A construção residencial sempre foi uma das indústrias mais lentas para se modernizar, e a construção comercial não fica muito atrás. Sua escala é enorme, mas ainda assim permanece como uma das indústrias menos digitalizadas do mundo.
Essa falta de inovação na tecnologia comercial contribui para a documentação desatualizada e erros em tarefas que precisam ser refeitas, além de causar entraves administrativos. Isso consome muito tempo, orçamento e materiais, podendo resultar em atrasos caros e desperdício ambiental desnecessário.
No total, isso contribui para quase US$ 1 trilhão em perda de produtividade anualmente, segundo um relatório de agosto de 2024 do McKinsey Global Institute. Historicamente, empresas de construção gastam em média menos de 1% da receita em TI, menos de um terço do que é comum nos setores automotivo e aeroespacial, segundo o relatório.
Sarah Buchner aprendeu tudo isso, na prática. Filha de um carpinteiro na Áustria, ela veio para os EUA para aprender construção e foi avançando na carreira, até se tornar encarregada, supervisora e, por fim, empreiteira.
“No auge, eu gerenciava um arranha-céu de 400 milhões de dólares, com 600 pessoas trabalhando para mim na obra. E naquele canteiro específico, tive uma fatalidade, que na construção infelizmente acontece com frequência,” ela disse. “Mas eu era, acho, muito jovem e não consegui processar completamente o que estava acontecendo.”
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Então, Buchner decidiu criar um aplicativo de saúde e segurança, mudando de carreira da construção para software e tecnologia na construção.
Uma década depois, com a proliferação da IA, ela lançou a Trunk Tools, uma plataforma de IA generativa treinada com fluxos reais de trabalho da construção. A plataforma automatiza algumas das tarefas mais tediosas, identifica riscos em projetos e simplifica documentos.
“Pegamos toda a documentação não estruturada de um canteiro de obras e usamos diferentes ferramentas de IA e aprendizado de máquina para reestruturá-la,” explicou Buchner, destacando que um projeto médio de arranha-céu em Nova York, com custo de cerca de meio bilhão de dólares, demandaria cerca de 3,5 milhões de páginas de documentação.
“Essas páginas mudam a cada dia, porque o planejamento não está finalizado quando a construção começa,” disse Buchner.
Por isso, os empreiteiros frequentemente recebem ordens conflitantes e não conseguem buscar nos documentos para esclarecer. Por exemplo, na instalação de uma porta de saída de emergência, um conjunto de dados indica que ela precisa de eletricidade, mas os desenhos elétricos não mostram uma tomada naquele local. Discrepâncias nos dados, diz Buchner, não só desperdiçam dinheiro como também aumentam as emissões de carbono devido a ineficiências no trabalho.
A tecnologia da Trunk Tools pode processar milhões de documentos não estruturados, desde plantas a desenhos, cronogramas e especificações, e então retorná-los em um formato mais claro para que os trabalhadores possam seguir melhor. A startup está em parceria com a Microsoft para integrar a tecnologia à suíte de soluções da empresa.
A Trunk Tools anunciou recentemente uma rodada de financiamento Série B de 40 milhões de dólares, liderada pelo investidor global em software Insight Partners, com participação da Redpoint Ventures, Innovation Endeavors, StepStone, Liberty Mutual Strategic Ventures e Prudence. Esse investimento eleva o total captado para 70 milhões de dólares.
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