Apesar de enfrentar tarifas mais altas do que a Tesla, a montadora chinesa de veículos elétricos BYD vendeu mais carros puramente elétricos na Europa do que a rival americana pela primeira vez no mês passado — um “momento decisivo” para o mercado automotivo do continente, segundo um relatório da JATO Dynamics.
Dados de registros de novos veículos mostram que o volume de vendas da BYD na Europa cresceu 359% em abril, em comparação com o mesmo mês do ano passado, à medida que a companhia avança em sua expansão global.
No mesmo período, a Tesla registrou mais uma queda mensal, com recuo de 49% no volume total de vendas, segundo a JATO. O declínio ocorre após protestos contra o CEO Elon Musk e a empresa na região. Os dados da JATO abrangem 28 países europeus.
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O sucesso da BYD na União Europeia ocorre apesar da imposição, em outubro passado, de tarifas punitivas sobre os veículos elétricos produzidos na China. A justificativa do bloco foi a prática de comércio desleal.
As tarifas pareciam favorecer a Tesla, cujos veículos fabricados na China foram taxados em 7,8%, enquanto os da BYD receberam uma tarifa de 17%. Outras montadoras chinesas enfrentaram taxas de até 35%. A UE também aplica uma tarifa padrão de 10% sobre a importação de automóveis.
Disputa emergente
Felipe Munoz, analista automotivo global da JATO, afirmou que a diferença entre as vendas de abril das duas fabricantes foi relativamente pequena, mas que as implicações de a BYD superar a Tesla “são enormes”.
A JATO acrescentou que a BYD também está superando marcas europeias tradicionais na região, como a Fiat e a Seat — esta última, por exemplo, foi ultrapassada pela BYD na França.
“Este é um momento decisivo para o mercado automotivo europeu, especialmente se considerarmos que a Tesla liderou o segmento de elétricos a bateria no continente por anos, enquanto a BYD só iniciou oficialmente suas operações fora da Noruega e dos Países Baixos no fim de 2022”, disse Munoz.
O crescimento da BYD ocorre mesmo antes do início da produção em sua nova fábrica na Hungria, que deve se tornar o centro de operações da empresa na Europa.
“A Europa está se consolidando como o principal campo de batalha entre BYD e Tesla”, afirmou Liz Lee, diretora associada da empresa de pesquisa de mercado tecnológico Counterpoint Research, à CNBC. Ela acrescentou que a expectativa é de que a região registre crescimento mais acelerado no mercado de veículos elétricos este ano do que a China, que já possui alta penetração desse tipo de automóvel.
Segundo Lee, as tarifas deram um novo impulso para que montadoras chinesas como a BYD localizem a produção dentro do continente. A Tesla também estaria desenvolvendo planos para expandir sua fábrica na Alemanha.
O relatório da JATO afirma que, embora as tarifas tenham tido um impacto inicial nas vendas de montadoras chinesas, essas empresas conseguiram mitigar os efeitos ao ampliar e diversificar sua linha de veículos na Europa, incluindo a introdução de híbridos plug-in.
“A China não é apenas líder mundial em veículos elétricos a bateria; suas montadoras também estão entre as líderes globais em veículos híbridos plug-in”, disse Munoz.
Carros elétricos a bateria funcionam exclusivamente com eletricidade, enquanto os híbridos combinam uma bateria elétrica com um motor de combustão interna. Estes últimos ainda não foram alvo de tarifas da UE.
Enquanto isso, a demanda no segmento de veículos elétricos da região tem crescido. Os dados da JATO mostram que os registros de veículos elétricos a bateria e híbridos plug-in aumentaram 28% e 31%, respectivamente, apesar da queda nas vendas de veículos com motor a combustão.
Os registros de todos os veículos elétricos fabricados por montadoras chinesas cresceram 59% em abril na comparação anual, totalizando quase 15.300 unidades, de acordo com o relatório.
Antes da decisão tarifária da UE no ano passado, a consultoria Rhodium havia previsto que seria necessário aplicar tarifas de até 55% para tornar o mercado europeu menos atraente para exportadores chineses de veículos elétricos.
Em março, foi revelado que a Tesla, que comercializa apenas veículos elétricos a bateria, ficou atrás da BYD em vendas anuais totais.
As ações da Tesla caíram mais de 10% no mesmo período, em meio a críticas ao envolvimento de Elon Musk com o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O CEO recentemente reafirmou seu compromisso de liderar a empresa pelos próximos cinco anos.
As ações da BYD subiram 3,9% na bolsa de Hong Kong na sexta-feira e acumulam alta de cerca de 78% no ano.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC
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