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De filantropo a chefe de tráfico de trabalho escravo. Quem é o megaempresário por trás do golpe de US$ 15 bilhões em bitcoin pego pelos EUA

Publicado 15/10/2025 • 10:12 | Atualizado há 5 horas

KEY POINTS

  • DOJ apreendeu cerca de US$ 15 bilhões em bitcoin e denunciou Chen Zhi por fraude e lavagem.
  • Acusações incluem trabalho forçado em “compounds”, “phone farms” e rede global para enganar investidores.
  • EUA e Reino Unido sancionaram Chen e empresas ligadas; ele está foragido e pode pegar até 40 anos.
Foto do Chen Zhi e logo Prince Group

Divulgação Prince Group

Fundador do Prince Group, Chen Zhi é acusado nos EUA de liderar esquemas de “pig butchering” com trabalho forçado e lavagem de dinheiro.

Até a semana passada, o nome Chen Zhi aparecia em sites corporativos e reportagens de negócios como o de um filantropo e empresário de sucesso. Aos 38 anos, ele era apresentado como o homem que transformou o Prince Holding Group, um dos maiores conglomerados do Camboja, em uma referência de crescimento econômico e de “práticas sustentáveis guiadas por princípios ESG”.

Mas por trás da imagem de magnata visionário, segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ), havia uma das maiores operações criminosas da era digital. Na terça-feira (14), o governo americano anunciou a apreensão de US$ 15 bilhões em bitcoin e indiciou Chen Zhi por fraude eletrônica e lavagem de dinheiro, acusando-o de comandar uma rede internacional de trabalho forçado e golpes em criptomoedas — o chamado esquema de pig butchering, que mistura manipulação emocional, falsas promessas de investimento e extorsão.

Leia: EUA confiscam US$ 15 bilhões em bitcoins frutos de megafraude operada a partir do Camboja

O império e a máscara da filantropia

De acordo com o próprio site do Prince Group, Chen Zhi — também conhecido como “Neak Oknha”, título honorífico concedido a empresários influentes no país — liderava negócios nos setores de imóveis, bancos, finanças e consumo. A empresa descrevia o executivo como “respeitado empreendedor e filantropo”, e destacava sua fundação beneficente, responsável por bolsas universitárias e doações ao sistema educacional cambojano.

Esse discurso de prosperidade e altruísmo contrastava com o que as autoridades americanas descobriram. Para os investigadores, o conglomerado era, na verdade, o centro de uma organização criminosa transnacional, que operava complexos fechados de trabalho forçado e centros de fraude digital. Os lucros do crime, dizem os promotores, financiaram jatos particulares, iates, relógios de luxo e até a compra de um quadro de Picasso em um leilão em Nova York.

Como o golpe funcionava

Segundo o DoJ, a fraude começou por volta de 2015. Trabalhadores, muitos deles estrangeiros, eram traficados para o Camboja com promessas de emprego legítimo. Ao chegarem, tinham os passaportes confiscados e eram confinados em “compounds” — prédios murados com dormitórios e cercas elétricas. Nessas instalações, os detidos eram forçados a operar esquemas online de investimento falso em criptomoedas.

O grupo montou pelo menos dez desses centros, projetados para alcançar vítimas em vários países. Dentro das instalações, havia salas com milhares de celulares e computadores, conhecidos como phone farms. Ali, os operadores administravam dezenas de milhares de perfis falsos em redes sociais e aplicativos de mensagens. O objetivo era encontrar e manipular investidores, construindo confiança antes de convencer as vítimas a transferirem seus fundos.

As instruções para os golpistas eram detalhadas: os perfis deveriam parecer reais, evitando fotos “muito bonitas” e criando narrativas de proximidade emocional. A fraude, afirma o DoJ, atingiu milhares de vítimas, incluindo centenas nos Estados Unidos. Só no estado de Nova York, uma célula ligada ao grupo movimentou milhões de dólares.

O rastro do dinheiro

Os valores obtidos eram convertidos em criptomoedas e passavam por técnicas sofisticadas de lavagem, como o spraying e o funneling — processos que dispersam e depois reagrupam ativos digitais para apagar seu rastro. Parte do dinheiro era enviada para exchanges e depois trocada por moeda convencional. Outra parte alimentava os próprios negócios do conglomerado, como mineração de criptoativos e cassinos online, tornando o ciclo de lavagem quase perfeito.

Em documentos internos apreendidos, Chen Zhi chegou a comentar que o lucro das operações de mineração era “enorme porque não havia custo” — uma referência direta ao uso do dinheiro roubado das vítimas como capital de giro.

Escala global e sanções

O caso chamou atenção pelo tamanho do golpe e pela sua sofisticação logística e financeira. O Prince Group, com presença em mais de 30 países, seria o ponto de convergência de fraudes, corrupção e tráfico de pessoas. Chen Zhi e seus executivos, segundo a acusação, usavam influência política e subornos para garantir proteção e retardar investigações locais.

Além das ações nos Estados Unidos, o Reino Unido também anunciou sanções contra Chen e suas empresas, congelando ativos e bloqueando transações. O governo britânico afirmou que o grupo comprou imóveis de luxo em Londres, incluindo uma mansão de £12 milhões (R$ 87 milhões), 17 apartamentos e um prédio comercial avaliado em £100 milhões.

Documentos judiciais continham imagens de “fazendas de celulares” supostamente usadas para aplicar os golpes. Foto: US District Court EDNY

De símbolo nacional a foragido internacional

Para a opinião pública cambojana, Chen Zhi representava uma história de sucesso. Seu grupo patrocinava eventos, projetos sociais e campanhas de responsabilidade corporativa. Agora, ele é descrito por autoridades americanas como o “mentor de um império de fraude e sofrimento humano”.

O Departamento de Justiça considera o caso uma das maiores ofensivas da história contra o tráfico de pessoas e o crime financeiro digital. A apreensão de 127 mil bitcoins é o maior confisco já feito pela instituição. Chen Zhi permanece foragido, e o FBI pede informações sobre seu paradeiro.

Por trás da fachada de filantropia e inovação, o império de Chen Zhi expôs uma nova face do crime global: fraudes digitais movidas por cativeiro humano, sustentadas por tecnologia e pela promessa de riqueza fácil. O homem que se apresentava como o investidor do futuro agora é apontado como símbolo da era sombria das criptomoedas.

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