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ESG EM PAUTA Marina Grossi

Brasil, celeiro de soluções na era da implementação

Publicado 25/08/2025 • 16:32 | Atualizado há 45 minutos

Foto de Marina Grossi

Marina Grossi

Marina Grossi é economista e pioneira em sustentabilidade empresarial no Brasil. Tem mais de 25 anos de experiência em mudança do clima e finanças sustentáveis. É presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

A doação, destinada ao Instituto Clima e Sociedade (iCS), será usada para impulsionar iniciativas que integram Soluções Baseadas na Natureza (SbNs) e tecnologias verdes, como inteligência artificial

Foto: Instituto Clima e Sociedade

São raras e demoradas as construções de consensos na diplomacia climática global. Exemplo disso é que foram necessárias 21 COPs – as conferências anuais da Convenção sobre Mudança do Clima da ONU – para que os países chegassem a um tratado internacional para frear o avanço do aquecimento global, o Acordo de Paris, firmado em 2015. E foram necessárias 28 COPs para que os países concordassem em dar os primeiros passos para a substituição gradual dos combustíveis fósseis. Às vésperas da COP30, a primeira a ser realizada no Brasil e em solo amazônico, outro consenso é esperado: essa será a COP para acelerar a implementação, ou seja, transformar compromissos em ações concretas.

A ciência é robusta: o nível de conhecimento acumulado ao longo de três décadas de aprimoramento dos estudos climatológicos não deixa dúvidas do quanto é urgente e necessário agir. Até o final desta década, caminhamos para uma projeção de aumento de até 1,9ºC na temperatura média global acima da era pré-industrial, segundo a Organização Meteorológica Mundial, com impactos crescentes para a economia, a vida das pessoas e os ecossistemas. O aumento da frequência e da intensidade dos eventos climáticos afeta a opinião pública, de modo que os discursos negacionistas cada vez mais perdem força na sociedade – embora ainda estejam presentes no discurso de lideranças políticas influentes.

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Uma antessala das discussões que deverão tomar corpo na COP30 pôde ser vista no teatro Estação Gasômetro, em Belém, que sediou, em julho, o Congresso Sustentável 2025, realizado há mais de 20 anos pelo CEBDS, sendo considerado o principal evento pré-COP30 do setor empresarial. O evento abriu espaço para discussão e escuta com a exposição "Brasil de Soluções", que demonstrou, in loco, que o setor produtivo brasileiro já tem iniciativas escaláveis para enfrentar a emergência climática, promover a conservação e regeneração da biodiversidade e reduzir as desigualdades sociais.

Foram apresentadas 65 soluções sustentáveis do setor empresarial, que integram o Guia Brasil de Soluções — um banco vivo de cases voltado à articulação com o governo e demais stakeholders. A iniciativa faz parte de um esforço mais amplo do CEBDS para mobilizar estrategicamente o setor, possibilitar o matchmaking com oportunidades de financiamento e promover conexões que acelerem a transição para uma economia de baixo carbono, inclusiva e regenerativa. Estruturado em três frentes, o projeto envolve a construção de uma base de dados com 135 iniciativas de 65 empresas de diferentes setores, a articulação entre empresas associadas ao CEBDS para escalar soluções de alto impacto e o mapeamento de oportunidades de financiamento junto a instituições dispostas a investir na implementação ou expansão dos projetos.

No campo das políticas públicas transformadoras, há muitos ganhos na união do aumento da produtividade com a sustentabilidade. O Pará é exemplo de um estado que pode ter sua economia transformada a partir da adoção de práticas agrícolas e de bioeconomia mais resilientes. O estado que vai sediar a COP30 detém uma fatia de 30% da Amazônia brasileira e o maior PIB dos estados com esse bioma, mas já teve 20% de sua área desmatada – aproximadamente 24 milhões de hectares – e a conversão de terras saltou 69% nos últimos cinco anos. Os produtores rurais do Pará, contudo, já sentem na pele e no bolso o impacto da mudança do clima – 94% deles veem nas secas uma das principais preocupações, aponta estudo com 156 agricultores conduzido pelo Boston Consulting Group (BCG), em colaboração com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMAS), o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) e o CEBDS.

Conciliar produção e conservação traz oportunidades: o Pará tem 8,8 milhões de hectares com potencial para ações regenerativas. Desses, 6,8 milhões de hectares de pastagens são economicamente viáveis para reforma ou melhoria, oferecendo rentabilidade de 12% a 16%. Além disso, 0,6 milhão de hectares mostra ganhos viáveis sob sistemas agroflorestais de cacau, com 15% a 22% de lucratividade. O financiamento climático voltado para a transição para sistemas regenerativos, que absorvem carbono e combatem a insegurança alimentar, precisa ser destravado, e a COP30 é uma oportunidade única para unir essas pontas.

A conferência de Belém tem vários papéis — dentre eles, buscar uma nova meta de financiamento climático para os países em desenvolvimento, resgatar a confiança no multilateralismo e aumentar a conscientização da população brasileira sobre o enfrentamento das crises ambientais. Além disso, a Conferência será o pontapé definitivo para acelerar a implementação de tecnologias viáveis e escaláveis, nas quais o Brasil é competitivo e tem um know-how para compartilhar com o mundo. Com quase 200 países presentes e 50 mil visitantes esperados, a COP30 pode e deve ser vista não só como um evento diplomático, mas como uma plataforma para demonstrar soluções práticas — e, por que não?, gerar novos negócios com o mundo.

  • Marina Grossi é presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), entidade com 28 anos de atuação e cerca de 120 grandes empresas associadas, e Enviada Especial da Presidência da COP30 para o Setor Empresarial.

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