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Ambipar acusa ex-diretor financeiro de instaurar crise que levou ao pedido de recuperação e fala em ‘bullying empresarial’

Publicado 21/10/2025 • 12:04 | Atualizado há 3 horas

KEY POINTS

  • Ambipar acusa ex-CFO João Arruda de provocar crise com derivativos e fala em “bullying empresarial” nos bastidores da RJ
  • Petição aponta contratos de swap com o Deutsche Bank e cláusula PIK que teriam transformado hedge em operação especulativa e drenado o caixa
  • Grupo busca proteção judicial para conter vencimentos cruzados, preservar empregos e retomar estabilidade

A Ambipar levou à Justiça uma narrativa dura sobre a origem da crise que a conduziu ao pedido de recuperação judicial. No centro, está o ex-diretor financeiro João Daniel Piran de Arruda. A petição afirma que, após 15 anos no Bank of America, ele chegou “a peso de ouro” em agosto de 2024 e, em vez de elevar o grupo, “empurrou para a beira do precipício”. A empresa fala em inquérito criminal já instaurado e em busca de reparações civis.

A peça judicial também descreve um ambiente de “bullying empresarial” mesmo depois de liminares de proteção. Segundo a Ambipar, aditivos “desastrosos” em contratos de swap com o Deutsche Bank transformaram um hedge cambial em “derivativos tóxicos”, com chamadas de margem elevadas e súbitas, drenando caixa. A reação de bancos, como a declaração de vencimento antecipado de dívidas pelo Santander, teria desencadeado risco de vencimento cruzado e efeito dominó na estrutura financeira.

“Há poucas semanas, a apresentação deste pedido pelo Grupo Ambipar era algo impensável: sua operação é sólida, seu faturamento consistente, sua base de clientes fiel e os serviços prestados em matéria de gestão ambiental e transformação ecológica são reconhecidos internacionalmente por sua excelência… [o desafio] é o de regenerar a si mesmo.”

A empresa afirma que as operações seguem normais. Diz que não houve demissões por causa do processo. Informa que os salários de mais de 23 mil trabalhadores estão em dia. E que pretende honrar obrigações não sujeitas à recuperação nos termos originais.

O que a Ambipar alega contra o ex-CFO

A petição sustenta que Arruda conduziu a migração e posterior aditamento de swaps do Bank of America para o Deutsche Bank. Os aditivos incluíram cláusula PIK (Payment in Kind), permitindo ao banco liquidar diferenças entregando os green bonds da Ambipar Lux “a valor de face”, sem refletir preços de mercado. A companhia afirma que isso alterou a natureza das operações, introduzindo componente especulativo vinculado à cotação dos títulos.

A Ambipar narra que, após ataques “orquestrados” aos bonds e queda anômala dos preços, Arruda convocou call com bondholders e, no dia seguinte, renunciou por e-mail às 22h30, sem transição, levando ao cancelamento da reunião. A saída teria intensificado o pânico do mercado.

A empresa registra a abertura de inquérito criminal para apurar condutas de Arruda e de “associados”. E informa que cobrará reparações cíveis.

O que diz a defesa do ex-CFO

A defesa de João Arruda afirmou que as acusações feitas pela Ambipar “não encontram respaldo nos fatos nem nos documentos oficiais”. Segundo o posicionamento, o executivo não assinou o contrato de cessão entre o Bank of America e o Deutsche Bank, que teria sido firmado por Guilherme Borlenghi, filho do controlador e diretor estatutário da companhia.

O aditivo, acrescenta a nota, foi assinado posteriormente pelos também diretores estatutários Thiago Silva e Luciana Barca, “profissionais de plena confiança do controlador”, e o próprio documento foi anexado pela Ambipar nos autos da cautelar.

A defesa também contesta a alegação de que Arruda tenha convocado reunião com investidores em setembro, afirmando que os encontros foram organizados pelo Bank of America, com pauta institucional de atualização de crédito e foco na participação do controlador, Tércio Borlenghi Junior, fato que “pode ser comprovado em registro do terminal Bloomberg em 19 de setembro às 10h57”.

O comunicado da defesa de Arruda acrescenta que, diante da “intensa disseminação de informações falsas” contra o ex-diretor, serão adotadas medidas legais cabíveis, inclusive para responsabilização criminal dos “mentores dessa campanha difamatória”. A defesa afirma ainda que poderá estar caracterizado o crime de denunciação caluniosa e encerra destacando confiança de que “a verdade acabará prevalecendo, afastando-se as acusações levianas que só se prestam a construir uma narrativa falaciosa, ao que tudo indica visando desfavorecer credores”.

‘Bullying empresarial’ e reação em cadeia

A Ambipar cita chamadas de margem que somaram perto de R$ 200 milhões e mais um aporte exigido de R$ 60 milhões pelo Deutsche Bank. Reclama de cálculos “unilaterais” que teriam incorporado à margem a queda de preço dos PIK bonds, o que, segundo a empresa, desvirtuou o conceito de garantia e estrangulou o caixa.

Em paralelo, o Santander declarou vencimento antecipado de cerca de US$ 120 milhões em 24 horas. A Ambipar diz que, diante de cláusulas de cross default em diversos instrumentos — incluindo bonds somando mais de US$ 1 bilhão e debêntures de subsidiárias —, a cascata de vencimentos tornaria insustentável a operação sem intervenção judicial.

COEs e dano reputacional

A petição registra o dano reputacional decorrente de COEs lastreados em obrigações da Ambipar que foram vendidos no mercado com slogans como “IPCA+11,75%” e “sem exposição cambial”. Muitos investidores minoritários teriam sofrido perdas superiores a 90% após acionamento de gatilhos de liquidação. A empresa afirma que não participou da concepção, oferta ou distribuição desses produtos, mas que passou a ser associada a “COEs da Ambipar”, com prejuízo de imagem.

Quadro atual e defesa da recuperação

“A recuperação judicial é, portanto, um instrumento legítimo e necessário para a reestruturação das suas obrigações, permitindo que o grupo se regenere para continuar regenerando o mundo em que atua.”

A Ambipar sustenta que o pedido não é “fabricado”, mas resultado da soma de aditivos em derivativos, pânico financeiro e aceleração de vencimentos. Reitera que busca preservar empregos, contratos, tributos e serviços ambientais considerados essenciais. Alega relevância econômica do grupo, com 600 bases operacionais e mais de 12 mil acionistas.

A companhia informa ainda que liminares já haviam determinado a suspensão de execuções e de cláusulas de vencimento antecipado por 30 dias, prorrogáveis. E que decisões em agravos de instrumento teriam mantido os efeitos, reconhecendo risco à continuidade das operações e a competência do juízo empresarial do Rio de Janeiro.

Mercado e preço das ações

A Ambipar registra na petição a derrocada do papel. Afirma que AMBP3 caiu de R$ 12,15 em 23/9/2024 para R$ 0,58, recuo de cerca de 95%. Relata que os green bonds 2033 passaram a negociar perto de 13% do valor de face, um desconto médio de 87%.

Próximos passos

A empresa pede o processamento da recuperação, ratificação das tutelas já concedidas e blindagem contra atos de constrição, com o objetivo de estabilizar o caixa e negociar um plano com credores. Alega que as medidas são necessárias para impedir o “efeito dominó” de vencimentos cruzados e resguardar o valor das operações.

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