Exportadores de café registram prejuízo de R$ 5,9 milhões com armazenagem e atrasos em agosto.
Falta de capacidade portuária impediu o embarque de 624 mil sacas, equivalente a R$ 1,2 bilhão em receita perdida.
Cecafé pede celeridade no leilão do Tecon Santos 10 e investimentos em infraestrutura.
Os exportadores brasileiros de café enfrentaram em agosto um novo episódio de perdas financeiras causadas por gargalos logísticos e infraestrutura portuária defasada.
Segundo levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as empresas tiveram prejuízo de R$ 5,9 milhões apenas com custos adicionais de armazenagem, pré-stacking e detentions, em razão da impossibilidade de embarque de 624.766 sacas de café — o equivalente a 1.893 contêineres.
Além das despesas extras, o não embarque dessas cargas resultou em perda potencial de receita cambial de US$ 221,28 milhões, ou R$ 1,205 bilhão, com base no preço médio de US$ 354,18 por saca e cotação média do dólar a R$ 5,44 no período.
“É um cenário que se repete e tende a piorar se não houver investimentos rápidos nos portos do Brasil para ampliar a capacidade de pátio e berço”, afirma Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé. “O agronegócio cresce, mas a infraestrutura não acompanha, e os prejuízos se acumulam.”
Portos saturados e atrasos generalizados
De acordo com o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 50% dos navios — 168 de 335 embarcações — tiveram atrasos ou alteração de escalas nos principais portos brasileiros em agosto.
O Porto de Santos, responsável por 80,2% dos embarques de café entre janeiro e agosto, registrou 67% de atrasos, envolvendo 122 dos 182 navios porta-contêineres. O tempo máximo de espera chegou a 47 dias no terminal santista.
Já o complexo portuário do Rio de Janeiro, segundo maior exportador do produto, com 15,8% de participação, teve 38% de atrasos e intervalos de até 36 dias entre o primeiro e o último deadline de embarque.
Gargalos estruturais e entraves regulatórios
O Cecafé alerta que a falta de investimentos e a lentidão nos processos regulatórios agravam o cenário. Heron citou o impasse em torno do leilão do Tecon Santos 10, paralisado por restrições da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) que, segundo o setor, limitam a concorrência e podem levar à judicialização do processo.
“A morosidade e as restrições ao certame atrasarão ainda mais a ampliação da capacidade do Porto de Santos, ampliando os prejuízos ao comércio exterior. É urgente dar celeridade a esse processo”, afirmou Heron.
O Conselho tem buscado diálogo com outras entidades exportadoras e autoridades públicas para pressionar por melhorias. Entre as ações recentes, o Cecafé participou de reuniões com o Instituto Pensar Agro (IPA), a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a CNA e a Logística Brasil.
Marco regulatório e nova lei de portos
Em setembro, representantes do Cecafé se reuniram com o deputado Arthur Maia, relator do Projeto de Lei 733/2025, que propõe um novo marco regulatório para o sistema portuário brasileiro. Na ocasião, a entidade defendeu modernização da governança portuária, transparência tarifária e inclusão dos usuários de carga no Conselho de Autoridade Portuária (CAP), além da criação de indicadores logísticos para medir desempenho e antecipar gargalos.
“Precisamos de uma lei moderna que estimule investimentos, diversificação modal e eficiência no comércio exterior, com critérios técnicos e indicadores claros”, afirmou Heron.
Mobilização no Congresso
O Cecafé também encaminhou pedido de audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara (CAPADR), apresentado ao deputado Evair de Melo, para discutir o esgotamento da infraestrutura portuária e os entraves concorrenciais impostos pela ANTAQ.
Segundo Heron, o apoio parlamentar é fundamental para acelerar o leilão do Tecon Santos 10 e evitar novas perdas.
“O deputado Evair demonstrou grande interesse e se comprometeu a protocolar o pedido de audiência, que deve ser marcada em breve”, disse.
Unindo esforços com a iniciativa privada
Em reuniões recentes com a CNI, o Cecafé propôs união de esforços para garantir agilidade no processo do Tecon Santos 10 e reduzir burocracias.
A entidade também destacou manifestação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no Tribunal de Contas da União (TCU), que se mostrou favorável à remoção de restrições na licitação do terminal.
“Com o Cade favorável e o TCU ciente dos riscos de atraso, não há justificativa para manter entraves que posterguem o processo. O setor precisa de capacidade portuária ampliada e previsibilidade”, conclui Heron.
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