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Quando a IA sentar ao seu lado: o novo normal nas organizações
Publicado 12/06/2025 • 14:17 | Atualizado há 2 meses
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Publicado 12/06/2025 • 14:17 | Atualizado há 2 meses
Pixabay
Inteligência Artificial
Duas das mais robustas investigações contemporâneas sobre o futuro do trabalho — Harvard Business School e Microsoft — convergem em um mesmo ponto: a inteligência artificial deixou de ser apenas uma ferramenta de produtividade para se tornar um verdadeiro colega de equipe. Com isso, não só o que fazemos está mudando, mas também quem somos no ambiente de trabalho.
O estudo “The Cybernetic Teammate”, publicado no working paper 25-043 da Harvard Business School, realizado em parceria com a Procter & Gamble, analisou 776 profissionais desafiados a criar ideias inovadoras para novos produtos. Os pesquisadores e outros estruturaram o experimento em quatro grupos, testando diferentes arranjos: trabalho individual, em dupla, com e sem suporte de IA.
Os resultados foram notáveis: participantes que atuaram individualmente com IA alcançaram níveis de eficácia comparáveis às duplas humanas sem IA. Mais significativo ainda, equipes humanas que integraram a IA apresentaram desempenho superior a todos os outros grupos, evidenciando o potencial multiplicador da colaboração híbrida.
Um dos achados mais relevantes para a gestão foi a capacidade da IA de eliminar barreiras departamentais. Profissionais de P&D, tradicionalmente concentrados nos aspectos técnicos, passaram a propor soluções com maior equilíbrio comercial ao contar com o auxílio da IA. O inverso também ocorreu: profissionais de marketing passaram a incorporar variáveis técnicas em suas propostas. Essa “despolarização cognitiva” indica que a IA pode atuar como uma ponte eficaz entre diferentes áreas de conhecimento, reduzindo a dependência de reestruturações organizacionais ou de complexa mediação humana.
Outro destaque do estudo foi o impacto emocional positivo. Profissionais que colaboraram com a IA relataram maior satisfação, motivação e sensação de fluidez no trabalho. A interface conversacional da tecnologia parece estimular aspectos afetivos e simbólicos da cooperação, oferecendo validação e aliviando o estresse relacional frequentemente observado em equipes exclusivamente humanas.
A Microsoft, em seu relatório global “2025 Work Trend Index”, vai além: descreve a emergência da Firma Fronteira, um novo tipo de organização onde humanos e IA compartilham decisões, responsabilidades e entregas. São três estágios de maturidade:
Segundo o relatório, 81% das empresas esperam operar com agentes digitais nos próximos 18 meses. No Brasil, o entusiasmo é alto: 94% dos executivos enxergam 2025 como ponto de virada. No entanto, apenas 54% dos trabalhadores se sentem preparados para colaborar com a IA — um sinal claro de que estamos tecnologicamente otimistas, mas culturalmente ainda despreparados.
Para entender os resultados dessas pesquisas, é essencial recorrer à teoria da complexidade de Edgar Morin. Ele mostra que sistemas complexos, como as novas equipes híbridas, geram propriedades emergentes — resultados inesperados que surgem da intensa interação entre diferentes agentes. A dissolução de silos observada na P&G representa mais do que eficiência: é uma verdadeira transformação cultural, promovendo inovação transversal e diversidade cognitiva.
Morin também destaca a importância do “pensamento complexo” para líderes: reconhecer incertezas, integrar múltiplos saberes e orquestrar inteligências humanas e digitais.
Já Zygmunt Bauman, com o conceito de “modernidade líquida”, mostra que as estruturas sólidas estão sendo substituídas por arranjos fluidos e temporários. No trabalho híbrido, fronteiras se tornam porosas e equipes se reconfiguram conforme a demanda, tornando a identidade profissional mais múltipla e adaptável. Bauman alerta para os riscos dessa fluidez — insegurança e ansiedade diante de papéis indefinidos — e exige dos líderes a criação de “ilhas de estabilidade”: espaços de confiança, clareza de propósito e ética algorítmica.
Aplicar Morin e Bauman é reconhecer que integrar IA não é só um salto tecnológico, mas uma transformação cultural. O sucesso depende menos de controle e mais de sabedoria para lidar com a incerteza e valorizar a diversidade de inteligências.
Diante desse cenário, o desafio das lideranças é ir além da tecnologia: é preciso reinventar a cultura e os processos organizacionais para que humanos e IA cocriem valor de forma ética, sustentável e inovadora.
A verdadeira questão não é se a IA funcionará — Harvard e Microsoft já demonstraram que sim. A questão é: que tipo de humanidade queremos preservar e desenvolver ao lado dela?
O futuro do trabalho já começou. E pela primeira vez na história, talvez nossos colegas mais eficientes não sejam inteiramente humanos — mas isso não significa que serão menos significativos.
Fontes: Harvard Business School — "The Cybernetic Teammate" | Microsoft — "2025 Work Trend Index Annual Report"
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