Viajantes espaciais, robôs e, claro, inteligência artificial. Todos eles foram exibidos na terça-feira durante a reunião anual do Users Group da Epic Systems, realizada no campus de 1.670 acres do gigante de software de saúde em Verona, Wisconsin.
Judy Faulkner, CEO de 82 anos da Epic, se vestiu para a ocasião com uma peruca roxa, sapatos verde-neon e um colete iridescente, lembrando o personagem Buzz Lightyear da franquia “Toy Story”.
No evento, com tema de ficção científica, Faulkner disse ao público que a Epic tem cerca de 200 funcionalidades diferentes de IA em desenvolvimento, com o objetivo de auxiliar pacientes, clínicos e seguradoras.
“Estamos combinando a inteligência e a curiosidade do ser humano com as capacidades investigativas da IA generativa”, disse o CEO, diante de milhares de executivos de saúde reunidos em um auditório subterrâneo com 11.400 lugares.
A Epic, uma das maiores empresas privadas de tecnologia, é mais conhecida por seu software de prontuário eletrônico, ou EHR, uma versão digital do histórico médico de um paciente, atualizada por profissionais da saúde, sendo a tecnologia parte integral do sistema de saúde moderno dos EUA.
O software da Epic, que compete com a Oracle Health (antiga Cerner), é usado por 280 milhões de americanos, segundo a empresa. Muitos pacientes conhecem a Epic por seu portal chamado MyChart.
Na semana passada, a Epic anunciou o MyChart Central, que permitirá aos pacientes acessarem o aplicativo com um único conjunto de credenciais, em vez de precisar de um nome de usuário e senha para cada sistema de saúde que visitarem. É igualmente útil para as organizações de saúde, disse Faulkner.
“Você gastará menos tempo atendendo ligações de pacientes e redefinindo senhas”, disse ela em seu discurso principal na terça-feira. “Alterações demográficas, como endereço, precisam ser adicionadas apenas uma vez.”
Uma nova adição ao portal MyChart é a assistente Emmie, sempre ativa, que a empresa disse ser capaz de responder perguntas sobre resultados de exames, propor horários de consultas e sugerir exames relevantes que os pacientes podem discutir com seu médico.
Durante a apresentação de três horas da Epic, Faulkner e outros executivos apresentaram Emmie, assim como outros assistentes de IA chamados Art e Penny, destacando novas capacidades que estarão disponíveis no próximo ano e além.
O assistente Art é destinado a clínicos e deve atuar como um colega digital de IA ativo, disse a empresa. Art poderá antecipar informações que um médico possa precisar, por exemplo, e acessar dados como tendências de pressão arterial, atualizar o histórico familiar do paciente e realizar pedidos.
A empresa também afirmou que Art poderá redigir notas clínicas, o que foi um dos anúncios mais aguardados antes da conferência. Ferramentas de documentação clínica com IA, frequentemente chamadas de AI scribes, podem registrar notas de visitas de pacientes em tempo real enquanto os médicos documentam seus atendimentos, com o consentimento do paciente.
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Os AI scribes explodiram em popularidade à medida que executivos de saúde buscam soluções para reduzir o esgotamento da equipe e a sobrecarga administrativa. Algumas startups do setor, incluindo Abridge e Ambience Healthcare, levantaram centenas de milhões de dólares de investidores.
A Epic disse que sua ferramenta de registro clínico com IA está sendo desenvolvida em colaboração com a Microsoft. Epic e Microsoft trabalham em estreita colaboração há cerca de duas décadas, e o produto DAX Copilot da Microsoft já é uma oferta popular no mercado de AI scribes.
“Estamos orgulhosos de colaborar com a Epic para explorar como podemos levar nossa tecnologia principal Dragon ambient AI à nova funcionalidade de registro clínico com IA da Epic, para melhorar ainda mais a prestação de cuidados”, disse Joe Petro, vice-presidente corporativo da Microsoft Health & Life Sciences, em um comunicado.
A assistente Penny da Epic foi projetada para ajudar na gestão do ciclo de receita e outras necessidades administrativas, como gerar cartas de recurso para reivindicações de seguro negadas. Também pode acelerar a codificação médica, oferecendo sugestões, disse Faulkner. Esses dois recursos já estão ativos.
“Com todos os desafios que as organizações de saúde enfrentam, precisamos garantir que nossos clínicos e nossas instituições estejam fortes e funcionando bem para poder cuidar dos pacientes”, disse Faulkner.
A Epic encerrou seu discurso executivo provocando novas capacidades de IA que chegarão ao Cosmos, um conjunto de dados de pacientes desidentificados que os clínicos podem usar para pesquisas. Os sistemas de saúde precisam optar por participar do Cosmos, e o banco de dados atualmente inclui informações de mais de 1.760 hospitais e 300 milhões de pacientes.
A Epic disse que está construindo um conjunto de modelos proprietários, chamados Cosmos AI, com base nesses dados. A empresa ainda está avaliando diferentes aplicações dos modelos e lançou o Cosmos AI Lab para ajudar pesquisadores e cientistas de dados a aprender mais.
Executivos disseram que os modelos poderiam ser usados para prever uma linha do tempo de possíveis eventos médicos de um paciente, como risco de readmissão ou a possibilidade de sofrer um ataque cardíaco no futuro.
“Estamos percebendo que ele continua melhorando à medida que vê mais pacientes”, disse Seth Hain, vice-presidente sênior de pesquisa e desenvolvimento da Epic. “Tendo usado apenas 8 bilhões de atendimentos até agora, estamos apenas começando.”
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