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Análise Exclusiva Marcelo Favalli

Trump perde capital político e prejudica aqueles que estão alinhados ao seu discurso

Publicado 28/04/2025 • 22:01 | Atualizado há 15 horas

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Marcelo Favalli

Marcelo Favalli além de jornalista é Mestre em Relações Internacionais pela PUC e professor nos cursos de pós-graduação de Política Contemporânea, da FAAP e do MBA em Comunicação e Política da USP. Dos 27 anos de profissão, na imprensa, dedicou 18 deles à cobertura estrangeira. Foi correspondente na América Latina e no Estados Unidos.

A gente não teria dado tanta atenção para uma eleição no Canadá se não fosse Donald Trump, um político que sequer está nas cédulas da votação do Canadá. Mas, independente do resultado, a gente tem um cenário que aponta aí algo muito sui generis, quase que um ineditismo na história política recente do Canadá.

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Para poder explicar, temos que analisar a popularidade dos conservadores, do Partido Trabalhista, e uma inversão causada por Donald Trump, que sequer é um político canadense. Mark Carney assumiu o posto de líder do Partido Liberal depois da renúncia de Justin Trudeau. Trudeau deixou o cargo dele à disposição em 6 de janeiro. E olha que o Donald Trump só tomou posse com o presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro.

Mas, duas semanas antes, Justin Trudeau já tinha recuado porque desde novembro do ano passado, quando a gente sabia que o Donald Trump era o presidente eleito, ele começou a pressionar o Canadá, e isso foi arranhando já a popularidade do Justin Trudeau, que não estava das melhores desde que ele assumiu a liderança do governo canadense.

As intenções de voto dos trabalhistas foram caindo e pioraram bastante depois do final de 2024, e tiveram uma virada em 2025. Só que a gente tem esta mudança de eixo justamente em janeiro de 2025, quando o Donald Trump começa a ser muito agressivo contra o Canadá, falando que o Canadá seria o 51º Estado dos EUA, debocha, inclusive, não só dos produtos canadenses, como da política canadense.

E aí que os conservadores no Canadá, muito alinhados a um conceito ideológico da política dos republicanos nos Estados Unidos, começam a sofrer o mesmo desgaste que a gente vê Donald Trump tendo agora na sua popularidade interna. Para entender a formação disso que nós estamos assistindo no Canadá, temos que entender a formação do parlamento.

É diferente do presidencialismo, os eleitores vão escolher os seus representantes por meio dos partidos e o partido que tiver o maior número de cadeiras no parlamento indica o primeiro-ministro. Os trabalhistas já tinham a maioria, então esse é o cenário antes do resultado da eleição. Eles conseguiram formar uma coalizão e se manter no poder. Uma pesquisa de opinião indica que eles também vão ter a maioria dos assentos. Talvez não 50% mais um, mas vão manter as mesmas coalizões.

A exemplo do bloco quebequense, da região do Quebec, do Partido Verde, do NP, diferente dos conservadores, que podem ser uma força política, mas diante desse desgaste da imagem do Donald Trump, como eles estão muito alinhados, eles também podem perder um número de cadeiras.

Agora, para a gente entender o embate, estou falando de política, mas isso está diretamente amarrado com a economia. Com o tarifaço, como é que está a situação agora? 25% de taxação de automóveis. que entram nos Estados Unidos, produzidos no Canadá, assim como alumínio e aço ou outros produtos.

Houve exceções do chamado USMCA, United States, Mexico, Canadá, que é um pacto ali da América do Norte. Exceções para esses produtos. Mas o que sustenta essa relação comercial entre os dois países está nos automóveis, alumínios e alguns outros produtos sobretaxados.

O que Donald Trump talvez não tenha calculado foi a reação popular. Não estou falando dos políticos e nada. É o que o canadense também se sentiu ofendido e acabou abraçando ali o Partido Trabalhador como uma resposta, um rechaço. Para que ninguém esqueça, tá? Estados Unidos e Canadá é a maior fronteira seca entre dois países de todo o mundo.

Toda produção canadense é dedicada, ou a esmagadora maioria é dedicada aos Estados Unidos e muito do que os produtos feitos nos Estados Unidos vão para o Canadá. Só que o canadense respondeu desta maneira. Em compras físicas, em lojas, propriamente dito, 68% dos canadenses deixaram de comprar produtos americanos e no online, 65%.

Houve uma recusa enorme e isso está pesando, obviamente, nos produtores americanos, que tinham uma enorme facilidade em atravessar a fronteira. Tinha uma taxação muito baixa, chegavam em enorme volume e agora estão sentindo no bolso. E toda vez que se sente no bolso, nós temos um reflexo político. Ou seja, tudo isso está interligado e o Donald Trump, que sequer é político no Canadá, está mexendo muito com a política do outro lado da fronteira.

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