Estresse no trabalho cai no Brasil, mas crescimento profissional ainda enfrenta barreiras, mostra pesquisa

O Brasil é o país da América Latina que registrou a maior redução nos níveis de estresse no trabalho, segundo o estudo People at Work 2025, do ADP Research. Entre 2023 e 2024, o índice de estresse negativo no país caiu de 14% para 8%. Apesar da melhora, os trabalhadores ainda enfrentam dificuldades para prosperar no ambiente profissional.

A pesquisa, que acompanhou tendências desde a pandemia de Covid-19, mostra que o estresse negativo, quando o indivíduo se sente ameaçado ou sobrecarregado e isso prejudica desempenho e bem-estar, caiu globalmente de 19% em 2021 para 7,5% em 2024.

Para a diretora de pesquisa de Pessoas e Desempenho do ADP Research, Mary Hayes, a redução no estresse está ligada à percepção de sobrecarga. “À medida que a frequência do estresse negativo diminui, cresce a chance de os funcionários prosperarem”, afirma.

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O estudo classifica os trabalhadores em três categorias: prosperando, abalados ou sobrecarregados. Enquanto colaboradores expostos ao distresse diário têm maior probabilidade de se sentir sobrecarregados, aqueles que percebem a pressão do trabalho como eustresse, estresse associado à motivação e satisfação, apresentam maior engajamento, resiliência e menor rotatividade.

Globalmente, 32% dos trabalhadores que vivenciam estresse diário relatam sentir-se sobrecarregados, enquanto apenas 7% afirmam prosperar. Entre os que experimentam estresse mínimo, 34% dizem estar prosperando, frente a 11% sobrecarregados.

Entre os países com maior distresse estão Suécia (24%), República Tcheca (23%) e Japão (14%). Já os menores índices foram registrados na China (3%), África do Sul (3%) e Países Baixos (5%).

No lado positivo, a China lidera com 40% de trabalhadores prosperando, seguida pela América Latina (34%) e América do Norte (23%). Singapura registrou o maior aumento na proporção de funcionários prosperando, passando de 11% para 26%, enquanto a Coreia do Sul apresentou o menor índice (15%).

O relatório também aponta disparidades por gênero e idade. Mulheres relatam níveis de estresse ligeiramente mais altos (10%) que homens (8%). Na América Latina, profissionais de 40 a 54 anos são os mais afetados, enquanto na América do Norte o grupo mais impactado tem entre 27 e 39 anos.

A percepção de julgamento no trabalho também influencia a experiência de estresse. Cerca de 32% dos entrevistados afirmaram sentir-se observados ou julgados, especialmente em ambientes híbridos e remotos, reduzindo em até 3,4 vezes a probabilidade de prosperar.

No Oriente Médio e África, 36% dos trabalhadores relataram sentir-se julgados; na América Latina, esse índice foi de 29%, o menor entre as regiões.

“A ausência de estresse negativo não garante prosperidade. Relações de confiança, liberdade e flexibilidade também impactam o bem-estar e a retenção de funcionários”, ressalta a economista-chefe do ADP Research, Nela Richardson.

O People at Work 2025 se baseia na pesquisa global da força de trabalho do ADP Research, com quase 38 mil adultos empregados em 34 mercados de seis continentes. O levantamento analisa percepções sobre estresse, prosperidade e bem-estar, abrangendo diferentes setores, níveis de educação, tipos de trabalho e funções profissionais.

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Naty.Falla

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