Vieses comportamentais: seis perguntas fundamentais e suas respostas
Publicado 05/05/2025 • 12:19 | Atualizado há 2 dias
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Publicado 05/05/2025 • 12:19 | Atualizado há 2 dias
KEY POINTS
É sabido que os investidores, sejam amadores ou profissionais, não se comportam como os agentes perfeitamente racionais descritos pela teoria econômica clássica. Décadas de pesquisas revelaram uma série de vieses que sistematicamente afetam o processo de tomada de decisão.
1. Muitas vezes lemos que os vieses que influenciam as decisões dos investidores no fundo são adaptações evolutivas vantajosas. Como isso é possível, se não há vantagem alguma em se fazer uma má avaliação?
Muitos dos vieses observados em investidores podem ser interpretados sob duas lentes distintas: como erros cognitivos e como heurísticas adaptativas moldadas pela evolução. Sob a perspectiva clássica das finanças, os vieses são vistos como desvios em relação à racionalidade pura. Por exemplo, um investidor que vende em pânico durante uma queda de mercado seria classificado como “irracional”. Essa visão sugere que os vieses seriam imperfeições a serem corrigidas. Em geral, a psicologia cognitiva explica essas tendências como resultado dos limites de atenção e capacidade de processamento da mente humana, levando à utilização de heurísticas (o chamado “Sistema 1” de Kahneman). Essas estratégias rápidas funcionam na maioria dos casos, mas podem levar a erros em cenários complexos como os mercados financeiros.
Agora, por outro lado, essa velocidade justamente é adaptativa do ponto de vista da sobrevivência, afinal, em ambientes ancestrais, decisões rápidas baseadas em instintos são essenciais. Um viés em favor da aversão a perdas, por exemplo, ajudaria a evitar riscos fatais. O comportamento de seguir o grupo (herding) seria uma resposta adaptativa diante de ameaças iminentes. Assim, os vieses que hoje parecem “irracionais” no contexto dos mercados financeiros eram, no passado, mecanismos de sobrevivência eficazes.
Reconhecer que esses vieses têm raízes adaptativas implica que suprimi-los pode ser fútil. Em vez disso, deve-se buscar estratégias para trabalhar com essas tendências, estruturando processos de decisão que as reconheçam e mitiguem seus efeitos. A utilização de checklists, regras automatizadas e processos deliberativos são exemplos de como compensar essas predisposições.
2. A expertise reduz os vieses cognitivos, como excesso de confiança e viés de confirmação, ou tende a amplificá-los? Enfim, como a experiência impacta os vieses?
Embora a intuição sugira que investidores profissionais estariam imunes aos vieses que afetam os leigos, a realidade é diferente. Pesquisas demonstram que a expertise mitiga apenas parcialmente os vieses, e, em alguns casos, pode até exacerbá-los.
O excesso de confiança é um viés particularmente persistente entre profissionais. Após sucessos anteriores, gestores de fundos tendem a superestimar suas habilidades, atribuindo resultados positivos à própria competência e, frequentemente, resultados negativos à má sorte.
Estudos mostram que gestores que obtêm retornos acima da média em um ano tendem a aumentar o volume de suas operações no ano seguinte — comportamento típico de excesso de confiança. Além disso, a grande quantidade de informação disponível para profissionais cria uma ilusão de conhecimento, reforçando a sensação de controle e previsibilidade sobre fenômenos essencialmente aleatórios.
O viés de confirmação também é exacerbado pela expertise: quanto maior o conhecimento, maior a capacidade de construir narrativas convincentes para sustentar teses preexistentes, ignorando ou desvalorizando evidências contrárias.
3. O comportamento de seguir as tendências é uma anomalia como expresso na ideia de ‘comportamento de manada’ ou é reflexo de uma percepção de que importa identificar as ondas mais relevantes?
O comportamento de manada está profundamente enraizado em nossa evolução. Em ambientes hostis, agir em conjunto era uma estratégia de sobrevivência: quando o grupo corria, era prudente correr junto. Esse instinto persiste no contexto financeiro: diante da incerteza, as decisões alheias são utilizadas como heurística sobre o que fazer.
Nos mercados modernos, esse comportamento se manifesta tanto nas euforias (bolhas) quanto nos pânicos (crashes). Durante bolhas, investidores compram ativos não apenas pela análise fundamentalista, mas porque "todos estão comprando". Durante crises, vendem de forma precipitada ao perceberem o movimento generalizado.
O entendimento desse instinto permite a adoção de mecanismos para mitigar seus efeitos. No nível regulatório, circuit breakers e maior transparência de informações são exemplos. No nível individual, o cultivo de uma mentalidade crítica para resistir ao impulso imediato de imitar a maioria. Grandes investidores, como Warren Buffett, desenvolveram práticas explicitamente contrárias ao comportamento de manada, aproveitando oportunidades justamente quando a maioria cede ao pânico.
4. Por que a aversão à perda é tão grande? E quais as consequências disso?
A aversão à perda é uma das descobertas mais robustas das finanças comportamentais: perdas são psicologicamente mais dolorosas do que ganhos equivalentes são prazerosos. Evolutivamente, isso é compreensível: a perda de recursos essenciais (como alimento ou abrigo) podia ser fatal, enquanto ganhos extras traziam benefícios marginais.
Esse viés se manifesta nos mercados por meio de comportamentos como o efeito disposição (vender ativos vencedores cedo demais e manter perdedores por tempo excessivo) e a relutância em realizar prejuízos. Além disso, explica a aversão ao risco em ganhos e a busca irracional de risco em perdas, quando investidores assumem posições excessivamente arriscadas para tentar recuperar prejuízos.
A aversão à perda é a própria manifestação do nosso passado evolucionário, que atropela a racionalidade analítica.
5. Como a tendência humana de buscar padrões e abraçar narrativas contribui para vieses na interpretação de movimentos de mercado?
A mente humana é programada para identificar padrões, mesmo onde eles não existem, e para construir narrativas que dão sentido ao mundo. Evolutivamente, identificar correlações e contar histórias foi uma vantagem adaptativa. No entanto, nos mercados financeiros, isso frequentemente gera ilusões.
Investidores veem tendências ilusórias em séries aleatórias de preços (percepção de padrões ilusórios) e são seduzidos por narrativas convincentes, mesmo quando os dados objetivos são frágeis. Narrativas como “esta tecnologia mudará o mundo” alimentaram bolhas como a da internet nos anos 1990 e, mais recentemente, a ascensão das ações meme. Reconhecer essa tendência é vital: exige uma postura cética e científica diante dos dados. A disciplina de testar hipóteses, buscar falsificações e distinguir entre correlações e causalidades é fundamental para não ser enganado pelo "ruído" do mercado.
6. Você criou uma teoria nova na década passada que repercutiu internacionalmente. O que diz a teoria e como ela pode ajudar os investidores?
A teoria da intuição derradeiramente decisório (IDD em português) propõe uma explicação para o processo de superação da indecidibilidade racional. Ou seja, o sujeito tem uma decisão muito importante para tomar, pensar à exaustão e, por essa via, chega a um impasse.
Como, afinal, fazemos para sair do impasse? A resposta está numa mudança de foco em que os aspectos representacionais do problema deixam de ser priorizados em prol das sensações e emoções constituídas durante o processo analítico. Isso nos faz experimentar a decisão como intuitiva, o que de fato ela é, ainda que não no sentido do Sistema 1, mas como forma de sair do impasse que a racionalidade frequentemente gera.
Há estudos com ressonância magnética funcional validando a teoria.
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