China zera importações de soja dos EUA e amplia compras do Brasil em quase 30%

A China não importou nenhuma carga de soja dos Estados Unidos em setembro, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (20) pela Administração Geral de Alfândegas do país. É a primeira vez desde novembro de 2018 que o maior importador mundial da oleaginosa não registra embarques norte-americanos zerados.

O corte ocorre em meio a tarifas mais altas sobre produtos agrícolas dos EUA, à redução dos estoques anteriores e à continuidade das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo. Em setembro de 2023, o país asiático havia importado 1,7 milhão de toneladas de soja americana.

Enquanto as compras dos Estados Unidos caíram a zero, as importações de soja brasileira cresceram 29,9% em relação ao mesmo mês do ano passado, totalizando 10,96 milhões de toneladas — o equivalente a 85,2% de todo o volume adquirido pela China em setembro.

As importações vindas da Argentina também aumentaram expressivamente, com alta de 91,5%, alcançando 1,17 milhão de toneladas, ou cerca de 9% do total. No conjunto, as compras chinesas somaram 12,87 milhões de toneladas métricas, o segundo maior volume mensal da história.

O avanço da soja brasileira reflete a competitividade do produto no mercado internacional e a safra recorde de 2025, que manteve os preços estáveis mesmo com o aumento da demanda chinesa.

Com a exclusão temporária dos Estados Unidos do mercado chinês, o Brasil reforça sua posição como principal fornecedor mundial de soja, ampliando a distância sobre concorrentes e consolidando sua relevância estratégica no comércio global de grãos.

Allan Ravagnani

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