O plano de Mark Zuckerberg é fazer da Meta a líder de mercado em inteligência artificial. Investidores querem saber como as políticas comerciais focadas em tarifas do presidente Donald Trump vão impactar essa estratégia.
Essas respostas podem começar a surgir já esta semana, com a estratégia de IA da Meta tomando o centro das atenções: a empresa sediará na terça-feira (29) sua primeira conferência de desenvolvedores com a marca Llama e divulgará seus resultados trimestrais no dia seguinte.
Empresas de tecnologia já começaram a comentar sobre o impacto que esperam das tarifas de Trump.
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O diretor financeiro da Intel, David Zinsner, disse na quinta-feira (24), durante a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, que as políticas comerciais dos EUA “aumentaram a chance de uma desaceleração econômica, com a probabilidade de uma recessão crescendo.”
Enquanto isso, a diretora financeira do Google, Anat Ashkenazi, afirmou no mesmo dia, também em conferência de resultados do primeiro trimestre, que a gigante da tecnologia continua comprometida com seu investimento de US$ 75 bilhões em despesas de capital (capex) este ano, mas reconheceu que o “timing das entregas e dos cronogramas de construção” pode causar flutuações nos gastos de trimestre para trimestre.
Por enquanto, analistas esperam que a Meta siga o exemplo da Alphabet e mantenha seu plano de gastar até US$ 65 bilhões em capex para infraestrutura de IA este ano, quando divulgar seus resultados na quarta-feira. Alguns analistas acreditam que a Meta pode até aumentar esse valor, já que a IA é uma prioridade central para a empresa.
“Não esperamos que a META reduza sua orientação de capex de US$ 60 bilhões para US$ 65 bilhões em 2025 para sua infraestrutura de GenAI, porque eles veem isso como um investimento importante de 10 anos, acreditamos,” escreveram analistas da Needham em nota de pesquisa publicada na quarta-feira. “No entanto, as tarifas aumentam os riscos de revisões de custos para cima.”
Os investidores também estarão atentos ao evento LlamaCon, no escritório da Meta em Menlo Park, Califórnia, buscando sinais de que os investimentos em IA estejam gerando impacto imediato nos negócios. Esta será a primeira vez que a Meta realizará uma conferência de desenvolvedores focada exclusivamente em sua família de modelos de IA Llama.
“Os investidores querem ver retorno sobre todos esses investimentos em IA, e embora a Meta tenha mostrado benefícios claros ao usar IA para melhorar seus produtos e acelerar o crescimento da receita, tem sido difícil quantificar esses benefícios,” disse o analista Youssef Squali, da Truist Securities, à CNBC.
Em abril, a Meta lançou alguns dos novos modelos Llama 4, que, segundo Chris Cox, diretor de produto da empresa, podem ajudar a alimentar os chamados agentes de IA que realizam tarefas para os usuários via navegadores e outras interfaces online.
É fundamental que a Meta continue melhorando o Llama para criar um grande negócio envolvendo agentes de IA que empresas possam usar para interagir com seus clientes em aplicativos como Facebook e WhatsApp, afirmou o analista Ralph Schackart, da William Blair.
“A Meta tem uma vantagem de pioneira em escala em um mercado de múltiplos trilhões de dólares,” disse Schackart em um e-mail. “Acreditamos que a Meta está muito bem posicionada para aproveitar seus bilhões de usuários globais em múltiplas plataformas.”
É improvável que a Meta reduza seus investimentos no Llama tão cedo, mas, eventualmente, deveria considerar essa possibilidade caso não consiga gerar receita suficiente para justificar os custos, disse Ken Gawrelski, diretor-gerente de pesquisa de ações do Wells Fargo.
“Acreditamos que, ao longo do tempo, a Meta precisa continuar avaliando se o Llama precisa ser competitivo com os modelos mais avançados,” disse Gawrelski. “É uma proposta muito cara e, até agora, ao contrário do Google, a Meta não monetiza seu modelo de forma significativa.”
Meta AI e o consumidor
Analistas também estão acompanhando de perto o assistente digital Meta AI, já que ele representa o segundo pilar da estratégia de IA de Zuckerberg.
Zuckerberg afirmou em janeiro que acredita que 2025 “será o ano em que um assistente de IA altamente inteligente e personalizado chegará a mais de 1 bilhão de pessoas, e espero que o Meta AI seja esse assistente líder.”
Em fevereiro, a CNBC informou que a Meta planejava lançar um aplicativo independente do Meta AI no segundo trimestre e testar um serviço de assinatura paga, em que usuários poderiam pagar mensalmente para acessar versões mais poderosas, como acontece com o ChatGPT.
Embora a enorme base de usuários da Meta em sua família de aplicativos dê ao Meta AI uma vantagem sobre rivais como o ChatGPT em termos de alcance, os usuários podem não interagir com o Meta AI da mesma maneira que fazem com outros aplicativos de bate-papo, disse o analista Deepak Mathivanan, da Cantor Fitzgerald.
Gawrelski disse que as pessoas podem não querer usar o Meta AI dentro do Facebook e do Instagram se tudo o que querem é assistir passivamente aos vídeos curtos recomendados pelos algoritmos da Meta.
“É por isso que um aplicativo separado para o Meta AI, onde a Meta poderia articular claramente seu caso de uso e proposta de valor, poderia ser útil,” afirmou Gawrelski.
Um aplicativo independente do Meta AI poderia ajudar a empresa a divulgar melhor o assistente digital e diferenciá-lo dos concorrentes, disse Debra Aho Williamson, fundadora e analista-chefe da Sonata Insights.
“O ChatGPT tem uma consciência de marca tão ampla que se tornou uma espécie de fosso que em breve será muito difícil de superar,” disse Williamson.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
