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J&F entra no setor de energia nuclear ao comprar participação na Eletronuclear
Publicado 15/10/2025 • 11:22 | Atualizado há 4 horas
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Publicado 15/10/2025 • 11:22 | Atualizado há 4 horas
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Eletronuclear
Eletronuclear/Divulgação/Agência Brasil.
A Eletrobras anunciou nesta terça-feira (15) a venda integral de sua participação na Eletronuclear para a Âmbar Energia, do Grupo J&F, dos irmãos Wesley e Joesley, em uma transação avaliada em R$ 535 milhões. O acordo marca a saída definitiva da estatal do setor nuclear e integra o plano de reestruturação iniciado após sua privatização, com foco em geração renovável e eficiência na alocação de capital.
De acordo com comunicado da companhia, o contrato de compra e venda foi assinado em 14 de outubro, e inclui a transferência de garantias prestadas pela Eletrobras em favor da Eletronuclear, além da assunção, pela J&F, das debêntures firmadas com a União, no valor de R$ 2,4 bilhões.
O processo contou com assessoria financeira do BTG Pactual e foi resultado de uma disputa competitiva iniciada em 2023. A operação ainda depende de ajustes e condições precedentes usuais antes de ser concluída.
O negócio, sujeito à aprovação dos órgãos reguladores, vai diversificar o portfólio de geração da Âmbar. Atualmente, a empresa conta com 50 unidades, considerando negócios em fase de fechamento: solares, hidrelétricas, a biodiesel, a biomassa, a biogás, a gás natural, entre outras.
“A energia nuclear combina estabilidade, previsibilidade e baixas emissões, características fundamentais em um momento de descarbonização e de crescente demanda por eletricidade impulsionada pela inteligência artificial e pela digitalização da economia”, afirmou Marcelo Zanatta, presidente da Âmbar Energia.
Segundo a Eletrobras, o valor de investimento registrado na Eletronuclear era de R$ 7,8 bilhões no segundo trimestre de 2025. Assim, a venda resultará em uma provisão contábil de cerca de R$ 7 bilhões, que será registrada no balanço do terceiro trimestre.
Apesar do impacto pontual nas demonstrações financeiras, a companhia destacou que a operação melhora o perfil de risco e libera capital alocado em um ativo de retorno limitado, abrindo espaço para novos investimentos e potencial aumento na distribuição de dividendos.
“As condições da transação permitem a plena liberação da Eletrobras das responsabilidades remanescentes com a Eletronuclear, melhorando o perfil de risco e a flexibilidade financeira”, informou a empresa em nota.
A venda da Eletronuclear representa mais um passo no processo de simplificação da estrutura corporativa da Eletrobras e otimização de portfólio, conforme previsto no plano estratégico da companhia.
A estatal já havia realizado desinvestimentos em termelétricas, incluindo transações anteriores com a própria J&F, e segue direcionando recursos para projetos de geração renovável e transmissão de energia.
“O movimento é coerente com o foco estratégico da Eletrobras de se consolidar como a maior empresa de energia renovável do país, reduzindo riscos jurídicos e regulatórios associados ao setor nuclear”, avaliou a corretora Ativa Investimentos, em comentário sobre a operação.
Com a alienação, a Eletrobras encerra um ciclo histórico iniciado nos anos 1970, quando participou da criação da Eletronuclear, e reforça sua posição como uma companhia de capital privado com foco em energia limpa e rentabilidade.
A Eletronuclear opera as usinas Angra 1, com potência instalada de 640 megawatts (MW), Angra 2, com 1.350 MW, e o projeto em desenvolvimento de Angra 3, de 1.405 MW. Somadas, as três unidades podem gerar até 3.400 MW, o suficiente para abastecer mais de 10 milhões de pessoas.
As duas usinas em operação possuem contratos de longo prazo, o que garante receitas previsíveis. Angra 1 está contratada até 2044 e Angra 2 tem contrato até 2040. “A participação na Eletronuclear nos assegura fluxo estável de receitas, com energia gerada próxima aos maiores centros de consumo do país”, diz Zanatta. Em 2024, a Eletronuclear registrou receita líquida de R$ 4,7 bilhões e lucro líquido de R$ 545 milhões.
Pelo contrato, a Âmbar passará a deter a participação de 68% do capital total e de 35,3% do capital votante da Eletronuclear antes detida pela Eletrobras. A União, que não faz parte da transação, continuará controlando a Eletronuclear por meio da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), que detém 64,7% do capital votante e cerca de 32% do capital total.
“Com esta aquisição, consolidamos o portfólio mais diversificado do setor elétrico brasileiro, combinando diferentes fontes para garantir segurança energética, sustentabilidade e competitividade”, afirma Zanatta.
A operação foi bem recebida por analistas e investidores, que veem a venda da Eletronuclear como um passo estratégico e simbólico na consolidação da nova Eletrobras. A Ativa Investimentos avaliou o movimento como positivo para a tese de longo prazo da companhia, destacando que o desinvestimento elimina incertezas jurídicas e regulatórias e reforça a disciplina de capital. A corretora mantém recomendação de “compra” para as ações, com preço-alvo de R$ 54 para ELET3 e R$ 59 para ELET6.
“A conclusão da venda da Eletronuclear consolida a nova fase da Eletrobras — mais leve, focada em ativos de retorno previsível e em expansão no setor de energia limpa, pilares centrais de sua estratégia de valor pós-privatização”, avaliou a Ativa.
O analista Bernardo Viero, da Suno Research, também classificou a operação como acertada e afirmou que a transação fortalece o caixa e reduz riscos operacionais e financeiros. Ele lembra que a Eletrobras vendeu sua participação de 68% (35,3% do capital votante) na Eletronuclear para a J&F por R$ 535 milhões, em um negócio que avaliou o ativo em um valor de firma de R$ 7,9 bilhões.
Além do valor pago, a J&F assumiu a obrigação de integralizar R$ 2,4 bilhões em debêntures a serem emitidas pela Eletronuclear, o que, na prática, retira da Eletrobras a necessidade de financiar a subsidiária — uma obrigação prevista no acordo firmado com a União.
“A decisão é acertada, pois, apesar de gerar um resultado contábil aparentemente substancial em relação ao valor da venda — com EBITDA de R$ 1,4 bilhão e lucro líquido de R$ 544,8 milhões em 2024 —, a Eletronuclear vinha queimando caixa continuamente por conta de sua alta necessidade de capital para manutenção”, afirmou Viero.
Segundo o analista, a operação foi realizada em um múltiplo EV/EBITDA de 5,6 vezes, patamar considerado razoável diante das características do ativo. Ele ressaltou que, em 2024, a Eletronuclear gerou R$ 719 milhões de caixa operacional, mas consumiu R$ 1,8 bilhão em investimentos de manutenção e imobilizado, em parte devido à obra paralisada de Angra 3, que exige gastos constantes sem gerar retorno financeiro.
“Com a venda, a Eletrobras reforça seu caixa e se livra de um fator de risco relevante, concentrando-se nas operações em que detém o controle e consegue gerar valor contínuo para o acionista”, concluiu Viero.
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