Uma das bebidas mais populares do Carnaval, a cerveja pode sofrer os impactos da inflação neste ano, segundo um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Os principais produtos e serviços consumidos para a festa nas capitais Recife, Rio de Janeiro e Salvador apresentaram elevação média de preço de 4,42% no acumulado dos últimos 12 meses.
A alta é considerada relevante em relação ao ano anterior, quando a inflação da festividade nesses lugares ficou em −1,83%.
Cervejas e chopps acumularam alta de 4,39% no Rio de Janeiro, 2,63% no Recife e 2,53% em Salvador, segundo a FGV.
Para o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), a inflação e a alta nos preços podem impactar o consumo da bebida no país durante as festividades, assim como em qualquer outra época do ano.
A instituição representa as empresas responsáveis por mais 85% da produção de cerveja no Brasil — setor que contribui com cerca de R$ 50 bilhões em geração de impostos anuais em toda a cadeia produtiva.
“O poder de compra do consumidor é um fator determinante para o setor e, quando há aumento dos custos, seja na produção, na distribuição ou na tributação, isso pode refletir no preço final da cerveja”, diz Márcio Maciel, presidente-executivo da instituição.
No entanto, Maciel avalia que o Carnaval é um momento de grande celebração no Brasil e a bebida está profundamente ligada à cultura da festa.
“Assim, mesmo diante de um cenário de preços mais altos, os consumidores costumam ajustar seus hábitos, optando por embalagens mais econômicas, aproveitando promoções e até mudando de local de compra para equilibrar o orçamento”, afirma.
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Cerveja e Carnaval: uma relação ‘de milhões’
O Carnaval é considerado um dos períodos mais relevantes para o setor cervejeiro, exercendo um impacto significativo no faturamento anual da indústria no Brasil e movimentando milhares de consumidores em todo o país.
Segundo Maciel, além do impacto direto no volume de vendas, as festividades também fortalecem a visibilidade das marcas, que investem para engajar o público e reforçar a conexão da cerveja com a experiência de celebração.
“Algumas estimativas apontam que as vendas no carnaval podem representar um percentual expressivo do faturamento anual do setor, ficando atrás apenas das festas de fim de ano e do verão como um todo”, afirma.
Ainda segundo o executivo, alguns fatores podem influenciar as vendas de cerveja no Carnaval, como:
- Clima quente, o que estimula o consumo de bebidas geladas;
- Cenário econômico, com o poder de compra do consumidor influenciando diretamente o volume de vendas;
- Logística e distribuição, permitindo que a cerveja chegue gelada ao consumidor no momento certo;
- Política de preços e promoções, com estratégias promocionais das marcas e disponibilidade de diferentes opções de cerveja, como latas de diferentes tamanhos e categorias premium;
- Tendências de consumo responsável, com fortalecimento das campanhas de consumo consciente.
Cerveja sem álcool: oportunidade para o Carnaval
Segundo a Sindicerv, a venda de cervejas sem álcool ou com baixo teor alcoólico tem crescido de forma consistente nos últimos anos — foram 649,9 milhões de litros comercializados em 2023 —, e o Carnaval representa uma oportunidade importante para esse segmento.
“O consumidor brasileiro está cada vez mais atento ao equilíbrio entre diversão e bem-estar, e essa tendência impulsiona a busca por opções que permitam prolongar a celebração sem excessos”, diz Márcio Maciel, presidente-executivo da instituição.
“As perspectivas para esse período são positivas, pois observamos um aumento da oferta e da diversidade de produtos nessa categoria. As cervejas sem álcool ou com baixo teor alcoólico são uma escolha interessante para quem deseja alternar entre diferentes tipos de bebidas ao longo da festa, mantendo a experiência sem comprometer a moderação”, afirma.
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