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Megaprojetos de IA despertam alerta em regiões mais secas da Europa
Publicado 16/10/2025 • 07:53 | Atualizado há 7 horas
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Publicado 16/10/2025 • 07:53 | Atualizado há 7 horas
KEY POINTS
Foto por ANDER GILLENEA / AFP
Esta fotografia, tirada em 24 de agosto de 2025, mostra uma vista geral da represa de Mediano, na região nordeste de Aragão, província de Huesca.
A ambiciosa estratégia europeia para inteligência artificial corre o risco de colidir com um problema ambiental frequentemente negligenciado, mas de importância crítica: a escassez de água.
A União Europeia tem grandes planos para expandir sua capacidade de centros de dados, anunciando em abril a intenção de ao menos triplicá-la nos próximos cinco a sete anos, como parte do esforço para se tornar um polo mundial de IA.
A rápida expansão dos data centers, que sustentam todos os aspectos da economia digital, desde redes sociais e bancos online até ferramentas de IA como o ChatGPT, tem gerado preocupações, especialmente em regiões que já enfrentam escassez hídrica.
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O problema é particularmente grave no sul da Europa, onde cerca de 30% da população vive em áreas com estresse hídrico permanente, situação em que a demanda por água excede a oferta disponível durante um determinado período.
Centros de dados normalmente exigem grandes quantidades de água para evitar o superaquecimento dos servidores.
Empresas de tecnologia como Amazon, Microsoft e Meta investiram bilhões de dólares em novas instalações na Espanha, enquanto o Google planeja desenvolver três polos na região de Ática, na Grécia.
Kevin Grecksch, professor associado de ciência, política e gestão da água na Universidade de Oxford, no Reino Unido, disse à CNBC que a construção de data centers em áreas sob estresse hídrico na Europa reflete uma falta de planejamento integrado por parte dos formuladores de políticas.
“A IA é a palavra da moda, o assunto do momento”, afirmou Grecksch. “Então, políticos nacionais e regionais tentam se envolver nisso, e parece que estão investindo no futuro, criando alguns novos empregos, mas a sustentabilidade parece ser uma reflexão tardia.”
Grecksch destacou que a rápida expansão de data centers na região levanta várias perguntas sem resposta. “Como, por exemplo, dado que em muitas jurisdições o abastecimento público de água tem prioridade sobre tudo, o que aconteceria se os data centers fossem desligados durante uma seca?”, questionou, admitindo não ter resposta para isso.
“Os centros de dados tendem a ser construídos em climas áridos ou semiáridos, porque esse é o ambiente preferido para os servidores; mas essas áreas também são suscetíveis à escassez de água ou à seca”, acrescentou.
Um porta-voz da Comissão Europeia, braço executivo da UE, afirmou que as políticas da Iniciativa Conjunta Europeia de Computação de Alto Desempenho (EuroHPC JU) incluem a escolha de locais para fábricas de IA com base em critérios que priorizam eficiência energética e sustentabilidade ambiental.
“A computação verde continuará a ser promovida por meio de supercomputadores energeticamente eficientes e otimizados para IA, utilizando técnicas como economia dinâmica de energia e reaproveitamento do calor produzido por meio de sistemas avançados de resfriamento e reciclagem”, afirmou o porta-voz à CNBC por e-mail.
A UE citou o novo supercomputador “JUPITER”, localizado em Jülich, na Alemanha, como “um exemplo de excelência europeia” em eficiência energética, observando que o sistema opera inteiramente com energia renovável e conta com tecnologias “de ponta” em refrigeração e reaproveitamento de energia.
Em Aragão, região de forte escassez de água no nordeste da Espanha, a Amazon planeja abrir três centros de dados. O projeto — que, segundo a gigante americana, criará milhares de empregos — tem gerado tensão entre agricultores locais e ativistas ambientais.
No Reino Unido, a pequena vila inglesa de Culham foi escolhida como a primeira das chamadas “zonas de crescimento de IA” do governo britânico. A designação do local, no condado de Oxfordshire e próximo a um dos primeiros novos reservatórios do país em 30 anos, despertou temores de que possa pressionar ainda mais o abastecimento de água local.
Nick Kraft, analista sênior do Eurasia Group, disse que localidades “extremamente áridas” e sob alto estresse hídrico estão sendo escolhidas em toda a Europa para o desenvolvimento de novos centros de dados.
