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Enquanto tenta alcançar a OpenAI, Anthropic enfrenta pressão do governo dos EUA

Publicado 19/10/2025 • 19:01 | Atualizado há 3 horas

KEY POINTS

  • A Anthropic está crescendo rápido na tentativa de alcançar a OpenAI, que já atingiu o valor de mercado de US$ 500 bilhões (R$ 2,7 trilhões) e se uniu a algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo.
  • Ao mesmo tempo, a empresa também está enfrentando o governo dos EUA, com o "czar" de IA e cripto David Sacks fazendo críticas públicas à empresa.
  • "A Anthropic está executando uma estratégia sofisticada de captura regulatória baseada em espalhar medo", escreveu Sacks no X esta semana.

FABRICE COFFRINI / AFP

O CEO da Anthropic, Dario Amodei, participa de uma sessão de discussão sobre IA durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, em 23 de janeiro de 2025.

A startup de inteligência artificial Anthropic está fazendo de tudo para não ficar para trás da OpenAI, que gasta dinheiro como nunca antes, impulsionada por investimentos da Microsoft e da Nvidia. Mas, ultimamente, a empresa do CEO Dario Amodei, tem enfrentado um adversário tão duro quanto: o governo dos Estados Unidos.

David Sacks, investidor de risco que atua como “czar” de IA e cripto do presidente Donald Trump, tem criticado publicamente a Anthropic, dizendo que a empresa faz campanha para apoiar “a visão da esquerda sobre a regulação da IA”.

Depois que Jack Clark, cofundador da Anthropic e chefe de políticas da startup, publicou esta semana um artigo chamado “Otimismo Tecnológico e o Medo Apropriado”, Sacks partiu para o ataque contra a empresa no X.

“A Anthropic está executando uma estratégia sofisticada de captura regulatória baseada em espalhar medo”, escreveu Sacks na última terça-feira (14).

Enquanto isso, a OpenAI se consolidou como parceira da Casa Branca desde o início do segundo mandato de Trump. No dia 21 de janeiro, logo após a posse, o presidente dos EUA anunciou uma parceria chamada Stargate com OpenAI, Oracle e Softbank para investir bilhões de dólares na infraestrutura de IA do país.

As críticas de Sacks à Anthropic atingem o coração da empresa e o motivo de sua fundação. Os irmãos Dario e Daniela Amodei saíram da OpenAI no fim de 2020 para criar a Anthropic, com a missão de desenvolver uma IA mais segura. A OpenAI começou como um laboratório sem fins lucrativos em 2015, mas logo mudou o foco para o lado comercial, recebendo grandes aportes da Microsoft.

Hoje, as duas são as startups de IA privadas mais valorizadas dos Estados Unidos: a OpenAI vale US$ 500 bilhões (R$ 2,7 trilhões) e a Anthropic já chega a US$ 183 bilhões (R$ 988,9 bilhões). A OpenAI lidera o mercado de IA para consumidores com os aplicativos ChatGPT e Sora, enquanto os modelos Claude da Anthropic são bastante procurados por empresas.

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Posições divergentes sobre regulação da IA

Quando o assunto é regulação, as duas empresas pensam de forma bem diferente. A OpenAI defende menos restrições, enquanto a Anthropic é contra parte dos esforços do governo Trump para limitar proteções.

A Anthropic já se posicionou várias vezes contra tentativas do governo federal de impedir que os estados criem suas próprias regras para IA — principalmente uma proposta apoiada por Trump que bloquearia essas leis estaduais por 10 anos.

Essa ideia, que fazia parte do rascunho do projeto de lei chamado “Big Beautiful Bill,” acabou sendo deixada de lado.

Depois, a startup apoiou o projeto SB 53 da Califórnia, que exige mais transparência e divulgação de informações de segurança das empresas de IA — exatamente o oposto do que quer a administração Trump.

“As exigências de transparência do SB 53 vão ter um impacto importante na segurança das IAs mais avançadas”, escreveu a Anthropic em seu blog em 8 de setembro. “Sem isso, os laboratórios que desenvolvem modelos cada vez mais potentes podem acabar tendo mais incentivos para deixar de lado seus próprios programas de segurança e divulgação, só para competir.”

A Anthropic não quis comentar a reportagem. Sacks também não respondeu ao pedido de comentário.

