Na semana passada, o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, disse aos funcionários “é o que é” em uma reunião geral acalorada após o anúncio da empresa de que aumentaria a exigência de trabalho presencial e mudaria os benefícios.
A empresa de transporte informou aos funcionários em 28 de abril que eles serão obrigados a comparecer ao escritório três dias por semana, em vez de dois, a partir de junho, informou a CNBC. A Uber também alterou os critérios para sua licença remunerada de um mês, aumentando o tempo de casa necessário de cinco para oito anos. A empresa também informou a alguns funcionários que haviam sido previamente aprovados para trabalho remoto que eles teriam de voltar ao escritório.
Khosrowshahi defendeu as mudanças nas políticas diante de funcionários combativos, que o bombardearam com perguntas e críticas na reunião e no fórum interno da Uber, de acordo com áudios e comunicações obtidos pela CNBC.
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“Se você está aqui por causa da licença sabática e essa mudança faz você mudar de ideia, é o que é,” disse Khosrowshahi na reunião geral de 29 de abril. “Lamento por isso. A razão pela qual queremos que você esteja aqui é o impacto na empresa. O aprendizado aqui. Reconhecemos que algumas dessas mudanças serão impopulares para algumas pessoas. Esse é um risco que decidimos correr.”
O confronto interno na Uber destaca a crescente tensão entre trabalhadores e lideranças no setor de tecnologia. Durante anos, profissionais foram atraídos pelo Vale do Silício por seus valores idealistas, benefícios e segurança no emprego, mas desde 2022 as empresas de tecnologia têm cortado benefícios e promovido rodadas contínuas de demissões.
O Google, por exemplo, informou a alguns funcionários anteriormente aprovados para trabalho remoto que precisariam retornar ao escritório se quisessem evitar serem pegos em cortes, segundo a CNBC reportou no mês passado.
Estar mais presencialmente é melhor para colaboração, inovação e cultura da empresa, disse a Uber à CNBC em comunicado.
“Não é surpresa que nem todos tenham ficado entusiasmados com as mudanças nas políticas de trabalho remoto e licença sabática,” disse a empresa. “Mas o trabalho da liderança é fazer o que é melhor para nossos clientes e acionistas.”
Depois do anúncio das mudanças por meio de um memorando na semana passada, funcionários lotaram o fórum interno da empresa, o Slido, com perguntas e comentários.
“O Slido basicamente foi invadido por perguntas sobre as mudanças que fizemos,” disse Khosrowshahi no início da reunião, acrescentando que as perguntas haviam sido consolidadas.
“Como cinco anos de serviço não são suficientes para ser considerado funcionário veterano? Especialmente quando o burnout é comum na organização,” dizia um comentário com alta avaliação feito por um funcionário, acrescentando que já havia pago por uma viagem planejada para o sabático de um mês.
Khosrowshahi afirmou que a Uber é uma “empresa impulsionada por Gen-AI” e que precisa estar em seu melhor nível. Ele disse que os funcionários deveriam estar mais interessados no aprendizado e no impacto que causam na empresa do que nos benefícios, o que gerou ainda mais reação negativa dos colaboradores.
Algumas perguntas questionavam se a Uber havia feito as mudanças de propósito, esperando que isso forçasse algumas pessoas a pedirem demissão.
“Isso não tem nada a ver com uma necessidade de provocar demissões ou cortes,” disse Khosrowshahi, acrescentando que as mudanças não têm relação com redução de custos. “Nada disso está planejado. O negócio está funcionando muito, muito bem. Mas veja, ser bom não é bom o suficiente para nós. Precisamos ser excelentes como empresa.”
A Uber divulgará seus resultados financeiros do primeiro trimestre na quarta-feira (7).
Após a reunião geral, a diretora de RH da Uber, Nikki Krishnamurthy, enviou um memorando dizendo que alguns comentários feitos durante a transmissão da reunião “ultrapassaram os limites do profissionalismo e respeito.”
“Isso não está certo, e vamos conversar com os funcionários que fizeram tais comentários,” escreveu Krishnamurthy, de acordo com o memorando visualizado pela CNBC. “Nos bons e maus momentos, somos abertos uns com os outros. Mas quando vemos esse tipo de comportamento, fica mais difícil continuar sendo abertos da mesma forma.”
Em 2022, a Uber estabeleceu as terças e quintas-feiras como “dias âncora”, nos quais a maioria dos funcionários deve passar pelo menos metade do expediente nos escritórios da empresa, podendo trabalhar remotamente nos demais dias para garantir “produtividade individual”, segundo um post de blog que já foi removido.
“Nossos negócios também existem no mundo real, nas ruas de milhares de cidades, e é importante permanecermos conectados aos lugares que atendemos,” escreveu Krishnamurthy na época.
No fórum da empresa, vários funcionários questionaram a mudança para três dias presenciais, citando a falta de salas de reunião e de espaço para trabalhar, segundo comentários visualizados pela CNBC.
“É um desafio toda terça e quinta-feira até mesmo encontrar um lugar para sentar com seu time,” dizia um comentário.
O objetivo dos dias âncora é “trazer o máximo de pessoas possível ao escritório,” disse Khosrowshahi, acrescentando que a Uber passará a monitorar a presença dos funcionários.
Krishnamurthy respondeu às preocupações sobre espaço físico durante a reunião, anunciando que a Uber está adicionando 65 mil metros quadrados de espaço de escritório entre as unidades de Mission Bay (São Francisco) e Seattle – ambas nos EUA. O espaço extra será destinado a mais salas de reunião e refeitórios, disse Krishnamurthy, acrescentando que as reformas seguirão em andamento até 2026.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
