Chuvas aliviam parte da seca, mas soja segue sob risco na região do Matopiba

As chuvas voltaram a atingir com mais intensidade as regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste, trazendo alívio para o solo e impulsionando o avanço do plantio da soja. Ainda assim, o cenário permanece crítico no Matopiba (região formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e em Minas Gerais, onde a seca persiste e limita o desenvolvimento das lavouras, segundo dados da EarthDaily, empresa especializada em monitoramento agrícola via satélite.

Nos últimos dez dias, as chuvas foram acima da média histórica em boa parte do país, mas até 80% abaixo da média no Matopiba. A disparidade reforça o déficit hídrico e mantém o alerta para atrasos no calendário agrícola da soja.

“Apesar da recuperação parcial, a umidade do solo permanece crítica em amplas áreas do Matopiba e em regiões de Minas Gerais e do Centro-Oeste. A ausência de precipitações regulares mantém o solo em condição de estresse hídrico, o que pode atrasar o plantio da soja e postergar o início da semeadura do milho segunda safra”, explica Felippe Reis, analista de cultura da EarthDaily.

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Déficit hídrico se mantém severo

De acordo com a EarthDaily, a precipitação acumulada em outubro no Matopiba foi 62% inferior à média histórica, consolidando o quadro de seca prolongada. Mesmo com previsão de novas chuvas, os volumes devem permanecer abaixo da normalidade, o que dificulta a recomposição da umidade necessária para o avanço do plantio.

Em Minas Gerais, os níveis de umidade do solo estão entre os menores dos últimos dez anos, sobretudo nas principais zonas produtoras de soja. As projeções indicam melhora gradual a partir da segunda quinzena de novembro, mas a umidade seguirá abaixo da média histórica.

Centro-Oeste mostra recuperação gradual de chuvas

No Mato Grosso do Sul, a umidade segue baixa no norte do estado, refletindo o atraso no plantio e baixos índices de vegetação (NDVI). As previsões, porém, apontam aumento da umidade a partir de 12 de novembro, criando condições mais favoráveis para o avanço das lavouras.

No Mato Grosso, o NDVI mostra um início de safra mais lento em relação a 2023, mas adiantado em comparação a 2024. A dinâmica atual de umidade se assemelha ao padrão do ciclo 2024/2025, quando o clima contribuiu para bons resultados, o que mantém expectativas positivas para a nova safra.

Em Goiás, o solo registrou melhora expressiva de umidade nos últimos dias, e a tendência é de continuidade das chuvas. A condição deve favorecer o estabelecimento inicial das lavouras, ainda com atraso frente ao calendário ideal.

Previsões reforçam contraste regional

Modelos climáticos internacionais — ECMWF e GFS — apontam chuvas acima da média em boa parte do Brasil nos próximos dias, especialmente no Sul e Centro-Oeste. No entanto, ambos indicam baixo volume no Matopiba, onde o estresse hídrico continuará severo, sobretudo no oeste da Bahia.

“O cenário ainda é de cautela no Matopiba. Mesmo com previsões de melhora, os volumes de chuvas continuam baixos e o solo segue sob forte estresse. As próximas semanas serão decisivas para o ritmo do plantio e o desempenho da soja na região”, avalia Reis.

Allan Ravagnani

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