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Executivos do setor solar alertam que ataque de Trump às renováveis pode causar crise energética e disparar preço da luz
Publicado 24/08/2025 • 11:44 | Atualizado há 4 horas
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Publicado 24/08/2025 • 11:44 | Atualizado há 4 horas
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Imagem de painéis solares - Energia Solar
Unsplash
O ataque do presidente Donald Trump aos projetos de energia solar e eólica ameaça aumentar o preço da energia para os consumidores e enfraquecer ainda mais uma rede elétrica que já está no limite para atender à demanda crescente, alertam executivos do setor de renováveis.
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Trump já disse várias vezes que as turbinas eólicas são feias, prejudicam as aves e que as instalações solares ocupam espaço demais. Nesta semana, ele afirmou que seu governo não vai aprovar novos projetos de solar e eólica, mais um capítulo na campanha que faz contra as energias renováveis desde que assumiu o cargo.
“Não vamos aprovar projetos de energia eólica ou solar que prejudicam fazendeiros”, escreveu Trump na Truth Social na quarta-feira (20). “A era da burrice acabou nos EUA!!!”
A declaração de Trump nesta semana confirmou o temor do setor de que o Departamento do Interior vá barrar licenças federais para projetos de solar e eólica. O secretário do Interior, Doug Burgum, assumiu o controle de todas as aprovações no mês passado, um movimento que a Associação Americana de Energia Limpa criticou como “obstrução” e classificou de “revisão política sem precedentes”.
O bloqueio de licenças pelo Departamento do Interior deve frear o crescimento de todo o setor de solar e eólica, disseram à CNBC os principais executivos das empresas Arevon, Avantus e Engie North America.
Mesmo projetos em propriedades privadas podem precisar de autorização do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA, por exemplo, se houver algum impacto em rios ou espécies animais, explicaram os executivos à CNBC. Segundo a consultoria Enverus, essas três empresas estão entre as dez maiores desenvolvedoras de renováveis nos Estados Unidos.
O Departamento do Interior “não vai favorecer projetos grandes e pouco confiáveis que não fazem sentido para o povo americano ou que possam prejudicar comunidades ou o meio ambiente”, disse um porta-voz ao ser questionado pela CNBC sobre a liberação de novas licenças para construção de solar e eólica.
Restringir as renováveis vai piorar ainda mais a iminente falta de oferta de energia, prejudicar a rede elétrica e aumentar a conta de luz para o consumidor, afirmou Kevin Smith, CEO da Arevon, empresa de solar e baterias com sede em Scottsdale, Arizona, que atua em 17 estados. A Arevon opera cinco gigawatts de energia, o equivalente a um investimento de US$ 10 bilhões (R$ 54,2 bilhões).
“Acho que nem todo mundo percebe o tamanho do sufoco que vem pela frente”, diz Smith. “Essas mudanças de política só vão dificultar ainda mais essa situação.”
A burocracia no Departamento do Interior e o aumento de custos causados pelas tarifas sobre cobre e aço impostas por Trump criaram uma instabilidade que dificulta o planejamento, segundo os executivos do setor.
“A gente não quer assinar contratos antes de saber como vai ficar o jogo”, disse Cliff Graham, CEO da Avantus, desenvolvedora de solar e baterias com sede em San Diego. A Avantus já construiu três gigawatts de solar e armazenamento no deserto do sudoeste americano.
“Eu faço o que for preciso para manter o negócio de pé, só preciso que as regras estejam claras e valendo”, completou Graham.
A Engie North America, braço americano de uma gigante global de energia sediada em Paris, decidiu cortar pela metade seu investimento planejado nos EUA por causa das tarifas e da incerteza regulatória, contou David Carroll, chefe de renováveis da subsidiária americana. Ele disse que o corte pode ser ainda maior.
A subsidiária da Engie na América do Norte, com sede em Houston, deve operar cerca de 11 gigawatts de energia solar, eólica e baterias até o fim do ano.
Segundo Carroll, empresas multinacionais como a Engie sempre viram os EUA como um dos ambientes de negócios mais estáveis do mundo. Mas essa visão está mudando, tanto no conselho da Engie quanto no setor como um todo.
“A estabilidade do mercado americano já não é mais aquela maravilha que todo mundo pensava”, disse Carroll.
