A carreira de Doug McMillon no Walmart começou quando ele ainda estava no ensino médio, separando pedidos e descarregando caminhões em um centro de distribuição. Agora ela terminará após um bem-sucedido período de 12 anos como CEO do gigante do varejo.
McMillon deixará o cargo em 31 de janeiro de 2026, após quase 12 anos no comando da empresa, anunciou o Walmart na sexta-feira (14). O executivo, de 59 anos, natural de Memphis, Tennessee, tornou-se o quinto CEO da companhia em fevereiro de 2014 — e seu percurso é notável: McMillon entrou no Walmart em 1984 como funcionário horista e ocupou diferentes funções ao longo da carreira, conforme subia na hierarquia.
Ele se tornou CEO e presidente do Sam’s Club, rede pertencente ao Walmart, entre 2005 e 2009, e assumiu os mesmos cargos no Walmart International entre 2009 e 2014. Suas décadas de experiência trabalhando com diferentes equipes influenciaram sua visão de liderança, segundo ele mesmo.
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“Acho que o que se manteve consistente [ao longo do meu tempo no Walmart] é que isso aqui é um esporte de equipe e nada acontece pelo trabalho de apenas um indivíduo”, disse McMillon em um episódio de 21 de maio do podcast View From The Top, da Stanford Graduate School of Business. “Todos fazemos isso juntos. E não importa se você vai abrir uma startup ou está em uma grande empresa — isso sempre será verdade.”
Quando McMillon assumiu como CEO, ele definiu “três princípios fundamentais” para orientar a direção da companhia, como disse na reunião de acionistas do Walmart em 6 de junho de 2014. “Primeiro, seremos uma empresa guiada pelo cliente… Segundo, vamos investir em nossa equipe… Por fim, precisamos estar na vanguarda da inovação e da tecnologia. Vamos agir com urgência para ficar à frente das mudanças.”
O Walmart era, havia décadas, um gigante do varejo físico, e a aposta de McMillon no digital gerou ceticismo. Ela também provocou uma forte venda de ações: em outubro de 2015, a empresa reduziu suas projeções de vendas para o ano após aumentar os gastos com salários e com suas plataformas de e-commerce — e as ações despencaram até 10%, fazendo o Walmart perder mais de US$ 20 bilhões em valor de mercado.
“No setor de tecnologia, há anos se prevê que empresas baseadas em lojas físicas, como o Walmart, acabariam enfrentando grandes dificuldades. E acho que isso está vindo à tona de forma muito evidente agora”, disse Geoff Lewis, sócio do Founders Fund, à CNBC na época.
Mas o Walmart afirmou que previa uma recuperação nos lucros até o ano fiscal de 2019 — e o plano de McMillon acabou dando muito certo. A receita anual da empresa vem crescendo de forma constante desde 2018, inclusive durante a pandemia de Covid-19, quando consumidores passaram a usar mais pedidos via celular e web, enquanto disputa espaço com a Amazon. As ações do Walmart subiram quase 300% desde o primeiro dia de McMillon como CEO, informou a CNBC nesta sexta-feira.
Nesse período, o Walmart lançou novos centros de distribuição dedicados a pedidos online e ampliou seu programa de retirada no mesmo dia ou no dia seguinte para clientes que compram pelo celular, entre outras iniciativas tecnológicas. Mais recentemente, a empresa anunciou planos de implementar milhões de sensores “ambient Internet of Things”, sem bateria, em sua cadeia de suprimentos nos EUA, para monitorar de forma mais eficaz seus paletes de estoque em todo o país.
McMillon é considerado jovem para um CEO de grande empresa que se aposenta, especialmente alguém que teve uma gestão tão bem-sucedida. Nos últimos anos, outras grandes companhias têm flexibilizado ou eliminado a idade de aposentadoria obrigatória para CEOs, geralmente 65 anos, em várias corporações norte-americanas, para manter seus executivos no cargo por mais tempo.
“Servir como CEO do Walmart tem sido uma grande honra, e sou grato ao nosso Conselho e à família Walton pela oportunidade”, disse McMillon em comunicado nesta sexta-feira. “Estou profundamente orgulhoso do que nossos colaboradores conquistaram e muito agradecido pelo compromisso deles com nossos clientes, uns com os outros e com as comunidades que atendemos. Obrigado, pessoal!”
Agora, ele passa o bastão para John Furner, atual chefe de operações nos EUA e funcionário do Walmart há mais de 30 anos. Furner, de 51 anos, tem trajetória semelhante: começou como funcionário horista em 1993 e ascendeu por diferentes funções. Assim como McMillon, ele também já foi CEO do Sam’s Club.
A “curiosidade e habilidade digital de Furner, combinadas com um profundo compromisso com nossas pessoas e cultura, permitirão que ele nos leve ao próximo nível”, disse McMillon no comunicado de sexta-feira.
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