A Ford Motor superou as expectativas de lucro do terceiro trimestre de Wall Street, mas reduziu sua projeção para 2025 devido aos impactos de um incêndio em um fornecedor, que interrompeu a produção de seus caminhões grandes e SUVs altamente lucrativos.
A montadora de Detroit informou que o incêndio, ocorrido no mês passado em uma fábrica da Novelis, fornecedora de alumínio localizada em Nova York, deve custar entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões. A empresa, no entanto, espera mitigar grande parte dessas perdas ainda neste ano e no próximo, principalmente ao aumentar a produção dos veículos afetados assim que os suprimentos estiverem mais disponíveis.
As ações da Ford caíram inicialmente durante o pregão prolongado de quinta-feira, mas depois subiram cerca de 4%. Os papéis fecharam a US$ 12,34 por ação nesta quinta-feira (23) e acumulam alta de 24% no ano.
A Ford afirmou que o custo total do incêndio para seus negócios deverá ser inferior a US$ 1 bilhão até o próximo ano, após anunciar, também na quinta-feira, planos para “aumentar significativamente” a produção de picapes nos Estados Unidos.
O plano inclui a contratação de 1.000 trabalhadores no início do próximo ano para as fábricas que produzem esses veículos em Michigan e Kentucky. A montadora espera que a produção adicional recupere 50.000 unidades de picapes em 2026.
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“Estamos trabalhando intensamente com a Novelis e outras empresas para obter alumínio que possa ser processado na seção de laminação a frio da planta, que permanece operacional, enquanto também trabalhamos para restaurar a produção geral da unidade. Fizemos progressos substanciais em um curto espaço de tempo para minimizar o impacto em 2025 e retomar a produção em 2026”, disse o CEO da Ford, Jim Farley, em comunicado.
O diretor de operações da Ford, Kumar Galhotra, afirmou que o incêndio ocorreu em uma das três principais áreas da planta — um laminador a quente — e que as áreas não afetadas continuaram operando. A previsão é que a parte atingida da unidade seja reativada no final de novembro ou início de dezembro, disse ele.
A nova orientação da Ford para 2025 prevê lucros ajustados antes de juros e impostos (EBIT) entre US$ 6 bilhões e US$ 6,5 bilhões, abaixo da faixa anterior de US$ 6,5 bilhões a US$ 7,5 bilhões definida em julho; fluxo de caixa livre ajustado de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões, ante US$ 3,5 bilhões a US$ 4,5 bilhões anteriormente, e gastos de capital de aproximadamente US$ 9 bilhões, que permanecem inalterados.
A CFO da Ford, Sherry House, disse que, sem o incêndio no fornecedor, a empresa planejava aumentar sua projeção para 2025 para mais de US$ 8 bilhões em EBIT ajustado, em vez de reduzi-la.
Veja o que Wall Street esperava, com base nas estimativas médias dos analistas compiladas pela LSEG:
- Lucro por ação: 45 centavos ajustados vs. 36 centavos esperados
- Receita automotiva: US$ 47,19 bilhões contra US$ 43,08 bilhões esperados
A Ford afirmou que não houve impacto material nos resultados do terceiro trimestre devido ao incêndio, mas que o episódio afetará o desempenho do quarto trimestre.
A montadora também informou que deve receber um impulso positivo no quarto trimestre, em razão de um impacto tarifário menor, após as mudanças anunciadas na sexta-feira pelo governo Trump, que incluíram a extensão de uma compensação tarifária de 3,75% sobre o valor dos veículos fabricados nos Estados Unidos.
A Ford reduziu seus custos tarifários esperados em US$ 1 bilhão, para cerca de US$ 2 bilhões, metade dos quais a montadora espera compensar por meio de outras medidas.
A receita da Ford no terceiro trimestre, incluindo seu braço financeiro, foi de US$ 50,5 bilhões, um recorde trimestral e um aumento de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro líquido no trimestre foi de US$ 2,4 bilhões, acima dos US$ 900 milhões registrados um ano antes, enquanto o lucro ajustado antes de juros e impostos permaneceu estável em US$ 2,6 bilhões. Ambos os resultados incluíram um impacto tarifário líquido adverso de US$ 700 milhões durante o trimestre.
Os lucros ajustados excluem itens únicos ou especiais, além de juros e impostos, bem como outros dados financeiros considerados não essenciais às operações da empresa.
“Nosso desempenho no trimestre demonstra que o plano Ford+ está apresentando melhorias consistentes. Nossos negócios estão se tornando mais fortes, mais eficientes, mais ágeis e mais duráveis”, afirmou House à imprensa na quinta-feira.
O plano Ford+ é uma estratégia de recuperação e redução de custos liderada por Farley, que assumiu o comando da montadora há mais de cinco anos. A empresa reiterou que permanece no caminho certo para cortar US$ 1 bilhão em custos neste ano como parte do plano.
Os resultados do terceiro trimestre da Ford foram impulsionados por seus negócios comerciais e de frotas “Pro”, que registraram um EBIT de quase US$ 2 bilhões, um aumento de US$ 172 milhões em relação ao ano anterior. Suas operações tradicionais, conhecidas como “Ford Blue”, obtiveram um lucro EBIT de US$ 1,54 bilhão, enquanto os negócios de veículos elétricos “Model e” apresentaram crescimento — com aumento de receita e redução gradual de prejuízos.ejuízo em US$ 179 milhões em comparação com o ano anterior, para US$ 1,41 bilhão.
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