feitas e onde ideias ousadas podem ser propostas, sem receio de retaliação.
Quando as pessoas se sentem seguras para serem autênticas e vulneráveis, elas naturalmente se engajam mais, colaboram melhor e inovam com maior facilidade. Isso porque a segurança psicológica permite que os indivíduos expressem sua singularidade e criatividade, ao mesmo tempo, em que se sentem parte de um coletivo que os acolhe e valoriza.
Não é à toa que organizações com alta segurança psicológica não somente superam as demais em desempenho, mas também apresentam maior bem-estar dos funcionários, menor rotatividade e uma capacidade impressionante de aprender e se adaptar continuamente. Afinal, quando as pessoas se sentem seguras e valorizadas, elas estão mais dispostas a investir sua energia e seu talento no trabalho, criando um círculo virtuoso de engajamento e realizações.
Mas como saber se sua organização possui esse ingrediente essencial? Edmondson sugere um questionário simples, com afirmações como “É seguro assumir riscos nesta empresa” ou “Ninguém nesta organização agiria deliberadamente para minar os esforços dos outros”. As respostas revelam o quão seguras as pessoas se sentem para serem elas mesmas e darem o seu melhor.
No entanto, é importante ir além das medições superficiais e investigar as dinâmicas inconscientes que permeiam a vida organizacional, como os medos, as fantasias e as defesas coletivas, que podem estar bloqueando a expressão autêntica e a colaboração genuína.
Cultivar a segurança psicológica em toda a organização é um desafio complexo. Não há uma fórmula perfeita, mas algumas práticas se evidenciam particularmente eficazes. A primeira delas é deixar explícito que a voz de todos é essencial. Líderes precisam comunicar ativamente que querem ouvir diferentes perspectivas, explicando como cada contribuição impacta os resultados da empresa. Isso requer uma postura de escuta empática e não julgadora, que acolhe as diferentes vozes e reconhece o valor único de cada contribuição.
Outra prática poderosa é normalizar a vulnerabilidade. Quando líderes admitem abertamente suas próprias dúvidas, erros e limitações, eles encorajam outros a fazerem o mesmo. Isso cria uma cultura onde as pessoas se sentem seguras para pedir ajuda, questionar o status quo e assumir riscos calculados em prol da inovação. Ao mostrar sua própria vulnerabilidade e capacidade de errar, os líderes criam um ambiente onde todos podem ser genuínos e aprender juntos, sem a pressão de serem perfeitos ou infalíveis.
Além disso, a organização precisa convidar proativamente a participação de todos, fazendo perguntas abertas e demonstrando genuíno interesse nas respostas. E quando alguém traz um ponto delicado à tona, é fundamental responder com curiosidade e gratidão, em vez de defensividade ou punição. Essa postura de abertura e acolhimento permite que as ansiedades e os conflitos sejam nomeados e elaborados, em vez de negados ou reprimidos, o que é essencial para a saúde e o desenvolvimento do grupo.
Segurança psicológica não significa evitar conflitos ou ser sempre agradável. Ela permite debates construtivos, sem ataques pessoais. Não quer dizer que ideias individuais sempre vencerão ou que não haverá cobrança por resultados.
A segurança psicológica cria um ambiente de respeito mútuo, onde decisões ainda são tomadas e a excelência é buscada. O desafio é encontrar um equilíbrio entre o acolhimento das diferenças e a busca de um propósito comum, que una e inspire o grupo.
Outro ponto fundamental é que a segurança psicológica não pode ser imposta por decreto ou política. Ela emerge das interações cotidianas, especialmente dos pequenos comportamentos e atitudes demonstrados pelos líderes. Cada gesto, cada palavra, cada reação a erros ou más notícias enviam um sinal poderoso sobre o quanto é seguro se expressar naquela organização. Por isso, cultivar a segurança psicológica requer um trabalho constante de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, para que os líderes possam ser agentes autênticos de transformação.
Por isso, embora o papel dos líderes seja crucial, a responsabilidade pela segurança psicológica é de todos. Afinal, ela é construída (ou destruída) em cada interação entre colegas, em cada reunião, em cada projeto. Cultivá-la requer esforço diário e consciente de cada membro da organização. É um processo de aprendizagem contínua, onde cada um é convidado a reconhecer e transformar seus próprios medos, defesas e padrões relacionais, em prol de um ambiente mais acolhedor e generativo.
Num mundo acelerado e imprevisível, não há maior vantagem competitiva do que uma organização capaz de aprender, inovar e se adaptar continuamente. E a chave para desbloquear esse potencial é a segurança psicológica. Ao criar uma cultura onde as pessoas podem ser autênticas, vulneráveis e ousadas, empresas não somente atraem e retêm os melhores talentos, mas também se tornam mais ágeis, resilientes e inovadoras. Afinal, é na trama das relações humanas, com toda sua complexidade e potencial, que o futuro das organizações é tecido.
Portanto, se você quer construir uma organização verdadeiramente preparada para o futuro, comece cultivando a segurança psicológica em todos os níveis. Não é um caminho fácil, mas é essencial. Afinal, em um mundo cada vez mais dominado pelo medo e pela incerteza, as organizações que prosperam são aquelas onde as pessoas se sentem seguras para dar o seu melhor, diariamente.
A escolha é sua: perpetuar os padrões do passado ou abraçar uma nova forma de ser e trabalhar juntos. Qual será?
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