A Ford Motor relatou uma receita do segundo trimestre que superou as expectativas na quarta-feira (30) e restabeleceu sua orientação para o ano inteiro, que inclui um impacto líquido estimado de US$ 2 bilhões em tarifas.
A montadora suspendeu sua projeção anual em maio devido às tarifas de automóveis impostas pelo presidente Donald Trump. Na época, a Ford previu um impacto de US$ 2,5 bilhões em tarifas neste ano, mas afirmou que conseguiria compensar US$ 1 bilhão desse total por meio de medidas de mitigação.
Sua nova estimativa reflete um impacto total de US$ 3 bilhões em tarifas, mas a empresa ainda estima que pode compensar US$ 1 bilhão disso.
A diretora financeira Sherry House disse em uma teleconferência com a imprensa que a Ford tem mantido “comunicações quase diárias” com o governo Trump e tem tido “conversas construtivas”. Ela disse que as tarifas sobre aço e alumínio têm sido um foco.
Ela disse que a Ford viu aumentos de preços no segmento de varejo de cerca de 1% e disse que espera que esse aumento se mantenha pelo resto do ano.
A nova projeção inclui um lucro ajustado antes de juros e impostos de US$ 6,5 bilhões a US$ 7,5 bilhões, abaixo da faixa pré-tarifária divulgada em fevereiro, de US$ 7 bilhões a US$ 8,5 bilhões. O fluxo de caixa livre ajustado é estimado em US$ 3,5 bilhões a US$ 4,5 bilhões, em linha com a projeção anterior. A empresa também prevê investimentos de capital de cerca de US$ 9 bilhões, em comparação com a faixa anterior, de US$ 8 bilhões a US$ 9 bilhões.
“Nosso desempenho no segundo trimestre mostra o poder do plano Ford+ [de recuperação] e a execução contínua de custos e qualidade”, disse o CEO Jim Farley em um comunicado.
As tarifas de 25% impostas por Trump sobre veículos importados e muitas peças automotivas permanecem em vigor. Embora o governo Trump tenha anunciado alguns acordos específicos para cada país e feito alterações em seus impostos relacionados ao setor automotivo — incluindo o reembolso de algumas peças americanas às montadoras e a redução da acumulação de tarifas entre si para o setor —, as montadoras ainda estão lidando com o efeito das tarifas em seus resultados financeiros.
Farley disse nesta primavera que essas mudanças foram úteis, mas mais ações eram necessárias.
O impacto tarifário estimado pela Ford é notavelmente menor do que o previsto por sua rival General Motors, já que a Ford tem uma presença maior nos EUA e importa menos veículos do que a GM. Na semana passada, a GM reiterou que espera entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões em impactos tarifários em 2025. Somente no segundo trimestre, a GM informou ter sofrido um impacto de US$ 1,1 bilhão.
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Veja o desempenho da empresa no segundo trimestre, em comparação com as estimativas médias compiladas pela LSEG:
- Lucro por ação: 37 centavos ajustados. Não ficou imediatamente claro se isso era comparável aos 33 centavos esperados
- Receita automotiva: US$ 46,94 bilhões contra US$ 43,21 bilhões esperados
No segundo trimestre, a Ford relatou uma receita total, incluindo seus negócios financeiros, de US$ 50,2 bilhões, um aumento de 5% em relação aos US$ 47,81 bilhões do segundo trimestre de 2024. A receita automotiva no mesmo trimestre do ano anterior foi de US$ 44,81 bilhões.
O lucro ajustado antes de juros e impostos foi de US$ 2,14 bilhões, em comparação com US$ 2,76 bilhões no ano anterior. Esse total inclui US$ 800 milhões em impactos tarifários adversos. Analistas de Wall Street esperavam US$ 1,89 bilhão, segundo a StreetAccount.
A montadora reportou um prejuízo líquido de US$ 36 milhões, relacionado a “encargos especiais” de uma ação de serviço de campo e despesas com o cancelamento de um programa de veículos elétricos anunciado anteriormente. Seu lucro líquido no mesmo período do ano passado foi de US$ 1,83 bilhão.
Este mês, a montadora anunciou um recall de mais de 694.000 SUVs crossover, o que a Ford disse na época que custaria à empresa cerca de US$ 570 milhões e seria refletido em seus resultados do segundo trimestre.
House disse em uma teleconferência com repórteres que a cobrança de US$ 570 milhões está incluída nessas “cobranças especiais”, impactando o prejuízo líquido.
As operações tradicionais “Azul” da Ford registraram queda de 3% na receita e EBIT de US$ 661 milhões, abaixo dos US$ 1,17 bilhão registrados no mesmo período em 2024. Na coletiva de imprensa, House chamou seu negócio comercial “Pro” de “motor de crescimento” da empresa. Esse segmento registrou um aumento de 11% na receita.
O negócio de veículos elétricos “Modelo e” da Ford perdeu US$ 1,33 bilhão no segundo trimestre, em comparação com um prejuízo de US$ 1,15 bilhão em 2024.
A Ford registrou fortes vendas no segundo trimestre de 2025, totalizando 612.095 veículos, um aumento de 14,2% em relação ao ano anterior. As vendas de veículos eletrificados totalizaram 82.886 no trimestre, um aumento de 6,6% em relação a 2024. Os veículos elétricos puros tiveram uma queda de 31,4%, enquanto os híbridos subiram 23,5%.
Os investidores estarão atentos durante a teleconferência de resultados de quarta-feira para comentários sobre os planos de veículos elétricos da Ford, especialmente seu modelo e, já que o novo projeto de lei de impostos e gastos de Trump deve acabar com os créditos fiscais para veículos elétricos novos e usados após 30 de setembro.
As ações da Ford subiram cerca de 9% no acumulado do ano, até o fechamento de quarta-feira.
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