“O que complica o problema é o fato de que o entendimento mais comum sobre o uso de água em data centers — e normalmente o que as empresas reportam ao se comunicar com as comunidades locais — é o consumo no local, ou seja, a água usada para resfriamento”, afirmou Kraft em e-mail à CNBC.
“Isso apesar de mais da metade da pegada hídrica dos centros de dados ocorrer fora do local, na geração de energia e na fabricação de semicondutores”, acrescentou.
Segundo ele, há sinais de que os operadores desses centros estão amadurecendo em relação à gestão da água, mas avaliar a pegada hídrica total dos projetos continuará sendo um grande desafio.
Análise publicada pela S&P Global no mês passado indicou que a exposição média da indústria de data centers ao estresse hídrico tende a ser alta nesta década, com países do sul da Europa — como Espanha e Grécia — entre os que devem enfrentar as situações mais críticas.
Michael Winterson, secretário-geral da Associação Europeia de Centros de Dados (EUDCA), que representa os operadores do setor no continente, afirmou que o consumo de água é uma preocupação levada a sério pela indústria.
“O tratamento e a coleta de água agora são práticas padrão para nós. E há inovações contínuas nessa área, que reduzem o consumo de energia e de água, além de praticamente eliminar o uso de produtos químicos”, disse Winterson à CNBC.
Segundo ele, o “próximo grande passo” que a EUDCA quer dar na Europa — onde o setor costuma ficar atrás dos Estados Unidos — é o uso de água não potável, ou seja, imprópria para consumo humano, mas adequada para processos industriais.
“Isso reduz o uso de produtos químicos e de energia para obtenção de água e preserva a água potável para seu propósito principal”, explicou.
Diversos operadores de data centers afirmam que o alto consumo de energia de suas tecnologias os impulsiona a buscar inovações sustentáveis. As empresas costumam utilizar a métrica water usage effectiveness (WUE) — eficácia no uso de água — para medir a eficiência hídrica dos centros, embora o indicador tenha limitações.
A Microsoft vem testando projetos de data centers que, segundo a empresa, consomem zero água para resfriamento, enquanto a Start Campus afirma que sua unidade em Sines, Portugal, alcança WUE zero ao reciclar água do mar em seus sistemas.
O secretário-geral da EUDCA também ressaltou a importância dos data centers para a economia digital da região.
“Estamos falando de trilhões de dólares em PIB e milhões de empregos tecnológicos só na Europa — que, em média, pagam salários significativamente superiores às médias nacionais. Um data center de 20 megawatts consome quantidade de água semelhante à de um campo de golfe! Quanto PIB os campos de golfe geram? Que tipo de empregos criam?”, questionou Winterson.
Parlamentares europeus já haviam alertado sobre a crise hídrica crescente na região, destacando a urgência de lidar com questões como escassez, segurança alimentar e poluição — num momento em que a Europa é o continente que mais rapidamente se aquece no planeta.
A Agência Europeia do Meio Ambiente afirmou, no fim do mês passado, que os recursos hídricos da região estão sob “forte pressão”, com o estresse hídrico afetando um terço da população e do território europeu.
Considerando o aumento explosivo da demanda por IA, Laura Ramsamy, especialista em clima e riscos na plataforma de dados Climate X, disse que a expansão de novos data centers de grande escala em áreas já afetadas pela escassez hídrica “está agravando o problema”.
Na Holanda, em 2022, a Meta suspendeu os planos de construir um grande data center em Zeewolde após protestos ambientais, principalmente por causa do alto consumo de energia e água.
A Irlanda, que há anos incentiva a expansão desses centros para impulsionar a indústria de IA, também tem sido alvo de críticas de grupos ambientais, já que muitos desses complexos estão concentrados na região de Dublin.
Tanto a Holanda quanto a Irlanda impuseram, recentemente, proibições efetivas à construção de novos data centers nos próximos anos, devido a preocupações com a capacidade das redes elétricas e os impactos ambientais.
Um porta-voz do Departamento de Clima, Energia e Meio Ambiente da Irlanda afirmou que a construção e operação de centros de dados “contribuíram positivamente” para a economia irlandesa na última década.
“Como em todos os setores da nossa economia, a operação e o desenvolvimento dos centros de dados estão sujeitos aos objetivos climáticos legalmente vinculantes da Irlanda e à necessidade de manter uma segurança energética robusta”, afirmou.
“Entende-se que os maiores centros de dados na Irlanda utilizam principalmente sistemas de resfriamento a ar, e não a água. Isso diferencia o país de muitos outros locais globais de data centers”, acrescentou.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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