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Soja: suspensão chinesa aos EUA valoriza produto brasileiro, mas ameaça preço interno e alerta para risco de excedente se bloqueio cair
Publicado 06/10/2025 • 10:39 | Atualizado há 2 horas
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Publicado 06/10/2025 • 10:39 | Atualizado há 2 horas
KEY POINTS
Um movimento silencioso, mas de grande impacto global, começa a redesenhar o comércio agrícola mundial. A decisão da China de suspender compras de soja dos Estados Unidos no início da nova safra cria um novo equilíbrio entre os principais exportadores, fortalecendo temporariamente o papel do Brasil e da Argentina no fornecimento global do grão.
Segundo análise da consultoria JPA Agro, o movimento reposiciona o Brasil “no centro do jogo”. O choque comercial amplia a vantagem brasileira no curto prazo, mas também exige atenção redobrada. O país já registra exportações acima da média dos últimos cinco anos, mas esse aumento pressiona estoques internos e pode encarecer a matéria-prima da indústria local, que opera com margens apertadas.
Dados da consultoria indicam que o Brasil exportou 91,2 milhões de toneladas de soja em grão até setembro, apenas 15 milhões abaixo da meta projetada pela Conab para todo o ciclo 2024/25. Em agosto, os embarques chegaram a 9,34 milhões de toneladas, bem acima da média dos últimos cinco anos, de 6,94 milhões.
Esse ritmo mais intenso pode gerar desequilíbrios. Quanto mais soja in natura o Brasil exporta, menor a disponibilidade para o esmagamento doméstico, que gera farelo e óleo — insumos essenciais para o abastecimento interno e para a indústria de proteínas.
A consultoria observa que já há sinais de distorções no basis e nos preços de derivados. Algumas esmagadoras estão praticando valores de farelo descolados de Chicago. Mesmo com a bolsa americana em queda, o valor no Brasil segue alto, reflexo da escassez de grão.
Com 78% da soja convertida em farelo e 18% em óleo, qualquer mudança no fluxo global de grãos tem efeito direto sobre o mix industrial. O relatório de setembro revisou a produção brasileira de farelo para 45,2 milhões de toneladas em 2024/25, um aumento de mais de 10% sobre o ciclo anterior.
Apesar disso, as margens de esmagamento seguem em queda. Em Mato Grosso, principal polo industrial do país, a margem bruta recuou para R$ 403 por tonelada em agosto, uma queda de 7% frente ao mês anterior. O mercado global indica boa oferta, mas a dinâmica local pode levar a distorções severas. O farelo pode se tornar o elo mais sensível da cadeia, seja pela escassez de grão, seja pela pressão de preços.
Com a ausência da China nos EUA e a concentração da demanda no Brasil, o modelo clássico de precificação da soja — Chicago, prêmio e câmbio — pode sofrer distorções. Os prêmios nos portos tendem a subir, enquanto o basis interno pode se estreitar, elevando o custo da matéria-prima para a indústria nacional.
O grande risco é que, entre novembro e janeiro, falte soja disponível no mercado interno. Se isso ocorrer, a indústria terá que pagar mais caro, reduzindo ainda mais margens que já estão muito comprimidas.
A Argentina pode alterar rapidamente o cenário. Diante da crise cambial, o governo argentino já utilizou no passado a redução temporária das retenciones, os impostos sobre exportação de grãos, para captar dólares. Uma nova rodada dessa medida não está descartada.
Não seria surpresa se Buenos Aires recorresse novamente a essa estratégia. Se isso acontecer, a China pode redirecionar volumes significativos para a Argentina, mudando o fluxo comercial em questão de semanas.
A decisão chinesa também carrega um componente geopolítico. Ao interromper as compras dos EUA, Pequim envia um sinal de desconforto com a política tarifária americana e amplia seu poder de barganha sobre fornecedores sul-americanos.
Se o aumento de preços da soja ou dos derivados se refletir no consumo interno americano, o tema pode se tornar pauta política. Pressões sobre Washington podem crescer se o consumidor sentir o impacto direto no bolso.
Para o Brasil, maior exportador global, o movimento traz ganhos imediatos, mas também riscos estruturais. A dependência crescente das exportações in natura e a pressão sobre o parque industrial doméstico reforçam a necessidade de equilíbrio entre competitividade e valor agregado.
O Brasil sai fortalecido no curto prazo, mas precisa estar atento ao jogo geopolítico e aos gargalos internos. Só manterá essa vantagem se investir em logística, ampliar o processamento e garantir equilíbrio entre exportação e indústria.
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