Debate sobre inovação e concorrência com a China

Para Sacks, o mais importante na IA é inovar o mais rápido possível, para garantir que os EUA não fiquem atrás da China.

“Os Estados Unidos estão numa corrida pela IA, e nosso principal concorrente global é a China”, disse Sacks em uma entrevista no palco da conferência Dreamforce da Salesforce em San Francisco nesta semana. “Eles são o único país que tem talento, recursos e conhecimento tecnológico para basicamente nos superar em IA.”

Mas Sacks nega com todas as letras que esteja tentando prejudicar a Anthropic enquanto defende o avanço da IA nos EUA.

Em uma publicação no X na última quinta-feira (16), Sacks rebateu uma reportagem da Bloomberg que associava seus comentários ao aumento do escrutínio federal sobre a Anthropic.

“Nada poderia estar mais longe da verdade”, escreveu ele. “Há poucos meses, a Casa Branca aprovou o aplicativo Claude da Anthropic para ser usado em todos os órgãos do governo pelo GSA App Store.”

Anthropic e a disputa política nos bastidores

Segundo Sacks, a Anthropic se coloca como uma espécie de “azarão” político, apresentando seus líderes como defensores da segurança pública, enquanto leva ao público a ideia de que qualquer crítica é perseguição partidária.

“A estratégia de relações governamentais e de mídia da Anthropic sempre foi se posicionar como adversária do governo Trump”, afirmou Sacks.

“Mas não adianta reclamar para a imprensa dizendo que está sendo ‘perseguido’, sendo que tudo o que fizemos foi expor um desacordo de políticas públicas.”

Sacks citou vários exemplos do que considera ações de confronto. Ele lembrou que Dario Amodei comparou Trump a um “senhor feudal” durante as eleições de 2024. Amodei também declarou apoio público à campanha de Kamala Harris para presidente.

Sacks ainda mencionou artigos de opinião publicados pela Anthropic contrários a pontos importantes da política de IA do governo Trump, como a proposta de proibir regulações estaduais e certos aspectos da estratégia de exportação de chips para o Oriente Médio. Além disso, a startup contratou pessoas que trabalharam no governo Biden para comandar sua equipe de relações governamentais, destacou Sacks.

O czar de IA se irritou especialmente com o texto de Clark e seus alertas sobre o poder transformador e potencialmente desestabilizador da IA.

“Na minha experiência, à medida que esses sistemas de IA ficam mais inteligentes, eles desenvolvem objetivos cada vez mais complexos. Quando esses objetivos não estão totalmente alinhados com nossas preferências e com o contexto certo, os sistemas de IA podem agir de forma estranha”, escreveu Clark. “Outra razão para meu receio é que já consigo enxergar um caminho para esses sistemas começarem a projetar seus próprios sucessores, mesmo que ainda de forma bem inicial.”

Sacks diz que esse tipo de “alarmismo” está travando a inovação.

“Isso é o principal motivo para a onda de regulações estaduais que está prejudicando o ecossistema de startups”, escreveu no X.

A Anthropic também evitou tomar certas atitudes que outras gigantes da tecnologia adotaram para agradar Trump.

Líderes da Meta, OpenAI e Nvidia têm se aproximado de Trump e seus aliados, participando de jantares na Casa Branca, prometendo investir dezenas de bilhões de dólares em infraestrutura nos EUA e adotando um discurso mais suave em público. Segundo a Anthropic confirmou ao The Information, Amodei não foi convidado para um recente jantar na Casa Branca com vários líderes da indústria.

Mesmo assim, a Anthropic mantém contratos importantes com o governo federal, incluindo um acordo de US$ 200 milhões (R$ 1,08 bilhão) com o Departamento de Defesa e acesso a órgãos federais por meio da Administração de Serviços Gerais.

Recentemente, a empresa também criou um conselho consultivo de segurança nacional para alinhar seu trabalho aos interesses dos EUA e passou a oferecer uma versão do seu modelo Claude para clientes do governo por apenas US$ 1 (R$ 5,40) por ano.

Mas Sacks não é o único investidor republicano influente fazendo críticas à Anthropic.

Keith Rabois, cujo marido trabalha no governo Trump, também entrou na discussão esta semana.

“Se a Anthropic realmente acreditasse nesse discurso sobre segurança, eles poderiam simplesmente fechar a empresa”, escreveu Rabois no X.

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