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Carlos Ghosn diz que fusão entre Nissan e Honda causará uma ‘carnificina de cortes’
Publicado 24/12/2024 • 09:56
KEY POINTS
Ghosn, que liderou a Nissan por 19 anos, classificou a negociação como um reflexo do "modo de pânico" da empresa
Foto: Sebastian Derungs/Flicker
O ex-CEO da Nissan, Carlos Ghosn, criticou a possível fusão entre as montadoras japonesas Nissan e Honda, anunciada nesta semana. Em entrevista à CNBC, Ghosn afirmou que a união pode resultar em uma “carnificina de cortes” devido à “total duplicação” das operações das duas empresas.
Ghosn nasceu no Brasil, mas também tem cidadania libanesa. Ele chegou a liderar a Nissan e Renault, que tinham operações conjuntas. Em novembro de 2018, ele foi preso no Japão, acusado de irregularidades (ele nega que tenha cometido crimes). Em dezembro do ano seguinte, ele fugiu do Japão para o Líbano, onde está até hoje.
Ghosn, que liderou a Nissan por 19 anos, classificou a negociação como um reflexo do “modo de pânico” da empresa, que, segundo ele, busca uma saída para suas dificuldades financeiras e operacionais. Ele ressaltou que, caso a fusão seja concretizada, a Honda deve assumir a liderança, deixando a Nissan em uma posição vulnerável.
“Não há praticamente nenhuma complementaridade entre Nissan e Honda. Para gerar sinergias, haverá redução de custos, cortes em plantas e tecnologia, e sabemos exatamente quem pagará o preço: a Nissan”, disse Ghosn.
As empresas anunciaram a criação de uma holding listada na Bolsa de Valores de Tóquio para gerir as operações conjuntas.
A Honda, com um valor de mercado quatro vezes maior que o da Nissan, indicará a maioria dos membros do conselho da nova entidade. A Mitsubishi, parceira estratégica da Nissan, também está envolvida nas discussões.
Se concretizada, a fusão criará um grupo avaliado em US$ 54 bilhões, tornando-se o terceiro maior do mundo em vendas de veículos, atrás apenas de Toyota e Volkswagen.
A fusão visa enfrentar os desafios da transição para veículos elétricos e autônomos, setores que demandam altos investimentos. Executivos das duas empresas destacaram que a integração traria economias de escala e compartilhamento de recursos, com uma projeção de lucro operacional combinado de 3 trilhões de ienes (US$ 19,1 bilhões) no longo prazo.
A Nissan anunciou recentemente uma ampla reestruturação global, incluindo cortes de 9 mil empregos e redução de 20% na capacidade de produção. Especialistas indicam que a empresa busca alternativas para se manter competitiva em meio às dificuldades financeiras e à queda nas vendas.
Analistas afirmam que o sucesso da fusão dependerá de uma integração eficiente dos recursos humanos, ativos e culturas empresariais. A execução do plano de recuperação da Nissan também será um ponto crítico para a continuidade das negociações.
Enquanto isso, Ghosn expressou ceticismo sobre a eficácia da parceria: “Tenho grandes dúvidas de que essa fusão será benéfica para a Nissan”.