Segundo Smith, da Arevon, os custos dos projetos de solar e baterias aumentaram até 30% por causa das tarifas sobre metais. Muitos desenvolvedores de renováveis estão renegociando os preços da energia com as distribuidoras para compensar o aumento repentino dos custos, pois os projetos deixaram de ser viáveis financeiramente, explicou.
A lei One Big Beautiful Bill de Trump acaba com dois créditos fiscais importantes para projetos de solar e eólica no final de 2027, o que torna o cenário ainda mais desafiador. O crédito de investimento incentivava novas construções de renováveis e o crédito de produção estimulava a geração de energia limpa.
Smith explica que esses incentivos acabavam beneficiando o consumidor. Com o fim dos créditos e os custos em alta por causa das tarifas, a conta de luz de famílias e empresas deve pesar ainda mais no bolso.
O preço que a Avantus cobra pela energia solar praticamente dobrou, chegando a US$ 60 (R$ 325) por megawatt-hora, já que os juros e as tarifas aumentaram nos últimos anos, disse o CEO Graham. Segundo ele, os preços devem subir de novo para cerca de US$ 100 (R$ 542) por megawatt-hora quando os créditos fiscais acabarem.
“Pequenas indústrias, empresas familiares e comerciantes vão sentir esse aumento na conta de luz, e isso pode acabar tirando os pequenos empreendedores do setor ou até do mercado”, afirmou Graham.
Projetos de renováveis que começarem a ser construídos até julho do ano que vem, um ano após a aprovação da One Big Beautiful Bill, ainda vão ter direito aos incentivos fiscais. Arevon, Avantus e Engie seguem tocando os projetos já em andamento, mas o futuro para obras que começarem depois desse prazo é incerto.
Segundo Smith, da Arevon, os EUA vão sofrer uma forte queda na geração de novas energias renováveis a partir da segunda metade de 2026 até 2028, já que os novos projetos não terão mais direito aos créditos fiscais.
“Os pequenos e médios que não conseguirem segurar o risco financeiro vão sumir”, disse Smith. “Vai ter menos projeto sendo construído nesse setor.”
Com menos usinas renováveis, aumenta o risco de apagões ou quedas de energia, alerta Smith. A demanda por eletricidade está disparando por causa dos data centers que as empresas de tecnologia estão construindo para treinar sistemas de inteligência artificial. O PJM Interconnection, maior rede elétrica dos EUA, que coordena o mercado de energia em 13 estados e no Distrito de Columbia, já avisou que a oferta está apertada porque pouca energia nova está entrando no sistema.
Smith, da Arevon, destaca que as renováveis são a fonte de energia que consegue atender à demanda com mais rapidez. Segundo dados da Enverus, mais de 90% da energia aguardando conexão à rede é de solar, baterias ou eólica.
“A necessidade de energia vai ser, basicamente, suprida pelo setor de renováveis – ou então não vai ser suprida”, disse Smith. “Sem isso, a rede fica muito prejudicada.”
A porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, afirmou que Trump está priorizando petróleo, gás e energia nuclear por considerá-los “as ferramentas mais eficazes e confiáveis para abastecer nosso país”.
“O presidente Trump trabalha para o povo americano que votou por sua agenda de energia América em Primeiro Lugar – não para os executivos tristes das renováveis que estão chateados com o fim dos subsídios do ‘Novo Golpe Verde’ do Biden”, declarou Kelly.
Mas novas usinas de gás natural só devem começar a funcionar daqui a cinco anos por causa de problemas de abastecimento, energia nuclear nova só daqui a uma década e não há novos projetos de carvão em andamento.
Segundo Smith, da Arevon, pode chegar o momento em que as distribuidoras terão de recusar novos data centers porque não haverá energia suficiente para manter tudo funcionando, e ninguém quer correr o risco de apagão em hospitais, escolas e casas. Isso pode colocar os EUA em desvantagem na corrida contra a China para liderar em inteligência artificial, uma prioridade do governo Trump.
“O desespero no mundo dos data centers e da IA provavelmente só vai bater de verdade daqui uns 12 meses, quando perceberem que não vão conseguir a energia que precisam nos locais onde planejam construir”, afirmou Smith.
“Aí vamos ver o que acontece”, disse o executivo formado pela Universidade de Chicago, com 35 anos de experiência no setor de energia. “Pode ser que haja uma reviravolta na política para tentar construir o que der e colocar energia na rede.”
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.