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Direto de Nova York Norberto Zaiet

Large Language Models: muito mais que linguagem

Publicado 06/06/2025 • 13:13 | Atualizado há 18 horas

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Norberto Zaiet

Norberto Zaiet é economista formado pela Universidade de São Paulo com MBA pela Columbia Business School. Foi Head para Mercados Emergentes do banco alemão WestLB AG e CEO do Banco Pine. Hoje é sócio-fundador e CEO da Picea Value Investors, family office sediado em Nova York.

KEY POINTS

  • O mercado financeiro costuma dar enorme importância ao curto prazo, deixando o futuro para o tempo resolver. Quem nunca ouviu o pessoal de Wall Street ou da Faria Lima dizer que o longo prazo é feito de “uma sequência de curtos prazos”?
  • Além, claro, da famosa máxima Keynesiana, que diz que “no longo prazo estaremos todos mortos”. A realidade de quem ganha dinheiro de verdade, no entanto, não é bem essa: os investidores mais bem-sucedidos são, em geral, aqueles que trabalham olhando sempre para o longo prazo.
  • O tema do momento não é exceção à regra. Não falo das tarifas nem da recente novela Trump X Musk, mas da inteligência artificial.

Pixabay.

O mercado financeiro costuma dar enorme importância ao curto prazo, deixando o futuro para o tempo resolver. Quem nunca ouviu o pessoal de Wall Street ou da Faria Lima dizer que o longo prazo é feito de “uma sequência de curtos prazos”?

Além, claro, da famosa máxima Keynesiana, que diz que “no longo prazo estaremos todos mortos”. A realidade de quem ganha dinheiro de verdade, no entanto, não é bem essa: os investidores mais bem-sucedidos são, em geral, aqueles que trabalham olhando sempre para o longo prazo.

O tema do momento não é exceção à regra. Não falo das tarifas nem da recente novela Trump X Musk, mas da inteligência artificial. É, sem dúvida, um tema batido no curto prazo, dadas as emoções que andam atropelando o nosso dia a dia.

A longo prazo, o que a IA pode oferecer à sociedade é difícil de enxergar. A tecnologia é tão disruptiva que torna bem mais difícil prever o que nunca foi visto. O que se vê a olho nu, até agora, são os modelos de linguagem gerando respostas e produzindo textos e ilustrações a pedido do usuário. Mas em relação à IA, a verdadeira chave para o longo prazo não está na geração de respostas e ilustrações bem feitas, mas sim quando a tecnologia permitir que os modelos simulem as emoções humanas.

A versão mais recente do ChatGPT, a de número 4, consegue refletir a linha de “pensamento” de um peixe de médio porte. Parece incrível constatar o que se pode obter de eficiência com um sistema do nível de um peixe — mas isso, obviamente, é somente o começo.

A professora Sandra Matz — pesquisadora que analisa como a ciência de dados pode mudar o comportamento humano na Columbia Business School, em Nova York — afirma que a IA vem evoluindo iteração após iteração, e vai chegar num ponto em que os modelos vão refletir o raciocínio e as emoções de um ser humano.

Em vez de serem ferramentas que reúnem rapidamente uma grande quantidade de dados disponíveis na internet e geram uma resposta a uma pergunta do usuário, elas gerarão as perguntas e as respostas. Cada versão nova dos modelos apresentará um aumento importante da quantidade de neurônios que conseguem imitar a mente humana, expandindo, assim, a quantidade de conexões que podem fazer.

Impossível? A professora Matz acredita que não. Sua pesquisa une a linguagem que usamos no dia a dia à nossa personalidade, e mostra como essa união é poderosa. Uma de suas conclusões é que a linguagem que usamos é, de fato, uma janela da nossa psique.

A maneira com que nos comunicamos revela muito sobre cada um de nós. Pesquisas indicam que, somente analisando as palavras usadas para descrever experiências no Facebook, é possível prever com segurança se alguém está sofrendo de depressão. Outro exemplo: um modelo relativamente simples de análise de palavras usadas em redes sociais pode prever o nível de renda de um usuário.

Gente com maior poder aquisitivo fala sobre viagens e atividades agradáveis, expressando emoções positivas e otimistas em relação ao futuro. Já pessoas de renda mais baixa são mais ensimesmadas, se expressam com linguagem mais coloquial e usam palavras mais negativas. Gente que posta sobre viagens e roupas são extrovertidas; quem costuma publicar conteúdo sobre animais de estimação é, em geral, mais introvertido. São exemplos de modelos simples, mas extremamente eficazes.

Se é verdade que a maneira que nos comunicamos revela muito sobre nossa personalidade, como a professora Matz defende, parece totalmente lógico compreender que a IA tenha começado exatamente pela linguagem. À medida que interagimos cada vez mais com os modelos, eles aprendem cada vez mais sobre cada um de nós: nossos interesses, nossa renda, nosso humor, nosso estado mental, nossa saúde.

E o que tudo isso tem a ver com o longo prazo? Para quem participa do mercado e ainda não se deu conta de que a evolução que vem por aí é disruptiva, vale a pena prestar atenção. IA é muito mais do que os chips da Nvidia, mecanismos de busca na internet ou ferramentas de automação de atividades. Tudo começa e termina com a linguagem: quem desenvolver o melhor modelo vai ganhar o jogo.

Trump, tarifas e brigas de ego pela internet são distrações do curto prazo. Não se deixe enganar.

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